Joinville teve um aumento de 543% em registros de incêndio em vegetação nos primeiros cinco meses de 2020. A comparação é em relação a 2019. O Corpo de Bombeiros Voluntários havia atendido 30 ocorrências nos cinco primeiros meses do ano anterior. Já em 2020, foram 163 a mais no mesmo período, o que totaliza 193 ocorrências.
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A situação foi sentida em todo o Norte de Santa Catarina, que apresenta um aumento de 417% nos casos de incêndio em vegetação atendidos pelos bombeiros militares e voluntários neste ano. Até maio de 2019, a macrorregião possuía 209 registros. Agora, até maio foram 1075 ocorrências atendidas pelas equipes de combate; 866 a mais. Os bombeiros voluntários de Jaraguá do Sul também registram o aumento: foram 27 casos em 2019 contra 108 neste ano.
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As equipes de combate a incêndio que atendem a região de Itajaí até Itapoá, composta pelo 7º Batalhão de Bombeiros Militares, teve um crescimento de 300% em comparação ao ano anterior: de 51 ocorrências atendidas até maio de 2019, neste ano subiu para 204. Segundo informado pelo 9º Batalhão, responsável pela região de Canoinhas, o crescimento foi de 112%, subindo de 25 para 183 nos dois primeiros trimestres de 2020 na região.
O comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville, Carlos Antonio Kelm, explica que a principal causa para este crescimento foi a falta de chuva nos últimos meses somada à falta de cuidado por parte da população. Conforme ele, a vegetação ressecada torna-se facilmente inflamável, mesmo a partir de pequenas brasas trazidas pelo vento.
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— Com a quarentena, devido à pandemia da Covid-19, muita gente ficou em casa nesse período, resolvendo usar o tempo livre para roçar seus terrenos e, após, queimando o capim roçado ou então arrumando as suas casas e queimando lixo, peças de mobiliário ou outros entulhos. O vento espalha as brasas e o resultado é esse que se viu — completa.
Ele lembra, ainda, que é proibido queimar lixo, considerado crime ambiental. Segundo ele, as principais dificuldades das equipes de combate a incêndio estão relacionadas a terrenos com grandes extensões, por envolver grande mão de obra de bombeiros e necessitar de mais profissionais. Além disso, há os desafios relacionados às áreas de difícil acesso que impossibilitam o emprego de recursos necessários como caminhões de combate a incêndio, por exemplo.
— Nesses casos, sendo possível, solicitamos o apoio do helicóptero Águia 1, da Polícia Militar, que consegue jogar água no fogo em sobrevoo do local do incêndio — explica.
Consequentemente, de acordo com o comandante, as dificuldades são sentidas por toda a população. Primeiro por demandar equipes ao combate e desguarnecer a cidade com relação a ocorrências simultâneas, e segundo por possíveis queimaduras ou inalação da fumaça que pode levar a intoxicações, além dos prejuízos patrimoniais.
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— Pedimos atenção à população, a fim de que não façam nenhum tipo de queimada, bem como evitem descartar descuidadamente pontas de cigarro, ou qualquer coisa desse gênero, em local que possa vir a ocasionar um incêndio em vegetação — orienta.
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Não só ao Norte de SC, o aumento também foi sentido em todo o estado. Conforme divulgado pelo colunista Renato Igor, do início do ano até o dia 26 de maio foram 3.671 ocorrências registradas pelos Bombeiros. No mesmo período do ano passado foram 899 casos.
— Dá para dizer que 99% deles são causados pela ação humana. Não podemos dizer se é intencional ou acidental, pois há a dificuldade do flagrante. Acredito que a maioria seja acidental. São casos de limpeza de terreno, fogo em lixo, galhos e folhas, por exemplo — explicou o Comandante do 1º Batalhão dos Bombeiros em Florianópolis, Coronel Diogo Bahia Losso, em entrevista à coluna.
Constatando qualquer princípio de incêndio em vegetação ou entulho, os bombeiros orientam a população que contate imediatamente o telefone 193, a fim de que o incêndio possa ser combatido antes que saia de controle. Para quem possuir mobília usada ou objetos semelhantes para descarte, os profissionais sugerem que a população acione a empresa responsável pela coleta de lixo na cidade para buscar esse tipo de resíduo nas casas, sendo desnecessário, e perigoso, proceder com a queima.
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