Mais de 100 repórteres e fotógrafos deram seu apoio a um novo artigo de opinião do jornalista da AFP Sammy Ketz, no qual defende a reforma europeia dos direitos autorais contra os gigantes de Internet que tentam fazer que “o texto se esvazie de substância”.

Continua depois da publicidade

“Há dois meses, em 12 de setembro, o Parlamento Europeu aprovou por ampla maioria um projeto de diretriz que finalmente dá esperanças à imprensa e às agências de notícias de serem remuneradas pelos gigantes de Internet”, por meio de um “direito conexo” similar ao direito autoral, e isso “apesar de uma pressão intensa e sem precedentes dos gigantes de Internet”, escreve Sammy Ketz neste artigo publicado nesta terça-feira (11) e apoiado por 103 jornalistas e fotógrafos de toda UE.

A instauração dos direitos conexos busca permitir que jornais, revistas e agências de notícias como a AFP cobrem, se os agregadores de informação, como Google News, ou as redes sociais, como o Facebook, reutilizarem sua produção na Internet.

Quando a reforma estava perto de obter um consenso dentro do chamado “triálogo” (Conselho, Comissão Europeia e Parlamento Europeu), os gigantes de Internet lançaram “uma nova campanha” e “estão em processo de conseguir que o texto se esvazie de substância”, explica o jornalista da AFP, repórter no Oriente Médio e atual diretor da redação de Bagdá.

Continua depois da publicidade

Essas plataformas – escreve Sammy Ketz – tentam excluir da reforma os “snippets” (trechos curtos de matérias que aparecem nos motores de busca, agregadores de informação, ou redes sociais) para deixar de fora as agências de notícias e a imprensa especializada e reduzir a duração da proteção dos direitos conexos.

“Quando um motor de busca, ou agregador, retoma textualmente uma notícia de um jornal, ou de uma agência, o normal é que pague um direito conexo, mesmo quando se tratar de um trecho curto”, alega Sammy Ketz.

Ele cita como exemplo um título como “Atentado suicida em bairro xiita de Bagdá: 32 mortos (polícia, hospital)”, aparentemente simples, mas que, na verdade, para ser redigido precisa de inúmeras verificações feitas por jornalistas de carne e osso, os quais, muitas vezes, trabalham arriscando suas vidas.

Continua depois da publicidade

“Se reproduzir textos de veículos, ou agências, foge dos direitos conexos, porque se trata de trechos (…), tudo o que os editores e agências de notícias investem para levar os fatos ao público é um desperdício total”, e se corre o risco de deixar “todo terreno para aqueles que propagam as notícias falsas”, argumenta.

Jornalistas, como o espanhol Javier Espinosa e a francesa Florence Aubenas, e fotógrafos, como Yann Arthus-Bertrand, subscrevem o artigo, publicado em jornais, páginas de Internet e agências de notícias, incluindo a AFP.

O texto pode ser acessado no link: <http://www.afp.com/es/actualidad-afp/hechos-y-no-noticias-falsas-evitemos-que-acaben-con-los-derechos-afines>.

Continua depois da publicidade

* AFP