Aquela frase feita de que a política é como as nuvens se aplica perfeitamente ao quadro pré-eleitoral de Joinville. Todos os principais protagonistas da eleição de 2008 estão hoje em situação muito diferente, na disputa que apresenta o quadro mais indefinido entre as principais cidades catarinenses.

Continua depois da publicidade

Candidato a reeleição, o prefeito Carlito Merss (PT) enfrenta o desafio de ter que prestar contas de um mandato conquistado após três tentativas frustradas. Ao longo de sua gestão, polêmicas como os aumentos das tarifas de ônibus e as dificuldades na área da saúde fizeram com que chegasse a inacreditáveis 72% de rejeição na pesquisa Ibope realizada em outubro de 2011. Com inauguração de obras e uma agenda positiva, o petista esboça uma reação mas sabe que vai encarar uma disputa em que representa a realidade e não mais a esperança.

Derrotado por Carlito no segundo turno de 2008, o deputado estadual Darci de Matos (PSD) é opção natural dos partidos que fazem oposição à administração petista. A criação do PSD com as principais lideranças do DEM catarinense e outras adesões criou um problema doméstico para o deputado: a filiação ao partido do deputado estadual Kennedy Nunes, ex-PP, terceiro colocado na última eleição.

Se em 2008 Kennedy atuou como franco atirador – tendo como alvo a gestão do ex-prefeito Marco Tebaldi (PSDB), que apoiava Darci – agora, ele faz parte do mesmo grupo e confia na promessa do governador Raimundo Colombo (PSD) de que será candidato quem tiver melhor desempenho nas pesquisas. Para complicar, Darci e Kennedy se revezam na liderança dos levantamentos, com índices semelhantes.

Continua depois da publicidade

O PMDB repete 2008 e aposta em um nome novo. Em 2008, era o deputado federal Mauro Mariani, com o título transferido de Rio Negrinho para Joinville no ano anterior. Agora, a aposta do senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) é a candidatura do empresário Udo Döhler, filiado ao partido no ano passado.

A principal diferença nesses quatro anos é que ao bancar Mariani, Luiz Henrique implodiu a tríplice aliança em Joinville. Sem unidade no próprio PMDB, o deputado amargou um quarto lugar. Embora LHS tenha apoiado Darci no segundo turno, os peemedebistas se dividiram, o que ajudou a consolidar a vantagem de Carlito. O partido chegou a participar da gestão até 2011.

Agora, é LHS o principal negociador para que PMDB, PSDB e PSD estejam juntos contra Carlito já no primeiro turno. Para isso, articula pessoalmente com Colombo negociações que envolveriam até mesmo as eleições da Capital – com o PMDB abrindo mão da cabeça-de-chapa para o PSD. As tentativas têm esbarrado na consolidação dos nomes de Darci e Kennedy, testados em outras eleições e garantida de bom desempenho para o jovem partido.

Continua depois da publicidade

Outro elemento que pode bagunçar ainda mais o cenário eleitoral da mais populosa cidade do Estado é a possibilidade de Marco Tebaldi entrar na disputa. Eleito deputado federal com a maior votação na cidade, o tucano virou secretário da Educação no governo Colombo. Desgastado pela greve de 62 dias do magistério em 2011, Tebaldi é nome certo para deixar o secretariado na reforma que o governador pretende realizar após o Carnaval.

Irritados com o processo de fritura, iniciado ainda em 2011, Tebaldi e o PSDB estadual cogitam a candidatura. A entrada de Tebaldi no processo poderia significar a saída de Darci, já que os aliados dificilmente se enfrentariam, abrindo espaço para Kennedy.

Colhendo minutos

Enquanto os oposicionistas não se definem, o prefeito Carlito trabalha para ampliar a coligação que o elegeu em 2008. Aliado apenas ao PR naquela disputa, do vice-prefeito Ingo Butzke, o petista deve contar agora com o apoio do PP do ex-deputado Eni Voltolini. Partidos que apoiam a base do governo federal, como PRB, PCdoB e PSC, também entram costura, garantindo preciosos minutos no horário eleitoral.

Continua depois da publicidade

Pedetistas divididos

Na eleição de 2008, o PDT apostou no ex-vice-prefeito Rodrigo Bornholdt, que chegou em 5º lugar. Agora, outro Rodrigo é o nome pedetista para a disputa: o empresário Rodrigo Coelho. Mesmo assim, o partido ainda está dividido entre o grupo que pretende lançar candidatura própria e o que defende apoio a Carlito no primeiro turno. O partido participa da administração.

Por fora

O médico José Aluizio Vieira,o doutor Xuxo, irmão do ex-deputado federal José Carlos Vieira, luta para que o PR desista de apoiar Carlito e aposte em sua candidatura. Os irmãos aderiram ao PR em 2009, visando vagas na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal _ sem sucesso. A maior dificuldade para a candidatura de Xuxo é que o partido é formado por comissão provisória na cidade, o que facilita intervenções das cúpulas estadual e nacional, como aconteceu em 2008.

A série de reportagens

No ano em que os eleitores voltarão às urnas para decidir os futuros prefeitos, os partidos começam a se articular para lançar candidatos que caiam no gosto das comunidades e agradem as alianças formadas para alavancar as candidaturas.

Continua depois da publicidade

O Diário Catarinense lança uma série, de domingo a quarta-feira, sobre os atuais cenários políticos nos 20 maiores colégios eleitorais do Estado.

A ideia é dar um panorama dos possíveis arranjos que influenciarão as campanhas em 2012.