A transformação de Medellín – cidade colombiana que deixou para trás um passado marcado pela violência para se tornar referência mundial em inovação – é tema do 3º Seminário Cidades que se Reinventam, às 9h de hoje, no primeiro dia da Expogestão 2019, na Expoville, em Joinville. O case de sucesso representa uma fonte natural de inspiração em planejamento e infraestrutura urbana.

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Nas décadas de 1980 e 1990, Medellín sustentava dois reconhecimentos distintos, de um lado o de maior polo industrial colombiano, do outro, o símbolo do narcotráfico. Esta última, uma realidade ingrata a qual metrópole tratou de vencer. A mudança começou em 2004, por meio do combate às guerrilhas, e foi intensificada nos últimos 10 anos com ações voltadas a cultura, educação, tecnologia e reurbanização. De lá para cá, os resultados foram surpreendentes, e hoje o que se vê é um exemplo de superação liderada por inovação, empreendedorismo e participação cidadã.

É essa história que Santiago Ospina Franco, diretor de Comunicação e Marketing da Ruta N, centro de inovação e negócios e também uma das vozes da transformação de Medellín, compartilhará com gestores públicos e executivos em Joinville.

— Medellín passou por um trabalho para reinventar a si mesma, liderado por um comitê que tem a participação de universidades, empresas e o Estado. Juntos esses grupos firmaram pacto com a missão de buscar soluções inovadoras para os problemas da cidade e revertê-las em qualidade de vida aos nossos habitantes — aponta Santiago.

Onde antes havia lixo, hoje está situado o maior jardim de Medellín, o Jardim de Moravia
Onde antes havia lixo, hoje está situado o maior jardim de Medellín, o Jardim de Moravia (Foto: Ruta N, Divulgação)

Mudança da economia local

Segundo o executivo, um dos marcos foi a decisão de desenvolver diferentes planos para mudar a economia local do industrial à economia baseada no conhecimento, o que guiou as mudanças que a cidade precisava. A ideia se deu através de investimentos em ciência, tecnologia e inovação (CT+i) de forma inclusiva e sustentável. A expectativa de retorno é de que já em 2021 a inovação alcance o posto de principal mobilizador da economia e do bem estar da região.

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A meta está sendo percorrida a passos largos. Até agora, a principal conquista é a redução de ao menos 90% da taxa de mortes violentas – atualmente de 24 homicídios por cada 100 mil pessoas ao ano em um universo de 2,5 milhões de habitantes – o que tirou Medellín do ranking das 50 cidades mais violentas do planeta. Nos anos 1990, estava no topo dessa lista com 380 mortes violentas por 100 mil habitantes. Outro reflexo das políticas públicas implantadas é a valorização cidadã, com o surgimento de mais oportunidades de estudo e trabalho, o que melhorou a qualidade de vida da população nas periferias.

— Como se alcança o sucesso? Com uma aplicação da força do Estado e da Lei e por meio de uma intervenção social e da inovação. Transmitir os serviços do Estado para as comunidades mais afastadas, essa é uma das políticas mais importantes — completa Santiago.

Semelhanças entre as duas cidades

Em meio à virada urbana e social, a proposta de ir além valendo-se do campo econômico faz com que Medellín seja buscada por dezenas de cidades do globo como referência. A procura se deve justamente aos impactos do ambicioso projeto de tornar a metrópole um polo mundial de inovação. O mesmo caminho é percorrido por Joinville.

A cidade catarinense carrega a ambição de se tornar a principal Smart City da América Latina e lançou uma iniciativa liderada pelo poder público em 2015. Trata-se do Plano #Join30 para construir uma cidade mais inteligente e humana até 2045.

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— Ao criar esse marco para Joinville, nosso desejo não é o de investir em concreto ou em grandes obras físicas, mas em deixar um legado para o

futuro. Não queremos ser como São Paulo, Rio de Janeiro ou Recife, por exemplo. Buscamos nos tornar algo como Medellín e não tenho dúvidas de que, em breve, vamos ser líderes de inovação na América Latina — aposta o prefeito de Joinville, Udo Döhler.

