Ao nosso lado. Entre a Assembleia Legislativa, o Tribunal de Justiça, o Fórum da capital e o centro de eventos, perto do Instituto Estadual de Educação (IEE) e do Hospital de Caridade, em frente ao túnel que leva ao aeroporto e às praias do sul da Ilha. Eles estão deitados na grama, em grupos de homens e mulheres com idades variadas, reunidos pelo uso do crack. Cidadãos invisíveis.

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Melhor não enxergar. Melhor deixar quieto. Afinal, não são nossos filhos, amigos ou conhecidos. Não são ninguém! Anestesiados que estamos diante da banalização da insegurança e das ameaças à vida, é preferível ignorar o perigo silencioso do consumo crescente de crack e de todo o flagelo causado por esta droga barata, viciante e destruidora.

Em tempo de patrulha ideológica, é bom que se esclareça que a reflexão proposta não se trata de um debate sobre a liberdade ou a liberação das drogas, nem mesmo sobre classes sociais. Trata-se de perceber que os horrores das cracolândias não estão restritos a São Paulo, Rio e outras metrópoles. Florianópolis cresce despreparada também para lidar com essas questões.

É preciso abrir os olhos e tentar conter o risco anunciado, antes que tenhamos que nos contentar com o tradicional “agora é tarde”. Pior, que sejamos obrigados a ouvir governantes fazerem o jogo do empurra-empurra de responsabilidades, discutindo de quem é a obrigação de cuidar daqueles que lhes confiaram a administração da cidade (a capital), Estado ou país. De quem é a culpa de ter se preocupado mais com os impostos arrecadados ou com as alianças para as próximas eleições.

Inércia e letargia não têm mais vez e sempre resultam num preço alto demais. O desafio é de todos. É um problema social, de saúde, educacional, político, econômico e de segurança. É um problema de humanidade.

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