Dois jovens foram diagnosticados com dengue em Joinville, contabilizando os primeiros casos da doença no município, que já tem 115 focos do aedes aegypti. Um dos rapazes que apresentaram sintomas da doença tem 20 anos e é morador do bairro Vila Nova, onde existe um local de reprodução do mosquito.
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A partir dos sintomas – febre alta súbita, manchas pelo corpo e dores ao redor dos olhos e na cabeça -, foi constatada a necessidade de realização do exame de sangue, feito pelo Laboratório Central do Estado (Lacen), em Florianópolis. O resultado chegou na manhã desta quarta-feira, confirmando a presença do mosquito contaminado na cidade.
O outro jovem, de 16 anos, mora em Pirabeiraba, onde não existem focos de reprodução. Tanto ele quanto o morador do Vila Nova já tiveram alta do hospital.
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Pesquisas que estão sendo realizadas pela Secretaria de Saúde confirmam que os dois não saíram de Joinville nos últimos 15 dias, período de incubação da doença. Este é um indício de que o contágio aconteceu no município, de acordo com a secretária de Saúde Larissa Grun, que se pronunciou sobre os casos em coletiva de imprensa. Um terceiro caso, que estaria na região mais contaminada da cidade, o bairro Itaum, foi descartado.
– Existe o problema em Joinville – admitiu a secretária, que conta com o apoio da população.
– As pessoas têm que limpar os seus quintais, jogar fora o lixo e deixar cobertas as áreas de acúmulo de água – recomendou.
Areia no pratinho das plantas, caixas d?água com tampa e lixeiros fechados são dicas veiculadas em campanhas todos os anos. Para a Secretaria, as pessoas acabam se acostumando com a mensagem e esquecendo de colocar a medidas de saúde em prática no dia-a-dia.
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– Esse é o momento em que é preciso reavivar a importância da conscientização – frisou Larissa.
Mesmo com as campanhas, mais da metade dos focos do mosquito estão em recipientes plásticos, latas, sucatas e entulhos que ficam nas casas dos moradores. Isso foi constatado em 59 locais diferentes. Em dezembro de 2014, somente no terreno de uma residência, 42 pontos de reprodução do mosquito foram identificados.

Mutirão passará por 82 ruas de Joinville
Diante da proliferação do mosquito e dos casos confirmados de contágio da dengue, a Secretaria de Saúde de Joinville programou um mutirão que passará por 82 ruas. No dia 12 de fevereiro, moradores do Itaum e do Floresta, que concentram o maior número de focos, devem deixar na calçada todo lixo e entulho que podem acumular água e servir de criadouro para o vilão da dengue. As secretarias de Saúde e Ambiental e o Exército formarão uma equipe de aproximadamente 150 pessoas envolvidas no recolhimento dos materiais descartados.
A mobilização tem justificativa: um mosquito pode contaminar até 300 pessoas. Seis transmissores da dengue infectariam, hipoteticamente, 1,8 mil pessoas, caracterizando uma epidemia. Para a Secretária de Saúde, Joinville está longe de chegar a esse ponto, ainda mais se contar com a ajuda da população e seguir com os planos executados há cinco anos no município.
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Desde 2010, o município executa o Plano de Contingência da Dengue. A coordenadora da Vigilância Ambiental Vanderli de Oliveira é responsável pelo trabalho de controle realizado nas ruas. De acordo com ela, uma das tentativas de controlar a população de mosquitos é colocar armadilhas feitas de pneus que capturam o aedes aegypti. São 1.370 espalhadas pela cidade, que são visitadas semanalmente. Além disso, existem 300 pontos estratégicos, colocados principalmente em fábricas, investigados a cada 15 dias.
– Mas os mosquitos não estão caindo nas armadilhas. Eles estão preferindo a casa das pessoas – alertou a secretária Larissa Grun.
Quando um foco é encontrado, a investigação passa a abranger as residências, comércios e empresas que ficam a um raio de 300 metros. Se existe suspeita de contaminação, a casa, a empresa, a escola, a igreja e qualquer outro local que seja frequentado pela pessoa doente caem na malha fina e, mesmo que não apresentem foco, passam a ser investigados a um raio de 50 metros.
A agulha no palheiro
O trabalho de encontrar a agulha no palheiro é de agentes de endemia como Sueli de Fátima Moretti. Ela esteve no bairro Vila Nova na manhã em que a suspeita do caso de dengue foi confirmada. Rodou pelas casas que ficavam a 50 metros do local onde mora o jovem contaminado e acabou encontrando larvas em três locais. Um deles era uma piscina de plástico, pendurada no varal na noite anterior.
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– Os ovos ficam por mais de um ano na parede da piscina, por isso tem que lavar com escovão. Eles só precisam de uma lâmina de água pra eclodir – orientou Fátima.
O mosquito, de acordo com a agente, leva de cinco a dez dias para sair do estágio larval e ganhar os ares. Caso pique alguma pessoa contaminada, vai acabar sendo transmissor da doença para outras pessoas das quais se alimentar.
Enquanto coletava mais água parada com auxílio do “pipetetão”, uma espécie de conta-gotas ás avessas, a agente instruía o morador a usar repelente principalmente nas pernas, porque o mosquito não voa a mais de um metro de altura.
– Por isso as crianças e as mulheres são mais picados, porque andam mais com as pernas de fora – cogitou ela.
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Depois de colocar as larvas mortas afogadas no álcool dentro do “tubito”, ela etiqueta as amostras identificando, além do endereço, o tipo de material onde foram encontradas. A análise laboratorial dos insetos é rápida. Na tarde desta segunda-feira, a Vigilância Ambiental já sabia que não se tratavam de mosquitos transmissores da dengue.