De acordo com Döhler, a estimativa é de que em 30 anos a população dobre, enquanto a economia deve triplicar. Para abarcar tal demanda, o município está valendo-se da sua capacidade de buscar recursos próprios junto a financiamentos com instituições como o Banco do Brasil e o Banco Interamericano de Desenvolvimento para investir em infraestrutura, além de contar com seu potencial econômico e da tecnologia como aliada para atrair novos investidores.

Dos morros das comunidades mais pobres de Medellín, os teleféricos conectam a população ao restante da cidade, gerando mais oportunidades sociais e econômicas
Dos morros das comunidades mais pobres de Medellín, os teleféricos conectam a população ao restante da cidade, gerando mais oportunidades sociais e econômicas (Foto: Ruta N, Divulgação)

Perspectiva para parque tecnológico

Outra grande força para essa transformação acontecer de fato é o retorno que se espera com o parque tecnológico Ágora Tech Park, no Perini Business Park, que tem missão parecida com o que a Ruta N representa para os colombianos. Os dois ambientes servem como centralizadores do ecossistema de inovação, reunindo iniciativas conjuntas entre empresas, universidades e o governo local para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação.

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Apesar de não ter servido diretamente de modelo para o projeto joinvilense, a Ruta N dá uma ideia do quanto a economia criativa pode impactar positivamente. Em 10 anos, o centro de inovação de Medellín conseguiu atrair mais de 260 empresas de 31 países e empregar 7 mil pessoas. Hoje, é tratada como o "Distrito de Inovação da cidade" e é considerada uma das 10 empresas mais inovadoras da América Latina, a única pública, pela revista especializada FastCompany.

Caminhos escolhidos para a transformação acontecer

Santiago Ospina Franco acredita que um dos principais ensinamentos da experiência colombiana que servem para qualquer cidade do mundo que deseja seguir os passos de Medellín é: desvencilhar o plano de futuro de um plano de governo. Ainda segundo ele, outro passo importante é tomar a decisão de fazer a transformação e crer profundamente que é possível fazê-la.

— É preciso fazer acordos, destinar recursos, e colocá-los em prática em um plano estratégico. Isso necessita um compromisso que inclui todas as bases socioeconômicas da cidade e uma entidade que articule os atores da sociedade e que não dependa do governo, para que fiscalize o cumprimento deste plano e a cidade possa avançar — ensina.

Mobilidade no foco

Joinville percebeu essa necessidade ainda em 2013, quando criou o Join.Valle, hoje um dos principais expoentes das estratégias de futuro do município. É por meio desse programa que ações viabilizadas pela tecnologia geram impactos positivos para a cidade, como a criação do Ágora Tech Park e seu plano de mobilidade urbana (PlanMOB), que passou a ser adotado pelo Governo Federal como referência para o País.

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– Percebemos que sem mobilidade nós não conseguimos avançar – cita Udo Döhler, prefeito de Joinville.

Conforme ele, projetos na área de mobilidade e também de adensamento populacional estão no radar da prefeitura para melhorar a qualidade de vida dos joinvilenses – vide a aprovação da outorga onerosa e o plano de transporte ativo adotados pelo município.

A questão da mobilidade inclusive se tornou um dos meios de entender as mudanças que a tecnologia está promovendo em Joinville. Um dos principais exemplos é a parceria com o Google e as universidades locais, que usam da inteligência artificial para acessar dados do trânsito em tempo real e possibilitar simulações e intervenções para melhorar o fluxo do trânsito da cidade, sem necessidade de gastos exorbitantes.

— A cidade não existe para construir prédios altos nem avenidas largas, existe para propiciar o bem-estar social para as pessoas e estamos trabalhando fortemente nesse sentido — defende o prefeito de Joinville.

