Joinville registrou o início de ano com menor número de assassinatos desde 2015, ano anterior ao momento em que crimes desta natureza começaram a aumentar e a bater recordes de incidência na cidade. Nos três primeiros meses de 2019, o número de mortes violentas computadas em Joinville foi de 22, segundo o relatório da Secretária de Segurança Pública (SSP) de Santa Catarina. No sábado, este número aumentou porque um jovem de 18 anos, baleado na sexta à noite, morreu no Hospital São José.

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Na comparação com 2016, houve redução de 30,3% no índice, quando 33 homicídios foram registrados. Em 2017, este número chegou a 40 no primeiro trimestre, ano que terminou com maior soma de mortes violentas já registrada na cidade, com 137 assassinatos. O índice leva em consideração mortes por homicídio, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e em decorrência de intervenção policial.

A especialização dos órgãos de segurança, apoio da população e o trabalho integrado entre Polícias Militar e Civil, Instituto Geral de Perícias, Ministério Público e Poder Judiciário são elementos apontados como motivadores à redução.

Levantamento realizado pelo jornal “A Notícia” demonstra que, dos crimes registrados neste ano, 22 vítimas eram homens e uma era mulher – neste caso, ela foi vítima de feminicídio, uma vez que foi morta pelo ex-companheiro, em um crime de violência doméstica. A pessoa mais jovem era um adolescente de 15 anos, morto em 22 de janeiro que, assim como grande parte das vítimas, pertencia à faixa etária dos 15 aos 25 anos.

De acordo com o delegado Dirceu Silveira Junior, titular da Delegacia de Homicídios (DH), a motivação para a maioria dos homicídios tem como pano de fundo a atuação de facções criminosas e a disputa geográfica pelo controle de tráfico de drogas.

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No entanto, um novo componente foi observado pela polícia durante as investigações em 2019. São ações de retaliações ou “rixas individualizadas”, quando o autor de um homicídio é morto por comparsas da vítima.

– Estão em uma situação de que, se você for amigo de pessoas contrárias à facção criminosa, já é motivo para que seja alvo. É por isso que as comunidades onde ocorrem estes crimes estão apreensivas – explica o delegado.

Sensação de insegurança

A exteriorização desta violência por parte dos criminosos deixa na comunidade a sensação de insegurança, já que se sentem como "donos" do espaço e intimidam a população. Conforme o delegado, para auxiliar nas investigações e contar com o apoio destas pessoas, a DH utiliza mecanismos de conversação com a comunidade de forma anônima e segura.

Com isso, a delegacia conseguiu criar confiança, coletando informações importantes para compor os inquéritos policiais. Antes, esses dados não chegavam à polícia porque as pessoas tinham medo de denunciar e sofrer retaliações.

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– A retribuição que damos à esta confiança da comunidade são as prisões, os inquéritos policiais e também tirar essas pessoas de circulação, já que cometeram um crime grave. Então, isso traz credibilidade ao trabalho da delegacia – aponta.

A prisão é outro fator motivador para a queda no número destes crimes porque desestruturam os núcleos que executam os assassinatos. Em 2018, 170 pessoas foram detidas em procedimentos policiais promovidos pela delegacia especializada, enquanto, no primeiro trimestre de 2019, foram 44. Desde o início das atividades da Delegacia de Homicídios, em 2016, o índice de resolução aumentou, chegando a 70% nos casos investigados em 2019.