O governador Jorginho Mello (PL) fez uma avaliação de 2024 e dos dois primeiros anos de governo no Bom Dia Santa Catarina, da NSC TV. Durante a entrevista, na manhã desta quinta-feira (19), ele falou sobre política, infraestrutura, saúde e desenvolvimento. Jorginho afirmou que tentará reverter, por meio judicial, o anúncio do começo da semana, feito pelo governo federal, sobre a federalização do Porto de Itajaí (o segundo maior do país, localizado no Litoral Norte de Santa Catarina). Ele disse que a decisão foi política.

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O governador criticou ainda a falta de investimentos e a necessidade de insistência para que Santa Catarina receba auxílio. Falou em “sacanagem para Santa Catarina” e afirmou que o Estado merece mais respeito.

A seguir, o NSC Total reuniu os principais tópicos da entrevista.

Federalização do Porto de Itajaí

Jorginho comentou sobre a decisão do governo Lula de federalizar o Porto de Itajaí. O terminal, que pertence à União, terá a gestão temporariamente associada ao Porto de Santos (SP). A medida foi anunciada na última terça-feira (17).

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— A gente sentiu um movimento político não inteligente para tirar a autoridade portuária do município de Itajaí. (…) O movimento político, porque nós ganhamos as eleições agora, o prefeito é um portuário que é o Robison (Coelho, do PL), uma figura extraordinária, infelizmente tirou a oportunidade da gestão do Porto, não só o Porto, como toda a área onde acontece a marejada. Vamos ficar subordinados a Santos, todas as taxas vão para São Paulo, o mando do Porto é um outro concorrente que vai fazer. Então não é inteligente, não é bom para Santa Catarina e muito menos para Itajaí — disse.

Jorginho disse também que está ajuizando um pedido na Justiça para reparar a medida. Segundo ele, a decisão pela federalização do Porto teve “muito pouca” negociação política.

— Eu disse ao ministro Sílvio (Costa filho, dos Portos e Aeroportos) que se o governo federal ou a JBS (operadora do Porto) quisesse indicar o presidente do Porto, a gente combinou com o Robison, eles iam indicar. Mas a gente não queria perder a autoridade portuária que Itajaí perde. Dá uma crise e um desgaste político que não compensa para ninguém. Isso não constrói absolutamente nada — disse.

Relação com governo Lula

Mello também falou sobre sua relação com o governo federal. O governador disse que tem diferenças políticas com a gestão Lula, mas respeita a autoridade. Ele também criticou a falta de investimentos federais em Santa Catarina, apontando que o Estado envia mais recursos para Brasília do que recebe em retorno.

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Questionado sobre a necessidade de uma conversa mais próxima com o governo federal, ele declarou:

— Eu estou aqui esperando. É só eles quererem conversar e trazer dinheiro para Santa Catarina, e não sacanagem para Santa Catarina. A gente manda R$ 100 e volta R$ 5, ajoelhados em cima do milho. Nós contribuímos mais para o governo federal do que eles para nós. Então, nós merecemos o respeito, o povo de Santa Catarina merece respeito. (…) Agora, eu não preciso estar puxando o saco de ninguém, para que eles ajudem Santa Catarina. Porque nós temos direito.

O governador também reclamou de uma percepção, por parte do governo federal, de que Santa Catarina “não precisa de nada”:

— “Aqui o povo é bonito, aqui todo funciona, aqui Deus foi maravilhoso com a geografia”. Então se sobrar um copo d’água em Brasília, ninguém lembra de Santa Catarina.

Pedágio na BR-282

O governador também disse que a BR-282 tem que ser pedagiada. A rodovia, segundo ele, é uma “artéria” para a economia de Santa Catarina, em função do escoamento do agronegócio do Grande Oeste. A rodovia é federal.

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— A gente sonha que um dia a BR-282 esteja duplicada. Como é que ela vai estar duplicada? Se o governo federal fizer uma concessão. Porque se não, não vai. Ela demora muito. Alguns gargalos, terceira pista, estão sendo feitos, é verdade. Mas pela importância dela, a gente tem que pensar lá para frente. Ela tem que ser pedagiada.

Desenvolvimento da Serra

Jorginho também destacou medidas para desenvolvimento da Serra. Ele mencionou o asfaltamento de acessos a vínicolas e a reabetura do aeroporto de São Joaquim. Ele também citou o programa Energia Boa, da Celesc, que prevê um investimento de R$ 572 milhões para construir estações em várias cidades.

— Vamos gerar 20 mil empregos naquela região. Estamos preocupado porque a região serrana é uma região pobre. Nós precisamos ter um olhar lá — disse.

Dengue e saúde

Jorginho também falou sobre a dengue no Estado. Santa Catarina enfrenta números recordes da doença em 2024, com 346.261 casos prováveis e 340 óbitos confirmados até agora. A previsão é de que haja um aumento durante o verão, época em que há maior proliferação do mosquito transmissor, o Aedes aegypti.

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Jorginho disse que repassou R$ 10 milhões para os municípios e vem fazendo campanhas de prevenção. Ele destacou recente aquisição de 800 equipamentos de teste rápido para identificar pacientes com quadros mais graves.

— Tudo que a gente podia fazer, a gente fez. Mas (a solução) depende de cada um de nós — pontuou, fazendo um apelo para que a população fique atenta a focos de proliferação do mosquito.

O governador também afirmou que os investimentos na saúde pública de Santa Catarina estão acima do que é obrigado pela Constituição Federal.

— Vamos investir quase 15% (da arrecadação de impostos), o obrigatório é 12%. Isso representa R$ 1,5 bilhão a mais — disse.

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Desenho político para 2026

Perguntado se irá concorrer à reeleição, Jorginho disse que “provavelmente”.

— O mandato é de oito anos, então não adianta ficar fazendo charminho, dizer que “vou ver como é que vai…” A expectativa é de oito anos — disse.

Após as eleições municipais, Jorginho classifica o cenário atual como positivo. Segundo ele, seu partido, o PL, cresceu “absolutamente bem”.

— (O cenário atual) É muito positivo, nunca esteve tão bem. (…) As pessoas estão vibrando. A gente sente isso porque o governo está sendo parceiro de todos os setores — disse.

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Veja fotos da entrevista

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