As cidades de Joinville e Jaraguá do Sul, no Norte Catarinense, registraram, cada uma, seis mortes por gripe A ou B até a semana passada, e lideram o ranking estadual de óbitos provocados pela doença, segundo a Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive). No Estado, houve crescimento de 46 para 48 óbitos por Influenza (H1N1; H3N2; B), desde o último levantamento divulgado em 26 de agosto. O boletim oficial atualizado deve ser publicado ainda nesta semana.
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De acordo com Simone Bittencourt, responsável pela vigilância da influenza da Dive/SC, as duas novas mortes causadas pela gripe A foram registradas até quinta-feira (29), sendo confirmadas nas cidades de Jaraguá do Sul e Tubarão.
A especialista aponta ainda que o fato de novos casos de infecção e mortes pelo vírus Influenza estarem ocorrendo no fim de agosto demonstra que a propensão de circulação e acometimento da gripe é incerta e não se restringe ao período do alto inverno (temperaturas mais baixas) ou quando acontece a campanha nacional de vacinação, iniciada em maio e encerrada em junho.
– O tempo está variando de forma constante entre frio e quente, então não há como fazer uma previsão de quando a circulação da influenza será intensificada ou vai baixar. O que se pode dizer é que ainda estão acontecendo casos e havendo óbitos, e são questões que não tem como prever, porque depende muito do clima e também do estado imunológico do paciente, em especial, os que já possuem alguma doença de base, como diabetes ou problemas cardiovasculares – afirma.
União de fatores influencia o número de óbitos
Dentre as 48 ocorrências com evolução já encerradas e em que o paciente veio a óbito em Santa Catarina neste ano, 37,5% foram reportadas na região Norte, nas cidades de Joinville e Jaraguá do Sul (6 casos cada); São Bento do Sul (2); Canoinhas, Mafra, Rio Negrinho e São Francisco do Sul (1). Todas as confirmações foram feitas a partir da análise dos casos suspeitos encaminhados ao Laboratório Central de Saúde Pública de Santa Catarina (LACEN/SC).
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Na avaliação de Simone Bittencourt, o vírus circulante atualmente não tem nada de diferente desde o "boom" da gripe A em 2012, porém é possível definir alguns fatores que podem estar relacionados com o aumento nos casos de morte.
– O que a gente pode tirar desses óbitos, por exemplo, são as falhas na assistência, porque, infelizmente, mesmo dando as capacitações, colocando na mídia e informando que o vírus está circulando, depende do médico captar esse paciente e tratá-lo em tempo oportuno. Ou seja, as pessoas têm que estar vacinadas, os serviços de saúde sensibilizados, a medicação disponível, então é necessário todo um conjunto funcionando certinho para que a gente consiga diminuir o número de óbitos – aponta.
De acordo com o último dado oficial da Dive/SC, até 23 de agosto haviam sido notificadas 1,5 mil suspeitas de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no Estado, 373 delas tendo recebido diagnóstico positivo para influenza (80% deles pelo vírus A-H1N1, considerado o mais grave).
Vacinação abaixo da meta em SC
Em 2019, os registros de casos de Influenza estão dentro do esperado para os meses de maio a agosto, período mais propício para o vírus em decorrência do inverno, e quando ocorre a campanha de vacinação contra a doença. Em contrapartida, Santa Catarina conseguiu imunizar 1, 4 milhões de pessoas, alcançando 87% do grupo prioritário – que inclui crianças, gestantes, puérperas e idosos – até 31 de maio, pouco abaixo da meta de 90% de vacinações. Quando a campanha encerrou, foram liberadas as vacinas remanescentes para o público em geral, de 3 a 8 de junho, e atualmente há reserva apenas para gestantes e a segunda dose para bebês de até seis meses.
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Dados da Secretaria de Saúde de Joinville mostram que na cidade 82,3% da meta estipulada foi batida, com 79.858 vacinas administradas.
INFLUENZA
Fonte: DIVE-SC
A DOENÇA
A influenza (gripe) é uma doença grave que causa danos à saúde. Existem três tipos: A, B e C. Os vírus A e B apresentam maior importância clínica e estima-se que, em média, o tipo A causa 75% das infecções. Os tipos A e B sofrem frequentes mutações e são responsáveis pelas epidemias sazonais e, também, por doenças respiratórias com duração de quatro a seis semanas. Em geral, essas são associadas ao aumento das taxas de hospitalização e de mortes por pneumonia, especialmente em pacientes com doenças crônicas e fatores de risco. O vírus C raramente causa complicações graves.
TRANSMISSÃO
O vírus é transmitido principalmente a partir das secreções respiratórias, podendo também sobreviver algumas horas em diversas superfícies tocadas frequentemente, de madeira, aço e tecidos. A partir do contato com um doente ou com uma superfície contaminada, o vírus pode penetrar pelas vias respiratórias, causando lesões pulmonares, que podem ser graves e até fatais, se não tratadas a tempo. Os vírus influenza circulam durante todo o ano, intensificando-se no inverno.
SINTOMAS
Os sinais, em geral, são: febre alta; calafrios, tosse seca ou com expectoração; dor de cabeça; dor de garganta; cansaço; dor muscular e coriza.
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COMPLICAÇÕES
A evolução da doença geralmente tem resolução espontânea em sete dias, embora a tosse, o mal-estar e a fadiga possam permanecer por algumas semanas. Porém, alguns casos podem evoluir com complicações como pneumonia bacteriana, sinusite, otite e desidratação. Alguns indivíduos estão mais propensos a desenvolverem complicações graves, especialmente aqueles com condições e fatores de risco para agravamento, entre esses: gestantes, adultos com idade maior que 60 anos, crianças com idade menor que dois anos e indivíduos que apresentem doença crônica.
TRATAMENTO
A síndrome gripal é tratada por meio medicamentoso, hidratação oral e repouso. O principal medicamento prescrito é o fosfato de oseltamivir (Tamiflu). Já a indicação de zanamivir (Relenza) pode ser autorizada em casos de intolerância ao oseltamivir.
PREVENÇÃO
A vacina é o melhor método de imunização contra a influenza, mas para quem não se protegeu há ainda a 'Etiqueta da Tosse', que ajuda a prevenir a gripe com a adesão de medidas simples: cobrir a boca e o nariz com lenço ao tossir ou espirrar; evitar o espirro nas mãos; evitar sair de casa se estiver com sintomas de gripe; manter as mãos limpas com água e sabão após espirrar ou tossir; manter os ambientes ventilados e arejados; não compartilhar objetos de uso pessoal como copos e toalhas; evitar locais com aglomeração de pessoas e manter alimentação balanceada com bastante líquido.