A disputa pelo governo do Estado nas Eleições 2022 começou com uma difusão de candidaturas no espectro da direita. As campanhas de Jorginho Mello (PL), Esperidião Amin (PP) e Gean Loureiro (União Brasil) trouxeram em comum a tentativa de vinculação com o voto em Jair Bolsonaro (PL) na eleição presidencial e o governador Carlos Moisés (Republicanos) como alvo preferencial nos primeiros debates e entrevistas.

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Polêmicas como a compra dos respiradores, os processos de impeachment e uma suposta “traição” de Moisés ao discurso de Bolsonaro, após a eleição de 2018, foram levantadas em debates como o da CBN-NSC Total. A intenção era conter a possível vantagem do atual governador na largada da campanha eleitoral.

Nas últimas semanas, no entanto, outra disputa vem ganhando contornos mais claros entre os candidatos ao governo de SC. A primeira pesquisa Ipec, contratada pela NSC Comunicação e divulgada no último dia 23, mostrou empate técnico na segunda colocação entre dois candidatos que apoiam a candidatura de Jair Bolsonaro na eleição presidencial: Jorginho Mello, do PL, partido do presidente, com 16%; e Esperidião Amin, do PP, legenda do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e que está coligada com os liberais na eleição nacional, somando 15% das intenções de voto.

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Gean Loureiro, que aparece em quarto lugar, com 8%, precisou parar de divulgar a imagem do presidente Bolsonaro associado à sua campanha após questionamento feito pela equipe de Jorginho Mello à Justiça Eleitoral.

Oficialmente, as campanhas dos senadores Jorginho e Amin negam que estejam direcionando a artilharia contra a candidatura do adversário. A assessoria de Jorginho afirma que os dois “estão do mesmo lado”, quase estiveram juntos na eleição e que podem precisar do apoio do rival em eventual segundo turno. Por enquanto, afirma o estafe do candidato, a atenção deve seguir sob o governador Moisés e também Gean Loureiro, os dois concorrentes com ações recentes na administração pública.

Na campanha de Amin, a assessoria admite que as pesquisas são monitoradas e que ele e Jorginho têm eleitor de perfil parecido. Mas afirma que, por enquanto, o tom continuará a ser “propositivo”. Como exemplo, a equipe cita os vídeos dos primeiros dias da propaganda na televisão, em que o candidato revisita obras feitas por ele durante o tempo de governador do Estado.

Confira as propostas dos candidatos ao governo de SC nas Eleições 2022

Apesar das versões oficiais, por influência da última pesquisa ou não, as campanhas de Jorginho e Amin passaram a se envolver em episódios de embate entre si. Um exemplo dessa disputa ocorreu numa discussão de Jorginho e Amin nos bastidores de um debate no começo desta semana, na Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), em Criciúma. Após uma resposta de Amin sobre a defesa do Estado democrático de direito e o inquérito das fake news que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), Jorginho e Amin foram flagrados numa discussão sobre o tema fora dos microfones que só parou com a intervenção do mediador do debate. Nas redes sociais, Amin fez postagem sobre o tema em que afirma ser “o único senador catarinense que tem defendido o Estado Democrático de Direito contra o inquérito das fake news”.

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Outra crítica direta entre os candidatos ocorreu ainda na semana passada, em uma live de Jorginho Mello com o coordenador do Movimento Proarmas de Santa Catarina, Gerson Fior. No vídeo, Jorginho menciona “outro senador que é candidato a governador agora em Santa Catarina” e diz que ele teria votado contra uma proposta sobre liberação de armas.

“Votou contra, e se faz de cara de paisagem, se faz que é amigo do presidente Bolsonaro. Mas quando é para ajudar de verdade, vota contra”, afirmou, em recorte do vídeo publicado no Facebook. Em seguida, o convidado do candidato na transmissão complementa citando o nome de Amin. A assessoria de Esperidião diz que a campanha dele deve abordar o tema das armas em breve, em um vídeo nas redes sociais e até na campanha na TV, para responder a esses questionamentos.

Fotos de urna revelam transformação no visual dos candidatos ao governo de SC

Campanhas miram eleitorado de centro-direita

O professor de Ciência Política da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Tiago Daher Padovezi Borges, confirma que as campanhas podem a partir de agora avançar em direção ao eleitorado de centro-direita. Para isso, até mesmo polêmicas da política nacional podem ser exploradas, já que ambos são senadores em Brasília.

