Joinville registrou uma média cinco situações de violência contra a mulher por dia até agosto deste ano. Os 1.208 casos estão contabilizados no sistema da Secretária de Segurança Pública de Santa Catarina e englobam estupros – consumado e tentado –, tentativa de homicídio, lesão corporal dolosa – quando há a intenção – e roubo. O montante de casos violentos motivou um grupo de joinvilense a criar um sistema para ajudar a evitar essas agressões.
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O aplicativo de segurança foi criado com a intenção de combater e também prevenir situações que ocorrem com as mulheres diariamente. A tecnologia possui uma espécie de botão de pânico que, ao ser acionado, ativa uma lista com cinco contatos de confiança da vítima, já pré-cadastrados no sistema. As pessoas na listagem recebem um alerta com a localização e o pedido de ajuda da mulher.
— Nós procuramos detectar as dores da sociedade, um dos principais problemas crescentes foi a insegurança, agressões e importunação contra mulheres. Depois de ouvir muitas pessoas, nós criamos o sistema Security Care, que nada mais é do que o acesso a um guarda costas na palma da mão — conta o idealizador do projeto, Edvaldo Veiga.
Inicialmente, o aplicativo foi lançado para teste em um grupo de 500 mulheres. Agora, depois de aprovado, o sistema está disponível para download nas lojas dos principais sistemas operacionais. De acordo com Veiga, a intenção é tornar o aplicativo acessível a qualquer cidadão e estender o alerta do botão do pânico a uma listagem mais ampla.
Com o tempo, o desenvolvedor pretende enviar o sinal para a população que esteja em um raio de 500 metros da vítima e, assim, tornar o apoio e a ajuda mais rápida. A ideia de expandir o aplicativo ajuda a manter as ruas da cidade mais seguras para a comunidade. Ainda que a Constituição Federal de 1988 preveja que manter a segurança pública é um dever do Estado, é direito e responsabilidade de todos contribuir para a preservação da ordem pública.
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Ajuda nos crimes de importunação sexual
O desenvolvedor menciona o auxílio do sistema a este preceito da segurança em casos de importunação sexual, por exemplo, comumente sofrido por mulheres em transportes coletivos ou nas ruas da cidade. Há cerca de uma semana, Joinville teve a primeira prisão em flagrante por este tipo de crime. Uma jovem, que viajava de ônibus de Itajaí à Joinville, percebeu que um homem passava a mão nas suas pernas durante a viagem.
O delito foi incluído no código penal em setembro deste ano após uma situação de agressão sexual no metrô de São Paulo. Depois da aprovação do projeto de lei, há penalização para a realização de atos libidinosos na presença da outra pessoa e sem consentimento dela.
Ao chegar à rodoviária joinvilense, a jovem procurou uma guarnição da Polícia Militar e o suspeito foi preso em flagrante pela polícia. Mas, a vítima precisou conviver durante o trajeto, até o destino final, com a situação de o agressor estar encarando-a. A situação poderia ter sido diferente caso ela e outros passageiros tivessem acesso ao aplicativo.
Para Veiga, apesar dos esforços das forças de segurança, em alguns casos o agressor acaba fugindo antes da chegada da polícia. O alerta do aplicativo para as pessoas próximas da situação de violência contra a mulher traria mais agilidade e contribuiria no apoio à vítima, diminuindo o trauma causado pela situação.
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— A nosso preceito é tentar evitar este trauma. Com mais pessoas cientes da agressão, mais haverá interferência. Assim, ainda implantar na cabeça dos agressores que ele não é soberano nessas agressões e sociedade se cuida entre si, ficando cada vez mais segura — conclui.