Descoberta há mais de 30 anos, a síndrome da imunodeficiência adquirida (aids, na sigla em inglês) ainda é uma doença a ser combatida em todo o mundo. São 827 mil pessoas em todo o Brasil que vivem atualmente com o vírus HIV, causador da doença. Em Joinville, são 3.816 casos registrados. Para conscientizar a população dos cuidados com a prevenção, diagnóstico e tratamento da doença é lembrado nesta quinta-feira o Dia Mundial de Luta contra a Aids.

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A aids não tem cura e é transmitida, predominantemente, pelas relações sexuais. Ela também pode ser adquirida da mãe, na gestação, no parto ou durante a amamentação. Os casos de transmissão pelo sangue, comuns quando a doença foi descoberta, hoje são difíceis de acontecer, de acordo com a infectologista Ana Flávia Bonini. Ela explica que a aids causa queda na resistência do organismo, deixando-o vulnerável a vários tipos de infecções, como as cerebrais e pneumonias.

– A partir do momento em que a pessoa se infecta, ela pode levar poucos anos ou até dez ou mais para começar a manifestar sintomas. Caso não tenha o hábito de fazer exames, só vai descobrir quando estiver doente. Se ela tiver o costume de fazer o teste, tem oportunidade de se descobrir positiva antes e começar o tratamento mais precoce – explica.

Ana Flávia esclarece que existe diferença entre a pessoa ser portadora do HIV e ter aids, que é a doença ativa e instalada. Segundo ela, todo mundo que têm aids tem HIV, mas nem todos que portam o vírus também têm aids. Por isso, é importante que o diagnóstico aconteça o mais cedo possível.

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Antigamente, o portador do vírus precisava tomar vários medicamentos, o chamado coquetel. Hoje, eles recebem o nome de antirretrovirais e precisam ser ingeridos diariamente. A diferença é que grande parte dos pacientes toma apenas um comprimido ao dia. O tratamento vai manter a expectativa de vida do soropositivo muito perto ou igual à de uma pessoa sem a doença.

– O fato de a pessoa estar tomando a medicação e ter a carga viral indetectável torna o risco de transmissão menor – acrescenta.

Mais informação pode causar descuido

A percepção da infectologista Ana Flávia Bonini é de que a procura pelo exame que pode diagnosticar o vírus HIV tem crescido nos últimos anos em Joinville. Com a internet e o acesso fácil à informação, os pacientes chegam mais bem informados ao consultório da especialista, junto ao Programa DST/Aids da Secretaria Municipal da Saúde. No entanto, ela conta que, apesar de saberem do risco, as pessoas não colocam a prevenção em prática.

– Eu tenho a percepção de que as pessoas sabem que podem pegar por qualquer tipo de sexo, tanto heterossexual quanto homossexual, mas na hora de ter a relação parece que elas não estão se cuidando. E de camisinha acho que todo mundo já ouviu falar e tem acesso fácil, mas as pessoas acham que não acontece com elas – opina.

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Outro problema identificado pela infectologista é que o maior conhecimento da população, principalmente de que a doença tem tratamento, acabou gerando um descuido maior das pessoas. Segundo ela, houve a perda do impacto que tinha antes porque os pacientes tinham um prognóstico muito sombrio e as pessoas tinham medo de estarem infectadas.

– Por um lado, você tem tanta informação e, por outro, você não está se cuidando. Isso é contraditório e está repercutindo no aumento dos casos. Vamos na contramão dos países desenvolvidos, que estão tendo uma redução no número de casos – salienta.

Secretaria de Saúde realiza testes rápidos

Com o objetivo de conscientizar e orientar as pessoas, o Programa DST/Aids da Secretaria da Saúde de Joinville vai fazer hoje a distribuição de preservativos, entrega de materiais orientativos e realizar testes rápidos para HIV. A ação ocorrerá no pátio da Unidade Sanitária, na rua Abdon Batista, 172, no Centro, das 7h30 às 17h30, e será repetida na sexta-feira, também no mesmo horário.

A Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) Ulysses Guimarães, na zona Sul, também fará uma ação alusiva ao Dia Mundial de Combate à Aids nesta quinta-feira. Serão distribuídos materiais orientativos e também preservativos. A ação ocorrerá das 16h às 18h e contará com apoio da Guarda Municipal.

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Na região de Pirabeiraba, a comunidade da Vila Leopoldina, na Estrada Caminho Curto, também vai receber orientações sobre prevenção da doença. As equipes da UBSF Pirabeiraba estarão lá a partir das 14h.