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PROGRAMAÇÃO PRINCIPAL:

Terça-feira, 14 de maio

14h – Abertura

15h – Oscar Motomura, CEO da Amana-Key, “Liderança para um futuro incerto”.

16h40min – Lélio Lauretti, consultor, autor e sócio-fundador do IBGC, “Ética em um mundo em transição”.

18h – Renato Meirelles, presidente do Instituto de Pesquisa Locomotiva, “Quem é o consumidor brasileiro”.

19h20min – Maílson da Nóbrega, economista, ex-ministro da Fazenda, “Perspectivas da economia brasileira”.

Quarta-feira, 15 de maio

14h – Chef Claude Troisgros, CEO do grupo Troisgros, “Um Empreendedor com apetite por inovação e paixão pelo Brasil”.

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15h20min – Ulisses Mello, diretor da IBM Research, “A revolução da computação quântica”.

17h – Silvio Pietro Angori, CEO da Pininfarina S.P.A, “Como o design faz do mundo um lugar melhor?”.

18h20min – Divino Sebastião de Souza, CEO do Grupo Algar; Silvana Romagnole, presidente do Conselho de Família da Romagnole Produtos Elétricos; e Roberto Faldini, consultor e Cofundador do IBGC, “Alta performance, longevidade e governança corporativa”.

Quinta-feira, 16 de maio

8h – Jerome Cadier, CEO da Latam; e Fernando Cestari de Rizzo, CEO da Tupy, “Sessão estratégia”.

9h30min – Holger Marquardt, diretor da Mercedes-Benz para a América Latina e o Caribe, “Cultura centenária para superar os próprios recordes”.

10h50min – Claudio Martinelli, diretor-Geral para a América Latina da Kaspersky Lab, “Privacidade e segurança, novas questões para quem está conectado”.

14h – Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil, “Como transformar negócios a partir da inteligência artificial”.

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15h10min – Santiago Ospina Franco, diretor de Comunicação e Marketing da Ruta N, “Medellín, de cidade do desalento a capital mundial da inovação”.

15h50min – Zeca de Mello, filósofo e professor da Fundação Dom Cabral, “Aprender, desaprender, reaprender”.

EVENTOS PARALELOS:

Feira de negócios

A tradicional Feira da Expogestão contará com a exposição de, ao menos 45 apoiadores e parceiros do evento, entre empresas e entidades. O espaço, que serve para ampliar a rede de relacionamentos, fazer negócios e estreitar interesses profissionais, vai funcionar hoje e amanhã, das 13h às 21h, e na quinta-feira, das 8h às 18h.

Workshops gratuitos

— Para esta edição foram pensadas 59 oportunidades de conhecimento acessível por meio de workshops, com lições compartilhadas por empresas e instituições. Ao todo são cerca de 50 vagas gratuitas disponíveis por workshop, mediante inscrição antecipada no site www.expogestao.com.br/workshops.

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NSC comunicação marca presença

A NSC Comunicação terá stand na Feira de Negócios e vai ministrar cinco dos workshops gratuitos.

— Hoje, às 14h30min, a gerente de Comunicação e Marca da NSC, Romí de Liz, apresenta “Por que a sua marca pode – e deve – fazer do mundo um lugar melhor?”.

— Às 16h de quinta-feira, o diretor de Operações e Produtos Digitais da NSC, Bruno Watte, apresenta “Os desafios da inovação nas empresas estabelecidas”.

— Também na quinta-feira acontecem em paralelo, às 17h30min, outros três workshops: o gerente regional de jornalismo da

NSC Comunicação em Joinville e Blumenau, Domingos Aquino, apresenta “O valor da Comunicação (com propósito) para a sociedade e para os negócios”; o diretor Regional de Mercado da NSC Comunicação, Luciano Moura, apresenta “O Consumidor do Futuro: Oportunidades e desafios. Mitos e fatos”; e a coordenadora do Núcleo de Branded da NSC, Gabriela Moura Santos, apresenta “Branded Content – estratégias de conteúdo para marcas”.

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