A tarifa do transporte coletivo de Joinville ficará 7,5% mais cara a partir de 2 de janeiro. O percentual corresponde ao aumento da passagem antecipada e está acima da inflação acumulada do ano — 2,5%, calculada até outubro. O bilhete comprado com antecedência passa de R$ 4 para R$ 4,30, enquanto o adquirido dentro do ônibus sai de R$ 4,50 para R$ 4,65. O decreto com o reajuste foi assinado pelo prefeito Udo Döhler ontem.

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Segundo as empresas concessionárias do serviço, o novo valor compreende o aumento de custos, como o reajuste no valor do diesel em 18%, além da operação de novos ônibus com ar-condicionado e a redução de mais de 5% no número de passageiros neste ano em relação a 2016.

Se por um lado os preços aumentam para quem oferece o transporte, na outra ponta usuários reclamam da situação dos veículos e da alta. No terminal central ontem, passageiros reclamavam que neste ano houve redução de linhas e horários deixaram de existir.

Segundo Jaqueline Magalhães, 41 anos, as linhas Norte/Sul e a Jardim Paraíso não funcionam mais aos domingos. Nesta quarta-feira, ela aproveitou o baixo movimento em Joinville para passear com os filhos, Vitória e Lucas, no Centro. Para realizarem o trajeto de casa até o local, eles gastaram R$ 24 para ir e voltar. Com o reajuste na próxima semana, os três passarão a gastar R$ 1,80 a mais no mesmo trecho.

— Eu não sabia qual era o valor do aumento. Para trazer todo mundo para o Centro, vamos começar a gastar bastante — afirma.

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Mudanças nos serviços

Quanto à redução de linhas, as empresas informaram que o sistema vem sendo estudado e essas otimizações, bem como as ampliações, buscam maior eficiência. Exemplo recente foi a criação dos novos serviços “tronco/alimentador, ligando o bairro Escolinha direto ao Centro, ligando a linha do Itinga direto ao terminal Norte e o bairro Espinheiros ao Centro e a ainda a linha Ponte Serrada/Centro“.

Em 2017, foram comprados 19 novos ônibus para transitar na cidade e, conforme as empresas, no cálculo da tarifa para 2018 não foi prevista renovação da frota. Os veículos passam por manutenções periódicas.

Neste ano, as concessionárias apresentaram proposta baseada nos possíveis investimentos a serem feitos no transporte coletivo no próximo ano. Em nota, a Prefeitura informou que o reajuste segue o cumprimento de decisão judicial, que tem como base ao valor técnico de tarifação do serviço de transporte coletivo. A partir disso, o município estabeleceu o reajuste de R$ 4,30 para compra antecipada e em R$ 4,65 para a embarcada.

Qualidade do serviço causa reclamação

O caminhoneiro Antônio Marcos Rodrigues Silva (foto), 36, acredita que o conforto dos passageiros deveria ser o primeiro fator a ser considerado quando há o reajuste da tarifa. Ele indica que, além de melhorar os veículos, seria necessário investir em treinamento para os motoristas e funcionários das empresas.

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— Como motorista de caminhão, acredito que os condutores de ônibus deveriam ser mais bem treinados e educados com pessoas idosas ou mulheres grávidas. Já vi várias vezes eles arrancando sem esperar as pessoas se equilibrarem — afirma.

Em contrapartida, as concessionárias informaram que os motoristas recebem treinamentos regularmente e pontuais. Todos os motoristas que retornam de férias passam por atualização profissional com temas relacionados a direção defensiva e preventiva e atendimento ao cliente.

Por causa do aumento, a vendedora Carin de Fátima da Rosa, 40, estuda outros meios de transporte para se locomover. Mesmo com o valor gasolina alto, ela acredita que, se colocar na ponta do lápis os valores do bilhete e o tempo gasto dentro do ônibus, transitar de carro ou outros meios seja mais vantajoso.

— Com o aumento realizado todo ano, não está mais compensando utilizar o ônibus. Até porque depende o trajeto que precisa ser feito, tem tanto trânsito quanto ir de carro _ diz a vendedora.

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O Movimento Passe Livre já organizou um protesto contra o aumento da tarifa, marcado para 8 de janeiro, às 18 horas na praça da Bandeira.