A primeira mostra de forças da greve dos servidores municipais de Joinville se deu na paralisação de pelo menos quatro unidades de saúde. Na manhã desta segunda-feira, enquanto os grevistas se reuniam em frente à Prefeitura para o ato oficial da paralisação, as unidades básicas de saúde da família do Rio do Ferro e Santa Bárbara, no Aventureiro, Jardim Sofia e Dom Gregório fechavam as portas por falta de funcionários.
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O Hospital São José e os três PAs da cidade, segundo a Prefeitura, não tiveram prejuízos no atendimento à população. O levantamento oficial apresentado no final da tarde indicava 212 faltas na saúde, sendo 31 nos três PAs. Já o sindicato afirma que os PAs Norte e Sul tiveram o atendimento comprometido e praticamente todos os centros de atendimento psicossocial (CAPs) fecharam as portas por falta de funcionários.
Na educação, que tem 4,5 mil servidores, conforme a Prefeitura, foram registradas 330 faltas. Mas nenhum aluno foi dispensado, segundo o assessor do gabinete do prefeito, Afonso Fraiz.
– Nas classes que ficariam sem professores, fizemos o remanejamento de outro professor para dar aula -, afirma.
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De acordo com o diretor de comunicação do sindicato, Jean Almeida, ao menos quatro escolas ficaram com o quadro de professores reduzido pela metade. Segundo ele, os alunos foram reunidos em grandes grupos e participaram de atividades extracurriculares.
As versões da Prefeitura e do Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville (Sinsej) sobre a adesão à greve viraram um embate à parte no primeiro dia de paralisação. Para Afonso Fraiz, os números da greve mostraram que os servidores aceitaram a posição do prefeito Udo Döhler (PMDB).
– Fica a impressão de que o servidor acatou o anúncio de que, se as condições financeiras da Prefeitura melhorarem, a proposta mudará -, reforça.
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Dois lados
O presidente do Sinsej, Ulrich Beathalter, rebateu via o microblog Twitter as primeiras informações divulgadas pelo município. A escola Ruben Roberto Schmidlin teria paralisado completamente, enquanto que as escolas Karin Barkemeyer, Baltasar Buschle e Sadalla Amin Ghanen teriam alcançado 90% de paralisação.
– Esperamos que seja uma greve rápida, desde que a resposta do prefeito corresponda. Ela nem teria começado se a proposta oferecida estivesse à altura do que reivindicamos -, destaca Ulrich.
Afonso Fraiz reconhece que a proposta de reajuste oferecida aos servidores está abaixo da inflação. Uma compensação, argumenta o assessor, é o benefício de 6% de reajuste por tempo de serviço garantido aos servidores municipais a cada três anos.
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– Isso compensa o reajuste em mais 2% ao ano, deixando acima da inflação. Assim, não ocorre a perda completa -, aponta.
Para Ulrich, o benefício do triênio não deve entrar na conta por se tratar de um direito do servidor de carreira, além de que nem toda a categoria o receberá em 2013.
Pais procuram atendimento no Hospital Infantil
A defasagem de servidores nos pronto-atendimentos levou muitos pais a procurarem auxílio no pronto-socorro do Hospital Materno Infantil Doutor Jeser Amarante Faria. Orientadas pelos próprios atendentes dos PAs, as mães buscaram apoio no hospital, que teve dificuldade em atender tantos pacientes.
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A procura da unidade aumentou em 35% provocando atrasos de até oito horas nos casos classificados como sendo de menor gravidade, conforme o protocolo de Manchester.
Como a prioridade era para pacientes em estado grave, mães como Suelen Estefani Martins precisaram aguardar horas para serem atendidas. A mãe do pequeno Kauã Candaten, de um ano, procurou o PA Leste por volta do meio-dia, pois o filho estava com febre. Como não foi atendida, procurou o hospital às 14 horas. Às 19 horas, o menino ainda não havia sido atendido.
– Isso é o que acontece quando se depende do SUS -, lamentou.
Úrsula Colledan, de 33 anos, deixava a unidade no mesmo horário, insatisfeita com o atendimento.
– Fui com meu filho ao PA Sul. Mas, mesmo ele com 39 graus de febre me mandaram para cá. Agora estou saindo sem receita médica -, reclamou Úrsula.
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Outros pais chegavam na unidade no início da noite por orientação dos pronto-atendimentos. Em nota, o hospital informou que estava atendendo com equipe completa de médicos.
Os números
Adesões de segunda-feira, segundo dados da Prefeitura e do sindicato
Total de servidores que aderiram à greve:
– Prefeitura – 691
– Sindicato – 2.500
Servidores da saúde (PAs, UBS, CAPs)
– Prefeitura – 224, considerando os três turnos.
– Sindicato – não soube precisar.
Servidores do Hospital São José
– Prefeitura – 60, considerando os três turnos.
– Sindicato – 200, considerando apenas os turnos matutino e vespertino.
Unidades de saúde que fecharam
– Prefeitura – quatro UBS
– Sindicato – cinco UBS e quatro CAPs.
Escolas
– Prefeitura – nenhuma escola precisou fechar as portas. Todos os alunos foram recebidos e remanejados conforme a necessidade.
– Sindicato – o menos quatro escola ficaram com o quadro de professores reduzido pela metade e as aulas ficaram comprometidas.
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