— De maneira geral, é razoável que as campanhas busquem ir para esse espaço de centro-direita. Então, possivelmente as campanhas vão ter esses ataques umas às outras, tanto a do Jorginho quanto a do Amin, elas devem tentar entrar nesse espaço, e também continuando algum tipo de oposição ao Moisés, por conta de que ele é o candidato que representa o atual governo. As duas estratégias fazem sentido ainda porque atingem o eleitor de centro-direita e se colocam como diferente do que está, como uma opção a Moisés — avalia.

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Amin é considerado um apoiador light de Bolsonaro. O senador é um político tradicional do Estado e se apoia na amizade pessoal dos tempos em que ambos eram deputados pelo mesmo partido para defender o atual presidente. Jorginho fez parte da tropa de choque do presidente durante a CPI da Covid. Após a filiação de Bolsonaro ao PL, no ano passado, recebeu no partido uma grande parte dos bolsonaristas mais ortodoxos do Estado. Para chegar ao segundo turno, eles dividirão os votos bolsonaristas, o que faz com que a paz pregada pelas equipes dos dois senadores possa ter vida curta.

Confira o resultado da pesquisa Ipec

Governo de SC: Moisés tem 23%, Jorginho 16% e Amin 15%

Senado: Colombo à frente com 26%, Dário com 9% e Maldaner com 7%

Presidente da República: Em SC, Bolsonaro tem 50% e Lula 25% das intenções de voto para presidente

Confira as análises dos colunistas sobre a pesquisa

Ânderson Silva: Com Moisés, Jorginho e Amin na frente, Gean e Décio têm os maiores desafios da campanha

Dagmara Spautz: Jorginho, Amin e a autofagia bolsonarista em SC

Renato Igor: Pesquisa em SC contraria tendência nacional e mostra indefinição do eleitor

A relação de Bolsonaro com a disputa em SC

Enquanto as candidaturas que defendem Bolsonaro em SC iniciam as primeiras tensões, a campanha do presidente evita entrar publicamente em divididas, a exemplo do que ocorre em outros estados em que o bolsonarismo tem palanque duplo. Bolsonaro já gravou vídeo em que declara apoio e afirma que em Santa Catarina “está com Jorginho”. No entanto, mantém longa relação de amizade com Amin e já sinalizou, em outras ocasiões, que pode ser favorável ter mais de uma candidatura nos Estados.

A situação de divisão ocorre também em outros estados, como o Rio Grande do Sul. Por lá, Onyx Lorenzoni (PL) é o candidato do partido do presidente, mas Luís Carlos Heinze (PP) também invoca o apoio ao bolsonarismo como ativo eleitoral na disputa pelo Estado.

Na semana passada, em entrevista à Rádio Jovem Pan, Bolsonaro criticou ações de candidatos do seu partido que tentaram proibir concorrentes de outras legendas de utilizarem sua imagem na campanha. O presidente afirmou que passou a autorizar o gesto. Ele não fez referência direta, mas em SC, uma ação do candidato Jorginho impediu a campanha de Gean Loureiro de utilizar a imagem do presidente nos materiais de divulgação, pelo fato de os partidos da aliança de Gean não estarem na coligação de Bolsonaro para a eleição federal.

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“E eu fui pra cima. Autorizamos todo mundo que quiser usar o meu nome, a minha fotografia, até na televisão a minha cara do lado. Para mim, é muito bem-vindo. Eu fico feliz com isso. Eu preciso né? Se eu quiser me eleger, é 50% mais um”, afirmou Bolsonaro.

Quem são todos os candidatos por Santa Catarina nas Eleições 2022

Jorginho Mello

Jorginho Mello
Jorginho Mello, candidato a governador pelo PL (Foto: Pedro França/Agência Senado)

Partido: PL

Idade: 66 anos

Profissão: bancário, advogado

Cargo atual: senador

Outros cargos já ocupados: vereador de Herval d’Oeste, deputado estadual, deputado federal

Esperidião Amin

Esperidião Amin
Esperidião Amin é candidato a governador pelo PP (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Partido: Progressistas

Coligação: Experiência para servir Santa Catarina (Federação PSDB/Cidadania, PP e PTB)

Idade: 74 anos

Profissão: administrador, advogado, professor universitário

Cargo atual: senador

Outros cargos já ocupados: prefeito de Florianópolis, governador de Santa Catarina e deputado federal

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