Mais de 96% dos alunos da rede municipal de ensino já retornaram para as atividades 100% presenciais em Joinville. A volta dos estudantes para as salas de aula teve início em agosto e aconteceu aos poucos, dividida em três fases: primeiro crianças do 1°, 2°e 3° ano; em seguida, foi a vez das turmas do 4°, 5° e 9° ano. Nesta semana, todas as etapas foram concluídas, com a retomada dos estudantes do 6°, 7° e 8°. 

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Para Diego Calegari, secretário da Educação do município, este modelo de escalonamento contribuiu para que fossem observados os efeitos deste retorno e a nova rotina das escolas, que desde o início da pandemia passou a contar com novos hábitos e orientações para prevenção à Covid-19.

– Os protocolos continuam os mesmos desde o início do ano. A questão da medição da temperatura se tornou opcional, conforme o novo decreto estadual, mas continuamos por aqui [em Joinville]. Assim como a utilização de álcool, uso de máscaras e distanciamento social – garante Calegari.

Oficialmente, são mais de 51 mil alunos do ensino fundamental, de 6 a 15 anos, que voltaram a ocupar as salas de aula. Cerca de 1.800 estudantes optaram por manter o modelo remoto. Calegari define este retorno como tranquilo, principalmente porque, até o momento, não tiveram alunos positivados para o vírus. 

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Além disso, do contingente de 5 mil profissionais da educação, os casos de contágio são mínimos — menos de dez ativos no momento. “Profissionais esses contaminados fora da unidade escolar”, frisa. 

– Esses protocolos, quando seguidos — e Joinville tem sido um exemplo neste sentido —, sabemos que a chance de contaminação beira a zero, ainda mais com a vacinação avançada. Isso serve para reforçar que a escola é um ambiente seguro – defende o secretário.

Com números de contaminações e internações cada vez mais baixos na cidade e a vacinação avançando também para o público mais jovem, Calegari descarta, neste cenário, a possibilidade de um recuo na oferta presencial.

Alunos e pais reclamam de aglomeração

Apesar da garantia da secretaria de Educação de cumprimento de protocolos, desde o início da semana, estudantes e pais têm reclamado de aglomerações dentro das salas de aula. Na Escola Zulma do Rosário Miranda, localizada no bairro Costa e Silva, as reclamações giram em torno da falta de distanciamento de um metro entre as carteiras, medida prevista em decreto.

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Matheus Veloso, aluno do 8° ano, diz que a sala em que estuda conta com bastante alunos, que acabam ficando “amontoados” e, por isso, não ocupam os locais corretos demarcados no cômodo. Sua colega de turma, Rebeca Henrique, reforça o argumento de Matheus e diz que o local estaria ainda mais cheio caso todos os alunos tivessem comparecido.

– Voltar às aulas presenciais me deixou feliz, mas me deixa também muito preocupada, porque não tem distanciamento – argumenta a estudante.

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O retorno às atividades presenciais só foi possível, justamente, a partir da norma de distanciamento social. Mas para a estudante Stefany Stein Kohlbeck, o controle com distanciamento deveria ser maior, já que há a possibilidade de assintomáticos da doença circularem pela escola.

A preocupação de Stefany se assemelha à do pai, Deivid Kohlbeck. Para ele, o risco maior está em os estudantes levarem o vírus para dentro de casa. Kohlbeck lembra que Joinville continua em estado gravíssimo na matriz de risco e, por isso, pensa que o retorno 100% presencial poderia ter aguardado mais. 

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– Quando bate o sinal, saem todas as turmas juntas, aí fica tudo aglomerado no portão esperando os pais chegarem – aponta.

Por que Joinville fica no “gravíssimo” na matriz da Covid

Com relação à reclamação de pais e alunos, a secretária da Educação disse que todos os protocolos estão sendo seguidos e acompanhados pela equipe técnica do município. Em nota, a secretaria ainda argumentou que todas as salas de aula passaram por medições e tiveram marcações para garantir o distanciamento. Além disso, destacou que os professores estão comprometidos para que os procedimentos estejam sendo cumpridos.

Retorno fundamental para aprendizagem

Sandra Cristina Vanzuita, especialista em alfabetização metodológica das séries iniciais e doutora em educação, diz que para o ensino e aprendizagem, este retorno é fundamental. Ela afirma que as ações de interação que acontecem dentro da escola e a relação entre os alunos não aconteciam no modelo remoto.

Ela reconhece a importância das aulas virtuais, já que a pandemia foi uma situação pontual e a ação serviu para cumprir o calendário estudantil e manter as crianças conectadas com o ensino. Mas argumenta ser necessário considerar as apredizagens que não foram consolidadas no modelo. 

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– E isso, no presencial, o professor tem muito mais oportunidade de perceber. É importante a gente entender que muitos dos conteúdos da Base Nacional Comum Curricular, muitas das competências das habilidades, não foram consolidadas nem no ano passado e algumas este ano também – destaca.

Com relação à segurança dos alunos, Sandra pensa que esta é uma questão que diz respeito aos órgãos sanitários, juntamente às secretarias de Saúde e Educação. Na sua opinião, as autoridades não autorizariam este retorno de forma leviana, sem embasamento de um plano de contingência.

No entanto, afirma que ainda é preciso atenção e cuidados redobrados por parte das equipes gestoras, já que o momento permanece sendo considerado complexo, com variações do vírus e novas cepas surgindo. 

– Momento ideal a gente nunca vai ter para retornar, porque nós precisamos aprender a conviver agora com o vírus. A gente precisa confiar nos técnicos, na ciência. Além disso, todos os professores do estado tiveram oportunidade de serem vacinados. Já temos aí um protocolo de segurança bem estabelecido. É o momento pra gente reestruturar, repensar, trazer as crianças pra escola, mesmo que seja no final do ano porque você já cria uma um contato. Eu aposto no retorno, mas no retorno seguro, em que tanto professores e alunos, quanto famílias se sintam seguros e protegidos. E aí é responsabilidade, sim, do setor público essa organização – finaliza.

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Vacinação em adolescentes

Cerca de 5 mil adolescentes já foram vacinados em Joinville, de acordo com dados do Vacinômetro da prefeitura do município. Número representa 8,29% de 60.307 pessoas que fazem parte do grupo de pessoas entre 12 e 17 anos. 

Nesta quarta-feira (22), o município abriu 7,5 mil horários de agendamento para a vacinação contra a Covid-19 de adolescentes com idade entre 14 e 17 anos, sem a necessidade de comprovação de comorbidades ou qualquer outro grupo de risco. A vacinação já está liberada para jovens entre 12 e 17 anos com comorbidades. 

De acordo com o secretário da Educação do município, Diego Calegari, não há a previsão por parte do município de cobrar a obrigatoriedade da vacinação para Covid-19 nas escolas assim que todo grupo de adolescentes tiver acesso à imunização. 

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