Jorginho chegou meio arredio na primeira entrevista coletiva que concedeu para a imprensa. Disse que teve um problema com jornalista do centro do país, mas respondeu com calma todas as perguntas.
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::: Acompanhe o minuto a minuto da partida às 19h30min
Em apenas 30 horas em Chapecó ele treinou o time, fez cinco mudanças, colocou jogadores titulares no banco e venceu o Sport por 3 a 1. Foi a primeira vez na história que a Chapecoense fez três gols na Série A.
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Para se ter uma ideia, a média do time era inferior a um gol por jogo, pois tinha marcado apenas 13 em 20 partidas. Aliás, Jorginho demonstrou preocupação com o baixo número de gols do time e pretende que sua equipe ataque mais o adversário.
-Tem que tirar o adversário do seu campo – disse.
No domingo, nada de folga. O time voltou a treinar. Jorginho disse que pretende conhecer o quanto antes o grupo. Ele já identificou alguns líderes, como Ricardo Conceição, Bruno Silva, Wanderson e Rafael Lima.
O novo treinador disse que não é de ficar gritando à beira do gramado. Mas aproveita alguns momentos de parada para orientar seus atletas. Depois são eles que precisam resolver dentro de campo.
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O treinador pretende contribuir com o clube com sua experiência em Série A, tanto como jogador, quanto como treinador. Com o aval do auxiliar técnico Anderson Lima, Jorginho viu no clube potencial de permanência na Série A.
Para isso, conta com a força da Arena Condá e no seu trabalho para tirar o melhor de cada atleta. Ele também fez questão de pedir o apoio da torcida para que o clube atinja seu objetivo.
Mas hoje ele não poderá contar com essa força, pois encara o Corinthians, em São Paulo, às 19h30min. Esse é um daqueles jogos em que uma derrota pode ser encarada como algo normal. Mas somar pontos pode ser a diferença no final do campeonato.
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Confira a entrevista exclusiva que o técnico concedeu ao Diário Catarinense.
DC – Seu último clube como jogador foi o Avaí, em 2002?
Jorginho – Era para ser mas depois ainda joguei no Santo André para ajudar um amigo. Na época fui convidado para treinar o Avaí. Fui convidado duas vezes pelo Zunino, uma durante o campeonato e outra antes de ir embora. Mas, como teria que mandar muita gente embora, não aceitei.
DC – Você disse que já jogou aqui pelo Avaí, em 2002, e um amistoso pela Portuguesa, o que você lembra?
Jorginho – Pela Portuguesa foi um amistoso nos anos 80. Lembro que foi à noite e fazia um frio danado. Não tinha quase ninguém no estádio. Com o Avaí acho que foi 1 a 1. Mas sempre foi muito difícil jogar aqui. Espero que a torcida continue ajudando a Chapecoense.
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DC – O que fez você aceitar o desafio de treinar a Chapecoense?
Jorginho – Primeiro foi o Anderson Lima. Ele jogou aqui em 2009, foi vice-campeão e ajudou a conquistar o acesso para a Série D, que foi quando tudo começou. Ele comentou que aqui são pessoas de um nível de honestidade muito grande. São pessoas que tratam a gente como ser humano.
Além disso já conhecia vários jogadores. O Zezinho jogou comigo no Atlético-PR e o Diones no Bahia. O Conceição conheço já faz tempo. O Biro é de São Paulo. Outros joguei contra, como o Wanderson, o Dedé e o Rafael Lima. O Rychely também joguei contra. O Abuda conheço. O fato de conhecer dá um alento do que pode fazer.
DC – Você viu então que tinha potencial para se manter na Série A?
Jorginho – Vi que é um time difícil de se ganhar. Joguei contra eles quando estava no Vitória e era um time chato de jogar contra. O pouco que convivi com eles nesses quatro dias vi que eles querem. E esse querer deles é um grande passo. É lógico que precisa melhorar algumas coisas, como chegar mais na área, virar mais rápido a bola. Mas tudo isso vem aos poucos. Nós estamos entre os oito times que vão lutar para não ser rebaixado. Esse é o objetivo. Depois vamos ver até onde pode chegar.
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DC – Essa vitória contra o Sport era fundamental tanto pela tua estreia quanto pela tabela, afinal o time vinha de quatro derrotas.
Jorginho – O meio do futebol te exige vencer sempre. Vocês, torcedores, diretoria, jogadores, todo mundo quer vitória. O brasileiro não aceita derrota. Ainda mais no futebol. Mas muitas vezes o outro é melhor.
