Esse papa é demais – disse uma peregrina brasileira, escondida dentro de um saco de dormir, olhando atentamente para o telão da praia de Copacabana onde aparecia um Francisco carismático.
Continua depois da publicidade
Com palavras ora carinhosas, ora incisivas, Francisco conquistou aqueles que o ouviam no sábado à noite, durante a Vigília da Jornada Mundial da Juventude. Chegou mais uma vez de papamóvel, levando milhares de peregrinos a se escorar nas grades de proteção, em busca de um aceno. Francisco falou sobre o sacramento, eucaristia, amor e ajuda ao próximo. Pediu que os peregrinos levassem suas palavras e os ensinamentos da JMJ para todos os demais que ali não puderam estar.
Por cerca de meia hora o papa falou, abençoou e pediu silêncio. Um silêncio que arrepiou. Copacabana, e suas mais de três milhões de pessoas, que até então dançavam e cantavam, se calaram. Foi um silêncio de respeito. De reflexão.
Continua depois da publicidade
Silvia da Silva, 43 anos, ficou quietinha, sentada no colchonete e se escondendo do vento frio com uma sombrinha. Seus olhos estavam vermelhos. Maria Cristina Vegini, 38, que estava agarrada com uma canga com a imagem do Cristo Redentor, chorou, silenciosa.
– Ele passa humildade em todas as suas palavras. É um papa muito querido. Tudo foi muito intenso nesta jornada – afirmou Maria.
Thiago Augusto Pereira, 15 anos, jovem catequista do bairro Jardim Paraíso, que durante a viagem falou sem parar, no momento em que Francisco pediu, colocou a mão no coração e rezou.
Continua depois da publicidade
Dormir diante das estrelas e do mar
Durante a noite da vigília, como o nome já diz, os joinvilenses, e milhares de peregrinos, deixaram os alojamentos de lado para dormir diante da estrelas. O grupo dormiu nas areias de Copacabana, mesmo com o vento gelado e anormal do litoral carioca. Foi uma noite difícil, mas o amanhecer conseguiu ser pior. Filas quilométricas nos poucos banheiros.
Por volta de 8 horas, toda a praia foi cercada. Ninguém entrou, e ninguém mais saiu. Um banheiro improvisado na areia foi montado. Homens cobravam R$ 1 para se aliviar em uma lona!
Apesar dos percalços, mais uma vez, os problemas ficaram de lado. O papa Francisco, pontualíssimo, voltou para a Missa de Despedida. Pediu para os jovens não terem medo de levarem suas palavras para todos os ambientes. Precisou pedir mais uma vez pela promessa, já que a resposta dos cansados peregrinos foi muito baixa e não chegou a ecoar em Copacabana. Na segunda vez ela ecoou. E não será mais esquecida.
Continua depois da publicidade
Os joinvilenses deixam o Rio de Janeiro aliviados por estarem voltando para casa. Mas a fé deles, com certeza, se expandiu. Só aumentou. Mesmo com tantas provas de que o sacrifício poderia não valer a pena, estes 29 fiéis afirmam: valeu! E como!