Jorge Furtado dirige Fernanda Montenegro em “Doce de Mãe”

Ela gosta de samba, cozinha como ninguém, não dispensa o tênis e, aos 85 anos, é uma mulher de alma jovem. Dona Picucha (Fernanda Montenegro) é a divertida protagonista de Doce de Mãe, especial de fim de ano que será exibido nesta quinta-feira, às 22h15min, na RBS TV.

O telefilme rodado em Porto Alegre e produzido pela Casa de Cinema, com direção de Jorge Furtado, trata de maneira cômica do delicado tema da terceira idade e da relação da família com a velhice. A trama acompanha uma mudança na vida da viúva Picucha, quando sua empregada doméstica, Zaida (Mirna Spritzer), companheira pelos últimos 27 anos, resolve casar e deixar o emprego. Contente por poder morar sozinha pela primeira vez, a octogenária acaba deixando os quatro filhos preocupados. Afinal, avaliam eles, mamãe precisa ser cuidada por alguém.

O clima do telefilme, com duração de 70 minutos, é de comédia, mas longe do humor escrachado: cenas alegres e dramáticas se alternam.

– O melhor gênero é a comédia triste. Aquele filme que não é só a palhaçada, mas não é só a tristeza – diz Furtado.

Enquanto não encontram uma nova funcionária, um rodízio é promovido na casa de Picucha. Os filhos Silvio (Marco Ricca), Elaine (Louise Cardoso), Suzana (Mariana Lima), Fernando (Matheus Nachtergaele), a neta Carolina (Elisa Volpatto) e a nora Florinha (Áurea Baptista) se revezam como “babás”. Certos de que estão ajudando Dona Picucha, os familiares se surpreendem ao perceber o quanto estão se transformando com esse convívio, encarado até então como um fardo. Se antes da escala obrigatória o jogo de empurra-empurra era frequente, logo todos percebem que Picucha é uma joia rara, cuja companhia passa a ser disputada.

– É uma senhora com ótima compreensão da vida. Ela é uma mãe diferente para cada um dos filhos e os aceita com sabedoria. Tem uma identificação com a vida – define Fernanda Montenegro, para quem o papel foi pensado especialmente por Furtado e pelos outros dois roteiristas, Ana Luiza Azevedo e Miguel da Costa Franco. – Picucha não quer pesar na vida dos filhos. Ela aceita a velhice, mas não usa isso como barganha.

Existe uma grande possibilidade de o público poder ver Doce de Mãe no formato de série em 2013. O diretor e a protagonista só estão esperando o sinal verde da Globo para dar continuidade ao projeto.

– Tenho certeza de que os núcleos dos personagens podem ser bastante desenvolvidos. Acredito que o público vá ficar com vontade de conhecer mais sobre cada um – explica o diretor.

Furtado, que já assinou na emissora produções como o telefilme Homens de Bem (2011) e a série Brava Gente (2000), tem consciência de que reunir todo o elenco novamente pode ser difícil.

Fernanda também se diz ansiosa com a perspectiva. Conta que até reservou um espaço em sua agenda, já ocupada com a regravação da novela Saramandaia, dirigida por Denise Saraceni, ainda sem data para ir ao ar.