O governador Jorginho Mello (PL) recebeu um pedido para a instalação de uma nova delegacia especializada em crimes cibernéticos em Joinville. A solicitação foi feita pelo deputado estadual Matheus Cadorin (Novo) e amparada por dados de 2022 sobre o crime, quando os golpes na internet atingiram um crescimento de 490% em Santa Catarina.
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Cadorin diz que a proposta foi enviada minutos antes de subir à tribuna da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) na quarta-feira (15) e, por isso, o governo ainda não teve tempo hábil de analisá-la. No entanto, afirma ter tido um retorno positivo da Polícia Civil da cidade, representada pelas figuras de Rafaello Ross, delegado regional de Joinville, e Tânia Harada, delegada que coordena a Divisão de Investigação Criminal (DIC).
Os oficiais, inclusive, auxiliaram no levantamento dos números sobre este crime que, segundo o parlamentar, muitas vezes “passa batido”, mas que é uma prática que cresce cada vez mais e lesa o cidadão. Segundo ele, os números sobre o crime podem não refletir a realidade, já que muitas pessoas podem não denunciar “por vergonha”, por exemplo.
— É uma modalidade que oferece menos riscos aos delinquentes e é mais difícil de se prender alguém. Por isso que cresce tão rápido assim e se faz necessário uma equipe dedicada a combater e reprimir este crime — reforça o delegado.
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Promessa de delegacia contra golpes não foi pra frente
Em novembro de 2021, o colunista Jefferson Saavedra havia publicado que a Polícia Civil de Joinville tinha um projeto para que fosse instalada um unidade contra golpes na cidade, incluindo os de internet. A estimativa era de que a nova delegacia passasse a operar em 2022, no entanto, a promessa não saiu do papel.
Em fase de projetos, a intenção é de que a especializada seja viabilizada em 2023.
Conforme dados da Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina (SSP-SC), em Joinville, o número de crimes cometidos pela internet cresceu em mais de 290% somente no primeiro semestre de 2021. Foram 1.082 ocorrências registradas até junho de 2020 contra 4.056 no mesmo período do ano seguinte.
Em todo estado, no primeiro semestre de 2020 foram registradas 14.932 ocorrências, já em 2021, foram mais de 45 mil denúncias. À época, em entrevista ao A Notícia, o delegado Vinicius Ferreira, da Central de boletim de ocorrência de Joinville, afirmou que o crime tomou maior proporção durante a pandemia da Covid-19.
— Acelerou de forma abrupta sem que as companhias da internet ou os usuários estivessem preparados para identificar, se previr ou ajudar a combater os golpes — destacou.
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Tipos mais comuns de golpes cibernéticos
Golpe do perfil falso do WhatsApp
Entre os crimes mais comuns está o de perfil falso do WhatsApp. Neste tipo de golpe, os criminosos vinculam uma imagem de perfil da vítima, geralmente retirada do seu próprio perfil de WhatsApp ou redes sociais e, com uma conta falsa, se passam pela vítima e solicitam dinheiro para amigos, familiares e conhecidos.
Para evitar cair no golpe, a Polícia Civil indica que as pessoas ajustem a configuração de visualização da imagem da conta do aplicativo de mensagens apenas para contatos autorizados e redobre a atenção a contas que possuem fotos de parentes, mas com números diferentes.
Golpe do Voucher
Neste tipo de fraude, os criminosos entram em contato via rede social utilizando perfil falso de um estabelecimento comercial, como restaurante, por exemplo, e afirmam que a vítima foi selecionada para participar de um sorteio.
Em seguida, solicitam o número de WhatsApp e pedem que a vítima encaminhe um código de seis dígitos para validar a participação na promoção. O código em questão é de autenticação do WhatsApp. Desta forma, os criminosos clonam a conta do aplicativo.
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Neste tipo de crime, a polícia orienta a nunca repassar códigos recebidos por mensagem para ninguém e, caso receba alguma mensagem sobre promoções,é importante ligar no estabelecimento para confirmar o sorteio.
Golpe de venda online
Neste tipo de fraude, os criminosos entram em contato através de anúncios cadastrados em plataformas de compra e venda online, quando a vítima deixa o número de contato acessível ao público.
Com o contato em mãos, os estelionatários se passam pelo suporte da plataforma e pedem para que a vítima passe um código de validação recebido por mensagem, a fim de clonar a conta do WhatsApp.
Caso a pessoa desconfie que está sendo vítima do crime, a recomendação é entrar em contato pelos canais oficiais da plataforma de venda.
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Golpe de links falsos
Após o primeiro contato, é encaminhado um link falso para que a vítima acesse e supostamente receba o prêmio ou benefício, para evitar que a conta seja bloqueada. Mas, ao acionar o link, a vítima é redirecionada para sites falsos de cadastros ou baixa automaticamente aplicativos no telefone, todos com objetivo de obter informações pessoais.
A polícia recomenda que sempre se desconfie de links encaminhados via WhatsApp ou SMS e, na dúvida, entre em contato direto com os canais oficiais de comunicação do banco. Em caso de acionar o link ou realizar o cadastro em algum site, é importante acionar sua agência bancária e levar o telefone em alguma assistência para verificar a existência de aplicativos maliciosos.
Através de mensagens, os criminosos dizem que a vítima se enquadrou para o recebimento de alguma promoção, sorteio, auxílio emergencial, ou encaminham algum alerta dizendo que ocorreu uma operação indevida em sua conta.
Como denunciar
Atualmente, caso seja vítima de um desses golpes, a recomendação da Polícia Civil é registrar um boletim de ocorrência na delegacia mais próxima e denunciar o crime ao suporte do WhatsApp através do e-mail: suporte@whatsapp.com. Também é possível denunciar o contato criminoso, clicando em “Dados do contato” e, em seguida, em “denunciar”.
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Os crimes podem ser registrados também através do telefone 181 ou pelo WhatsApp (48) 98844-0011, da Polícia Civil. Além disso, há a alternativa de registro do boletim de ocorrência virtual, por meio do site da Delegacia de Polícia Virtual de Santa Catarina.
Em Joinville, ainda não há uma delegacia especializada neste tipo de crime, mas a Polícia Civil conta com uma unidade especializada em Florianópolis, vinculada à Delegacia de Homicídios. Os crimes que podem ser praticados por meio cibernético são tipificados ao longo do Código Penal e em diferentes legislações. Portanto, sua apuração, a depender do tipo, pode ficar sob responsabilidade da DIC, da Dpcami ou de uma delegacia de polícia de área.
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