Os casos de desaparecimento de pessoas em Joinville deixam a cidade no 2º lugar do ranking entre os municípios catarinenses com maior número de registros nos últimos sete anos. Com base em boletins de ocorrências, a polícia estima que 1,3 mil joinvilenses estiveram em localização desconhecida durante o período – a região da Grande Florianópolis fica na frente, com cerca de 300 casos a mais.

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Os números passaram a ser reorganizados há pouco mais de um mês, quando a Polícia Militar criou a Coordenadoria de Pessoas Desaparecidas somente para lidar com essas situações em todo o Estado. Apesar de contar com apenas três policiais, eles se dedicam exclusivamente à coordenadoria.

– O Estado ainda não tem uma delegacia própria para esses casos. Por isso, esse trabalho ganha muita relevância -, diz o major Marcus Roberto Claudino, que integra o grupo.

A principal missão da coordenadoria, diz o major, é agilizar o tempo de resposta da polícia após o registro do sumiço.

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– Buscamos uma forma de articular a comunicação direta com hospitais, órgãos de imprensa, rádios-táxi, sindicatos, câmaras de dirigentes lojistas. Tudo isso precisa ser imediato e padronizado -, reforça o major.

Exemplo da otimização do trabalho de buscas vem do caso divulgado na semana passada, da gaúcha Daniela Worst, de 26 anos, que saiu de casa por vontade própria, na companhia do filho de 12 anos, e não deu mais notícias à família.

Com apoio do Tribunal Regional Eleitoral, a polícia descobriu que a moça desaparecida havia justificado o voto em Joinville. Fugas por vontade própria, segundo a PM, são mais recorrentes do que raptos ou sequestros e dificultam o trabalho da polícia.

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Mas mesmo que a pessoa sumida seja adulta, as autoridades devem ser comunicadas.

– Pode ser uma situação de ameaça. Ou um caso em que a pessoa não esteja respondendo por seus atos. Mulheres também costumam ser exploradas sexualmente -, alerta.

Meninos são os que mais fogem

A ideia de que os casos de desaparecimentos afetam apenas famílias em condições de miséria não corresponde à realidade de Joinville, destaca o major Marcus Roberto Claudino. Dados da PM indicam que 80% das crianças que fogem do lar na região estão matriculadas na escola e moram com a família em casa própria.

– A gente pensa que a fuga do lar acontece só entre os pobres, mas a maioria dos casos foram registrados em famílias de classe média -, alerta o policial.

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Outra particularidade de Joinville é a proximidade com o Paraná e a facilidade de acesso à BR-101.

– Em meia hora se consegue chegar a outro Estado. Isso torna a questão do desaparecimento regional -, aponta.

Dos 20 mil casos registrados no Estado nos últimos anos, 62% são de crianças desaparecidas. A maior incidência de fugas ocorre entre meninos.