A morte de Giovane da Cunha, 27 anos, que pilotava a motocicleta que se chocou contra um trem na avenida Getúlio Vargas na madrugada de quinta-feira, reacendeu um questionamento: até quando trilhos continuarão a cortar a área central de Joinville?
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O contrato do Departamento Nacional de Infraestrutura (DNIT) com a empreiteira Convap Engenharia e Construções, para refazer o contorno da linha férrea de 26 km na cidade, completará cinco anos no dia 29 e já ultrapassou o primeiro prazo de conclusão, em abril passado.
Ao dar explicações para o Porto de São Francisco do Sul em julho – a estatal é um dos principais interessados na obra – o DNIT falou em outra data, que só agora se torna pública: junho de 2015.
É a previsão que consta no documento entregue ao conselho de autoridade portuária (CAP). Com as obras em Joinville paradas desde julho de 2011, técnicos continuam com o desafio de resolver no papel e na prática o problema do solo mole e alagadiço.
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O obstáculo ficou em evidência quando a empreiteira removeu o barro e tentou colocar camadas mais firmes – o solo cedeu mais do que o esperado. No documento enviado ao porto, ao citar o novo prazo, o diretor de infraestrutura ferroviária do DNIT, Mário Dirani, considerou o tempo necessário para revisar o projeto e abrir licitação para a obra remanescente.
Giovane morreu no mesmo ponto em que a viatura onde estava o policial militar Jackson dos Santos – que hoje dá nome ao Presídio Regional de Joinville – foi atingida enquanto sua guarnição trabalhava na busca de detentos em fuga, há três anos. Na época, a necessidade de cancelas nos cruzamentos foi trazida à tona, mas o assunto é descartado pela concessionária América Latina Logística (ALL).
A empresa afirma que a instalação de cancelas é inviável por causa da ação de vândalos e ladrões, uma vez que a ferramenta é composta por metal e um equipamento eletrônico.
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Via assessoria de imprensa, a empresa informou não haver necessidade da ferramenta porque a lei de trânsito é clara ao dar preferência a trens nos cruzamentos. Isso porque, em casos de parada, o trem avança mais de 500 metros mesmo com o freio puxado. A sinalização da rua fica a cargo da Prefeitura. No cruzamento, há placas sinalizadoras e um farol luminoso que anuncia a chegada de trens.
Ainda assim, os cruzamentos da ferrovia com rodovias como a BR-101, a SC-301 e a BR-280 registram outros transtornos não relacionados aos motoristas. Em dezembro de 2011, por exemplo, trilhos que cortam a BR-280, em Araquari, cederam por causa do solo encharcado pelas chuvas, fazendo com que um trem com 60 vagões de soja e três máquinas ficasse parado por dez horas.
Apenas carros, motos e ônibus puderam desviar pelo Centro de Araquari. O engarrafamento chegou a 12 km. Segundo o projeto original, os trens cruzarão as rodovias por viadutos.
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