Com o objetivo de falar sobre identidades de gêneros, sexualidades, direitos e violações, a Associação LGBT Arco-Íris organiza a 3ª Semana da Diversidade de Joinville, com o tema “Nossa História, Nossa Luta”, para o mês de setembro. O evento foi aprovado na categoria mecenato do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec) e vai acontecer de 7 a 10 do próximo mês. Na programação estão inclusas mesas de debates, palestras, oficinas e apresentações culturais.
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O primeiro dia de evento começa com uma roda de conversa sobre feminismo, relações de gênero, sexualidades e movimentos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros), no Sesc. A intenção é discutir alguns assuntos sobre o viés dos estudos feministas e dos movimentos sociais.
– Decidimos iniciar o evento com uma roda de conversa porque é assim que queremos que ele seja, um espaço de troca de saberes e experiências, que toda a comunidade possa participar. Não queremos um evento apenas de pesquisadores falando entre si – afirma Camila Diane Silva, historiadora e militante da Arco-Íris.
No mesmo dia, às 19 horas, a terceira edição da Semana da Diversidade é aberta oficialmente com apresentação de teatro playback do grupo Dionisos Teatro, também no Sesc. Como todo teatro playback, Dionisos irá interpretar histórias contadas pela plateia e, nesse caso especialmente as vivências LGBT.
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O tema desta edição, “Nossa História, Nossa Luta”, traduz a vida das pessoas LGBT como histórias pessoais, mas também de luta e resistência.
– A militância é a nossa história. Quando discutimos esses assuntos, estamos discutindo sobre nós e a luta que travamos por direitos. O nosso objetivo é fazer com que esse debates surtam efeito na sociedade. A comunidade LGBT não pode sofrer a violência que sofre – afirma Cintia Soares, militante da Associação Arco-Íris.
Segundo o último relatório de violência homofóbica no Brasil, foram registradas 1.695 denúncias de violações relacionadas à população LGBT pelo Disque 100, no ano de 2013. O relatório é elaborado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos e do hoje extinto Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.
De acordo com o último relatório anual de assassinato da população LGBT, realizado pelo Grupo Gay da Bahia, em 2015 foram documentados 318 assassinatos de gays, lésbicas, travestis e transexuais brasileiros.
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O número representa quase uma morte por dia no país. Joinville, assim como a maioria das cidades catarinenses, não possui categorias de registro que possam contabilizar esses dados. Em Florianópolis, a Polícia Civil começou esse processo.
– Nós vivemos um momento muito delicado no Brasil no campo dos direitos humanos. Os nossos índices de violência contra mulheres e pessoas LGBT são altíssimos. A sociedade precisa repensar sua perspectiva sobre os gêneros e sexualidades. Não estamos reivindicando privilégios. Nossa luta é pelo respeito de ser quem somos, de não sermos violentados por isso. Parece justo, não? – questiona Marcos Oliveira, militante da Arco-Íris.
Além de discutir gêneros e sexualidades, a programação da Semana da Diversidade também irá abordar as diversidades étnicas, de condições sociais e pessoas com deficiências.
– Não podemos afirmar que um homossexual negro é tratado socialmente igual a um homossexual branco. Ou que uma pessoa transexual pobre tenha o mesmo tratamento que uma transexual rica. Por isso, é muito importante discutirmos e entendermos as particularidades de cada situação de acordo com essas categorias sociais – defende Cintia.
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A programação do evento reunirá mais de dez estudiosos e militantes dos direitos de gêneros e sexualidades. Além das discussões, durante a Semana também haverá lançamentos de livros e oficinas de cordel e maracatu. Todas as atividades são gratuitas e acontecerão em diferentes locais da cidade. A intenção é descentralizar o evento e aproximá-lo de diferentes comunidades de Joinville. O evento também contará com intérprete de libras em toda sua programação.
– Queremos provocar muitas reflexões com a Semana. O nosso desejo é que as pessoas repensem padrões e toda violência que eles geram. Precisamos olhar para a heterossexualidade através de uma perspectiva história cultural. Se a sociedade entende o comportamento heterossexual como normal e o homossexual como anormal é porque nós mesmos criamos esses padrões sociais – reflete Camila.
Histórico do evento
A Semana da Diversidade de Joinville teve sua primeira edição realizada no ano de 2009, com o tema “Direitos Seus, Direitos Meus = Direitos Humanos”. No ano seguinte, a Associação LGBT Arco-Íris realizou a segunda edição do evento, intitulada “Famílias Somos Todos”.
Desde então, não houve mais nenhuma edição da Semana. No ano passado, a Arco-Íris realizou o I Seminário Inventando Gêneros, em parceria com o Núcleo de Estudos em Comunicação do Bom Jesus/Ielusc.
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Programação
07/09 – QUARTA-FEIRA
15h – Sesc
Roda de Conversa: feminismos, relações de gênero, sexualidades e movimentos LGBTs
Palestrantes: Camila Diane Silva, Kethlen Kohl e Daniela Rosendo
19h – Sesc
Abertura oficial da 3ª Semana da Diversidade de Joinville
Teatro Playback: Dionisos Teatro
19h – Sesc
Abertura da Exposição Fotográfica Itinerante “Nossa história, Nossa Luta
08/09 – QUINTA-FEIRA
19h – UFSC
“Nossa História Trans”
Palestrantes: João W. Nery e Letícia Lanz
21h – UFSC
Lançamento de Livros e Sessão de Autógrafos
Palestrantes: João W. Nery e Letícia Lanz
09/09 – SEXTA-FEIRA
19h – Sociedade Kênia Clube
“Nossa História de Pele: desejos ?desviantes? e questões raciais”
Palestrantes: Jarid Arraes e Samuel de Paula Gomes
10/09 – SÁBADO
10h – Sociedade Kênia Clube
Oficina de Maracatu Tambor de Mariyás
15h – Sociedade Kênia Clube
Oficina de Cordel Jarid Arraes
19h – UFSC
“Nossa História entre Elas e Eles”
Palestrantes: Ana Maria e Alejandro Mujica Rodrigues
20h – UFSC
“Nossa História: caminhos da educação e da arte para população LGBT”
Palestrantes: Laysa Carolina Machado
20h – UFSC
“Nossa História de Corpo: vivências LGBTs e pessoas com deficiência”
Palestrante: Anahi Guedes