O crescimento da importação de cevada no país ocorre ano a ano devido ao aumento da produção cervejeira no país. O insumo é usado quase exclusivamente para a fabricação de cerveja — menos de 2% é transformada em farinha e usada no processo de fabricação de biscoitos, ração animal e medicamentos. No ano passado, o Brasil registrou o equivalente a uma nova cervejaria abrindo a cada dois dias e chegou perto de alcançar a marca de 1.000 empresas neste setor: até dezembro de 2018, havia 889 cervejarias em operação. É um crescimento de 23% no mercado cervejeiro em relação ao número total de 2017 e no qual Santa Catarina aparece despontando, especialmente com a abertura de cervejarias artesanais.
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O Estado é o quarto com maior número total de cervejarias no país, com 102 registradas até o ano passado; e o segundo em termos de “densidade cervejeira”, com 69.368 habitantes por cervejaria. É quase metade do observado no Paraná, que ocupa o terceiro lugar da lista, com 128.965 habitantes por cervejaria, mas bem distante de cidades da Alemanha, por exemplo, onde a tradição cervejeira faz com que cidades com 40 mil habitantes tenham até 40 cervejarias artesanais.
Joinville e Blumenau se destacam como as cidades catarinenses com maior número de empresas: são dez registradas, enquanto a capital tem seis cervejarias em funcionamento. Elas foram destacadas na pesquisa feita pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que mostrou que a maior concentração de cervejarias está nas principais regiões metropolitanas das capitais do Sudeste e em cidades do interior como Joinville e Blumenau, no caso de Santa Catarina; Caxias do Sul e Farroupilha, no Rio Grande do Sul; e Nova Lima e Juiz de Fora, em Minas Gerais. A pesquisa do Mapa também apontou que, até 2008, o Brasil não tinha chegado a 100 cervejarias abertas, enquanto em 2018, apenas no período de janeiro a dezembro, foram abertas 210.
— Estamos em praticamente 1.000 cervejarias no Brasil, em 500 municípios, para cerca de 90 milhões de pessoas. Mas ainda temos fronteiras para atravessar. As regiões Oeste e Centro-Oeste do País ainda não tem uma densidade de cervejas como temos no Sul e, mesmo aqui, falta apresentar cerveja artesanal para muita gente — comenta o presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Carlo Lapolli.
Ele salienta que os Estados Unidos, que tem extensão territorial e número de habitantes semelhante ao do Brasil, já possui 7 mil cervejarias, o que mostra que o país ainda tem muito a expandir neste mercado. O modelo que está se destacando é o das pequenas cervejarias, com o surgimento de negócios em formato de “brew pubs”: empresas que tem produção baixa e a comercializam apenas no próprio bar e, no máximo, para outros empreendimentos da mesma cidade.
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Com isso, o gasto com logística e distribuição do produto é quase totalmente eliminado. Em Joinville, das dez empresas atualmente em funcionamento nesta área, apenas duas não atuam neste formato, possuindo uma produção maior e mais focada na distribuição.