A Tribuna da Imprensa, jornal fundado por Carlos Lacerda em 1949 e um dos principais instrumentos da oposição da UDN ao segundo governo Getúlio Vargas (1951-1954), encerrado com o suicídio do presidente, anunciou ontem que não circulará a partir de hoje.
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O proprietário do jornal, Hélio Fernandes, ocupou toda a primeira página do diário com um artigo, sob o título “Esta Tribuna interrompe momentaneamente a sua circulação”, no qual ataca o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), por suposta demora para dar sentença em um processo indenizatório que o jornal move contra a União desde 1979 por perseguições na ditadura. A assessoria do STF informou que o ministro está de licença médica e não se pronunciaria.
– Uma repercussão nacional sensacional, o telefone não pára – disse Fernandes, de 88 anos, diretor da publicação desde 1962 e que fechou a primeira página com o artigo em segredo, surpreendendo os funcionários.
De acordo com a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio, Suzana Blass, desde 1995 a empresa não paga Fundo de Garantia do Tempo de Serviço nem INSS. Após atrasos em outros meses (pagos sob ameaça de greve), os empregados não receberam os salários de outubro e novembro.
– Cheguei um dia lá e não havia dinheiro para comprar tinta para impressão – relatou Suzana.
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O diretor disse que o que tem a receber supera o que deve. Fernandes aposta na indenização para voltar a circular. A versão online deve continuar. Na ditadura, o jornal fez oposição aos militares, tendo sido submetido a censura prévia e apreensão de edições.