A agilidade do jornalista Jean Schutz, 30 anos, na produção e apresentação de seu programa Domingo Especial, impressiona. Em uma hora e meia ele interage com os ouvintes, apresenta notícias, esportes, marca resultados de jogos de futebol, realiza sorteios e promoções. Além disto, atende os dois telefones que não param de tocar por um minuto. E tudo isto sozinho.
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Para dar conta do recado, desenvolveu seu próprio sistema: faz gestos combinados para o operador da mesa de som, grava em um gravador os palpites dos ouvintes sobre os resultados de futebol, e no intervalo digita em sua máquina de braile.
A habilidade e o carisma do jovem seus ouvintes já conhecem. O que a maioria não sabe é que ele é cego.
– Muitos se surpreendem quando vem aqui buscar algum prêmio – conta Jean.
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A produção do programa também é feita por ele durante toda a semana, quando acompanha notícias em sites e rádios, e cria o seu roteiro, todo em braile. Para informar a hora certa aos ouvintes, ele utiliza seu celular, que tem um sistema de voz.
O rapaz nasceu prematuro com seis meses, e por isso não desenvolveu a visão. Desde criança ele já pensava em ser jornalista, e logo que terminou o ensino médio ingressou no curso, na Unisul. Ele conta que foi um dos primeiros alunos cegos da instituição, e que foram necessárias adaptações de ambas as partes.
– Apesar de existir muito preconceito, sempre fui determinado, e nunca me passou pela cabeça desistir.
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Ele conta que para ele é natural e tranquilo fazer o programa, e com o tempo foi se adaptando.
– O desafio maior é conseguir os patrocinadores – diz.
Antes mesmo de concluir a graduação, Jean apresentou o projeto em diversas rádios, e conseguiu o espaço na Mais Alegria, com a condição que ele conseguisse os patrocínios. O programa vai ao ar todos os domingos, das 13h às 14h30, na rádio Mais Alegria AM 1060.