Há décadas detentora do título de ‘Cidade das bicicletas’, Joinville ganhou um incentivo no reconhecimento da bike entre os principais meios de transporte dos joinvilenses. Desde a manhã desta terça-feira (17), ciclistas, pedestres e motoristas da região central contam com a primeira ciclorrota da cidade, um reforço ao compartilhamento viário.

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A ação desenvolvida pela Prefeitura de Joinville contempla cerca de um quilômetro e correspondente a uma parte da Rua XV de Novembro (entre as ruas do Príncipe e Dona Francisca), um trecho da Rua do Príncipe (entre a XV e a Marinho Lobo), além da própria Marinho Lobo e a Rio Branco (trecho da Marinho Lobo à 9 de Março). Parte da calçada da Rua XV também recebeu sinalização do Departamento de Trânsito de Joinville (Detrans), onde terá fluxo de ciclistas e pedestres.

A escolha da região é estratégica e busca ligar os eixos ciclísticos entre a XV de Novembro, nas proximidades do cruzamento com a Rua Blumenau, até a Rio Branco — antes sem continuidade de infraestrutura cicloviária. Outro ponto determinante é o fato dessas ruas terem tráfego de baixa velocidade (30 km/h), que corrobora para o compartilhamento do espaço sem separação física.

Segundo a arquiteta da Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável (Sepud), Taline Rolim, apesar de ser um projeto experimental no sentido de colher resultados quanto à segurança e educação no trânsito, essa modalidade deverá ser ampliada para outras ruas do Centro. Mesmo nos locais sem ciclorrota implantada, o compartilhamento das vias já é previsto pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

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— Essa ação foi justamente pensada para incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte, uma vez que a cidade possui uma boa malha cicloviária, mas muitas dessas ciclofaixas e ciclovias não têm conexão direta umas com as outras. Com o compartilhamento será possível aumentar essa conectividade — destaca a arquiteta.

Com a mudança efetivada, as vias contempladas já ganharam sinalização indicativa com pintura asfáltica e novas placas. Segundo a Sepud, nos projetos de reestruturação de ruas locais do Bairro Saguaçu também são previstas ciclorrotas. A implantação do modelo de ciclorrota em Joinville contou ainda com participação da Secretaria de Infraestrutura Urbana (Seinfra) e apoio do Movimento Pedala Joinville.

Avanço da mobilidade

A bicicleta como meio de deslocamento compõe 11% da mobilidade urbana joinvilense, o maior índice do Brasil, conforme dado do Movimento Pedala Joinville. Para o consultor do grupo, Laércio Batista Júnior, a implantação das ciclorrotas é vista como um incentivo ao transporte sobre duas rodas, uma vez que a cidade é plana e propícia ao uso do veículo. A tendência é de que número de adeptos se eleve, uma vez que a ciclorrota é, na prática, uma extensão segura das ciclofaixas e ciclovias.

— Essas ciclorrotas e o compartilhamento da via com outros meios de transporte em zonas calmas já é uma realidade no mundo e essa é a maior prova de que a bike é um veículo em trânsito importante. Ficamos felizes com a coragem do Sepud em fazer essa implantação, que embora experimental, é um avanço e ajuda a resgatar o uso da bicicleta na cidade — aponta ele.

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O consultor destaca ainda que, para que a iniciativa funcione com segurança, é necessário respeito mútuo entre motoristas e ciclistas. “O ciclista faz parte do trânsito e tem que seguir normas, respeitar o sentido da via, os semáforos e a sinalização. O trecho compartilhado estabelece o posicionamento dele na rua e, na medida em que isso é respeitado pelo ciclista, é também pelos outros motoristas e pedestres”, sinaliza.

Opinião dos usuários

Entre os ciclistas que trafegam diariamente nas ruas centrais, a resposta é unânime: a mudança tende a ser positiva. Alguns, como o entregador de marmitas Reynaldo Cerqueira, foram pegos de surpresa com a implantação da ciclorrota e ainda mostravam receio em transitar pelo asfalto.

— Percorro as ruas do centro todos os dias de bicicleta fazendo entregas e só percebi essa mudança com ajuda da reportagem. Para nós é um investimento necessário, pois dá maior segurança em andar pelo asfalto e deve melhorar o respeito tanto dos motoristas quanto dos próprios ciclistas — comentou.

O pedreiro Enoel Alves de Oliveira, morador do Paranaguamirim vai até o trabalho, no Centro, de bicicleta. Paranaense e morador de Joinville há 20 anos, ele destaca que sempre utilizou o meio de transporte e logo cedo percebeu a alteração.

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— Essa mudança é boa e está bem marcada com faixas e as placas, mas ainda assim têm motoristas que fecham nossa passagem e é preciso maior conscientização deles para que isso funcione. Também é preciso ter em mais pontos da cidade — disse.