DC – A Chapecoense debuta na Série A e tanto a cidade, como diretores, como alguns jogadores estão vivenciando pela primeira vez a competição. A experiência em clubes de Série A pode ser a grande contribuição que você pode dar ao clube?
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Jorginho – Isso ajuda. Eu tenho a experiência de ter trabalhado com juniores o que é fundamental para qualquer treinador. Estou nesse meio como técnico há cinco anos. Em 2009 assumi como interino no Palmeiras. Depois saí para um time de Série A, o Goiás, onde saímos de último para quarto. Daí treinei Ponte Preta e Portuguesa na Série B. Na Ponte Preta não tínhamos dinheiro. No ano seguinte treinei a Portuguesa e ficamos entre os oito melhores do Paulista e fomos campeões da Série B. Depois peguei o Bahia com 17 pontos e, no returno, fizemos 29, o que é quase impossível fazer mais pontos no returno do que no primeiro. Como atuei nas Séries A, B e C tenho uma boa experiência. Sei que há jogos em que temos que lutar pelo empate. Quando enfrentamos times como Cruzeiro e São Paulo fora, não dá para achar que vai jogar de igual para igual.
DC – Como a Chapecoense pode escapar da zona de rebaixamento?
Jorginho – Tudo é um processo. É os jogadores quererem, se dedicarem, a diretoria dando as condições, o torcedor entendendo as limitações. Aí sim, juntos, vamos fazer o que a torcida fez com o Flamengo. O Flamengo era o último e hoje está com meio corpo fora. A Chapecoense é um projeto que está começando a dar certo e tem que dar um tempo e todo mundo colaborar.
DC – Você tem um estilo diferente dos últimos treinadores da Chapecoense, que eram mais sanguíneos, de ficar na beira do campo gesticulando.
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Jorginho – Você pensa e tomas decisões melhor quando está nervoso ou quando está calmo? Se alguém está no outro lado com a torcida tocando bumbo não vai ouvir você. Se eu passar para um jogador, que depois passar para o outro o último só vai entender o homem falou com você. Vai chegar uma hora que vou chegar na beira do gramado e dar um grito. Mas não é toda hora.
DC – Durante a partida contra o Sport você aproveitava momentos estratégicos, como a parada para atender um jogador, e então passar orientações.
Jorginho – Falei para eles para melhorar o posicionamento, mostrar que lado era melhor para atacar, que dava para meter a bola na frente do adversário, isso tudo.
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DC – Você surpreendeu com algumas mudanças para enfrentar o Sport, como foi isso?
Jorginho – As mudanças foram feitas pelo Celso. Eu procurei corrigir algumas coisas. Nas substituições perguntei para o Celso e ele me deu as opções do Fabinho Alves e o Maílson. Ele me disse que o Maílson vinha treinando bem e optei por ele.
DC – Você aposta nos jogos em casa para atingir o objetivo de permanência na Série A?
Jorginho – Sim. São oito jogos que, se vencermos, chegaríamos a 47, que passaria raspando para permanecer. Não podemos contar com vencer todas, pois encaramos os três primeiros, Cruzeiro, São Paulo e Inter em casa. Essa é a briga que nós temos. Mas, contra o Corinthians, posso perder que é normal. Mas, se ganhar aumenta o acreditar que a chance é boa.
DC – Como a Chapecoense vai encarar o Corinthians fora?
Jorginho – Jogar com trinta mil pessoas torcendo contra por si só já é difícil. Temos que fazer essa torcida se virar contra o time. Não é só marcar, é fazer as viradas de bola, atacar, fazer o time se sentir pressionado. Além disso o Corinthians perdeu com um erro de arbitragem na rodada passada. Imagina a pressão em cima da arbitragem.
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DC – Você pediu mais contratações para encorpar e qualificar o grupo?
Jorginho – Acho que cabe mais um zagueiro pois precisaria pelo menos seis e estamos com quatro disponíveis. Lateral esquerdo também só temos um disponível.
DC – Já no primeiro jogo você mostrou que gosta do time atacando mais, é isso?
Jorginho – Sou uma pessoa que gosta de jogar para frente. A postura tem que ser essa, mesmo que tiver oito zagueiros. No jogo contra o Sport quem fez dois gols foi um zagueiro. Tem que tirar o adversário de seu campo. Se jogar só se defendendo uma hora vai tomar gol. O que me preocupa é o baixo número de gols da equipe. Quem faz gol mina o adversário. Tenho que fazer a equipe chegar mais na área e fazer mais gols.