Após reclamações de demora no atendimento e falta de médicos, a prefeitura de Joinville fechou um convênio com o Hospital Bethesda para que o atendimento pediátrico seja retomado na UPA Sul. A proposta tem caráter emergencial e, por se tratar de modalidade de parceria, ainda precisa tramitar na Conselho Municipal de Saúde e na Câmara de Vereadores. 

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A reabertura dessa escala pediátrica foi definida na primeira reunião do grupo de trabalho montado para acompanhar a situação dos atendimentos às crianças na cidade, que é composto por representantes da saúde pública, privada e algumas instituições, como a Sociedade Joinvilense de Pediatria. 

Andrei e Jean Rodrigues na primeira reunião do grupo
Andrei e Jean Rodrigues na primeira reunião do grupo (Foto: Prefeitura de Joinville/Divulgação)

Jean Rodrigues da Silva, secretário de Saúde que deixará a pasta no fim de maio, explica que, com este acordo, três plantonistas do Bethesda atuarão durante o dia e outros dois durante a noite. 

— Ou seja, teremos no período de 24 horas mais cinco profissionais atuando — exemplifica.

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Para Rodrigues, a medida emergencial é a saída possível neste momento, mas a necessidade do município é superior. A expectativa é de que a proposta seja implementada o mais rápido possível e será por tempo determinado, até que a prefeitura consiga chamar os médicos que passaram em processos seletivos para temporários. O investimento do governo municipal será de R$ 300 mil por mês. 

Este modelo de convênio emergencial, inclusive, já foi utilizado pelo município na época de pandemia, quando era necessária a abertura de mais leitos de UTI. 

O secretário reforça que esta é uma estratégia já definida pelo poder público para fortalecer a atenção primária da saúde à população. Ele reforça que, por meio de concurso público, já foram contratados 81 médicos e outras vagas já foram liberadas para fortalecer as unidades básicas de saúde. 

Andrei Kolaceke, diretor executivo da secretaria da Saúde e sucessor de Rodrigues, cita que ainda há 38 profissionais que passaram no concurso e devem ser chamados. Na realidade atual, segundo ele, há 13 plantonistas pediátricos que atuam na rede para 27 vagas a serem preenchidas. 

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O que explica a alta demanda? 

Jean Rodrigues da Silva diz que, do ponto de vista epidemiológico, não há uma questão específica que explique este aumento na demanda. Ele afirma que, logo após o grave período pandêmico, há escolas que não estão permitindo que crianças com sintomas gripais frequentam as aulas, para evitar que outras sejam contaminadas. 

— Os pais que têm crianças com esses sintomas em escolas e afins, não têm podido deixar seus filhos, porque precisam buscar atestado médico para ficarem em casa cuidando dos filhos. Antes da pandemia, às vezes um resfriado ou uma febre, a própria escola manejava, não mandava pra casa a criança. E isso vem ampliando essa situação de buscas pelas unidades. O achado epidemiológico mais evidente — explica. 

Rodrigues também cita como justificativa o aumento populacional, que ainda não é jusitificado por números, mas pode ser percebido na demanda. 

Andrei Kolaceke afirma que 76% dos atendimentos nos PAs da cidade é constituído por pacientes de classificação verde, ou seja, não necessitam de atendimento de urgência. 

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 — São pacientes que vão às unidades em busca de receita médica ou atendmento menos complexo ou até mesmo atestado. Não identificamos número elevado de pacientes com covid ou dengue. Isso não se deve a nenhuma dessas epidemias em curso, mas situações gripais de forma geral — garante.  

Qual a dificuldade na contratação?

Kolaceke destaca que a dificuldade em encontrar profissionais pediátricos existe a nível nacional, não é uma particularidade de Joinville. Segundo o diretor executivo da Saúde, profissionais clínicos que têm experiência em atendimentos infantis serão incrementados no quadro para dar suporte à rede. 

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Ele reforça que os profissionais contratados são “médicos da família”, caracterizados por atender a pessoa em toda a fase da vida dela, da criança ao idoso. Em casos mais complexos, aí sim, são encaminhados aos especialistas. 

 — É muito importante ressaltar que o médico clinico é responsável por fazer atendimento de urgência e emergência, então, nenhuma criança que busque a UPA deixará e ser atendida se apresentar quadro de urgência, porque o médico clinico dá este atedimento inicial, estabiliza o quadro e daí referencia ao profissional pediatra. Ninguém deixa de ser atendido em caso de urgência pela falta do profissional pediatra — garante.

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Para Rodrigues, inflacionar o mercado não resolveria o problema. 

— Quando se tem pouco profissional e ficamos inflacionando o mercado, um só fica roubando do outro. Então se formos pagar mais para os nossos, por exemplo, com certeza eles sairiam das outras instituições, e isso não iria resolver o problema da saúde, especificamente do número de profissionais. 

A orientação é de que a população busque mais os postos de saúde, já que o déficit de falta de médicos está sendo resolvido, segundo o município, e caso seja negado atendimento nesses locais, o secretário da Saúde pede que sejam registrados na ouvidoria. 

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