Um médico pessoal teria desaconselhado o papa Bento XVI a realizar viagens, sobretudo a prevista para julho ao Rio, onde se realizará a Jornada Mundial da Juventude, como forma de amenizar a insônia e a tensão que o acometem há dois anos. A revelação foi feita nesta quarta-feira no blog Vatican Insider, de Marco Tosatti, setorista do Vaticano do jornal La Stampa, explicando a renúncia do pontífice.
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Os últimos dois anos coincidiram com o incremento nas denúncias contra sacerdotes católicos por pedofilia. Os escândalos se multiplicaram nos Estados Unidos, Irlanda e, em menor proporção, em sua pátria, a Alemanha, e na Austrália.
– Reli minhas anotações dos últimos anos sobre a saúde do papa, confidências feitas por pessoas próximas a ele e que eu havia prometido não revelar enquanto ele estivesse ocupando o cargo. Sua demissão me liberou deste compromisso -, explicou o expert. Há dois anos, o Papa “já não conseguia dormir à noite, mas se recusava a tomar tranquilizantes”, escreve o jornalista que explica assim porque Bento XVI “tinha sempre um ar cansado”. Seu médico pessoal teria então indicado que Joseph Ratzinger poderia continuar com suas atividades desde que “tivesse a tensão sob controle”.
– Neste momento a tensão era o principal problema do Papa, pois sua tensão era muito irregular. O médico disse: atenção sobretudo com viagens. Ele insistia que o papa ficasse o mínimo necessário em aviões -, continuou Marco Tosatti.
– Parece-me que foi dito expressamente ao Papa que a viagem para a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro (de 23 a 28 de julho deste ano) deveria ser evitada -, disse o vaticanista.
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Além disso, revela o analista, o Papa demissionário “praticamente não enxerga mais com o olho esquerdo” e “cai da cama durante as viagens, caso o colchão seja muito pequeno”, como aconteceu há dois anos no Vale de Aosta, na Itália. “Ele se cansa rapidamente, tem muita dificuldade para levantar pela manhã, às vezes dorme nove horas seguidas porque precisa de repouso”, escreveu Tosatti.
– Olhando minhas anotações, vejo uma deterioração progressiva da saúde e da energia do Papa, um quadro geral que justifica plenamente a difícil decisão que ele tomou -, concluiu Marco Tosatti.