Nos bastidores, a falta de atenção do Estado com a segurança pública de Joinville tem incomodado os policiais que atuam tanto na investigação quanto na linha de frente. Entre os policiais civis, que estão com o mesmo efetivo de 19 anos atrás (cerca de 170 servidores), o que se diz é que Joinville, com quase 600 mil habitantes, é tratada na mesma proporção que outros municípios catarinenses de 30 mil habitantes.

Continua depois da publicidade

‘Estado deixa de lado a segurança pública de Joinville’, diz juíza

O volume de inquéritos espalhados pelas mesas das delegacias comprova que trabalho não falta. O que falta, segundo os policiais, é gente para dar conta da demanda, sem falar nas questões físicas e em equipamentos.

Esse atraso de anos na estrutura policial reflete diretamente no trabalho do Judiciário, onde deve ocorrer a punição, reforçou a juíza titular da 1ª Vara Criminal, Karen Francis Schubert Reimer, em entrevista exclusiva ao “A Notícia” publicada na sexta-feira passada. A preocupação dela é a mesma dos policiais que atuam em Joinville.

Continua depois da publicidade

Leia as últimas notícias sobre Joinville e região no AN.com.br

A criminalidade está crescendo numa escala acelerada, na contramão dos investimentos em estrutura e recursos humanos. No ano passado, havia expectativa de que pelo menos 26 policiais do novo concurso da Polícia Civil viessem para Joinville. O anúncio foi feito pelo então delegado-geral, Aldo Pinheiro D?Ávila.

O concurso já foi realizado, mas o Estado tem prazo legal de dois anos para chamar os aprovados. A expectativa é de que o curso de quatro meses de formação ocorra ainda neste ano. Serão formados 340 agentes e 66 delegados.

O atual delegado-geral, Artur Nitz, pretende cumprir com o anúncio feito pelo antecessor, mas adianta que seria prematuro dar uma previsão agora. A distribuição oficial será realizada no final do curso e levará em consideração a realidade dos municípios naquele momento.

Continua depois da publicidade

Delegado diz que falta efetivo

O delegado regional Dirceu Silveira Júnior prefere não falar em números. Apenas ressalta que há necessidade de reforço de 40% no efetivo atual. Com base em dados divulgados no ano passado pelo setor de recursos humanos da Polícia Civil, a cidade conta com 174 policiais civis. Quarenta por cento em cima desse número representam um incremento de 68 policiais.

No caso da Polícia Militar, também há desfalque. O comandante da 5ª Região, tenente-coronel Benevenuto Chaves Neto, havia solicitado 150 soldados para reforçar o efetivo de 771 policiais. Porém, a cidade receberá apenas 27.

O número, ressalta, sequer cobre as perdas com pessoal que foi para a reserva ou pediu transferência. O projeto de montar a ronda ostensiva com apoio de motocicletas (Rocam), que reforçaria a resposta policial nas ruas, por enquanto, deverá ser adiado.

Continua depois da publicidade

– É matemático. Para que possamos fazer frente à criminalidade, precisamos de efetivo. Não há como fazer diferente – destacou Benevenuto.

A aposta do Judiciário é o Plano Plurianual

A juíza Karen Francis Schubert Reimer também ressaltou na entrevista ao “AN” mais uma ferida da Segurança Pública: a falta de juízes para julgar as pilhas de processos que não param de crescer. Segundo a percepção da titular da 1ª Vara Criminal, seria necessário o dobro de magistrados para dar conta da demanda.

– Temos a mesma quantidade de juízes que Tubarão, Lages. Isto é histórico. Joinville sempre foi deixada de lado pelo Estado em todos os órgãos – avaliou.

Continua depois da publicidade

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina reconhece o desequilíbrio na estrutura judiciária do Estado. O TJSC justifica que os recursos são limitados para atender a tantas demandas, mas destaca que existe um processo de planejamento que prevê soluções.

O chamado Plano Plurianual para o Judiciário no período 2015-2020 pretende organizar reuniões nas comarcas com a finalidade de elencar as principais reivindicações e identificar as prioridades de investimentos.

– Dos encontros sairão as diretrizes que nortearão o desenvolvimento da Justiça catarinense em curto, médio e longo prazo – declarou o coordenador do núcleo de comunicação social, desembargador Ricardo Roesler.

Continua depois da publicidade