Começou com um girocóptero, há 16 anos. A aeronave pequena, que parece um helicóptero improvisado, foi a responsável por despertar no empresário José Osnir Machado a vontade de alçar voos mais altos. Há oito anos, ele fez curso para matar o desejo de pilotar. Comprou um ultraleve, depois trocou por outro, e hoje espera ansioso como um menino a chegada do novo brinquedo – agora mais potente, seguro e moderno.

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A empolgação com que o empresário fala do novo avião tem motivo. Além de ser usada nos momentos de lazer, a aeronave vai ajudar no trabalho de Osnir.

– Atuo com distribuição de produtos veterinários e faço muitas viagens. Vou com fre- quência para Criciúma e Chapecó. Tenho muitas reuniões em São Paulo. Levo cerca de 40 minutos até Rio do Sul (menos de um terço do tempo necessário para ir de carro – cerca de três horas) -, conta Osnir.

Assim, o hobby que começou com viagens curtinhas virou também necessidade que resulta em voos diretos de 280 km.

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– A segurança é uma preocupação constante. Faço revisões, que são necessárias a cada 50 e cem horas de voo. E fiz um segundo curso de pilotagem como forma de me reciclar -, acrescenta o piloto.

De acordo com Osnir, o custo compensa. Além da própria aeronave, combustível e mecânica, a lista de gastos inclui ainda a locação do hangar, que, no caso dele, fica em São Francisco do Sul.

– Nos meus cálculos, as viagens de avião representam menos gastos e mais produtividade -, afirma o empresário Valdécio de Oliveira, outro apaixonado por aviação.

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– Se você vai para Foz do Iguaçu de carro, gasta combustível, pedágio, leva muito mais tempo -, exemplifica.

O instrutor de voo Jonathan Natanael da Silva, da Escola Catarinense de Aviação, explica que o interesse pelos ultraleves aumentou na medida em que a tecnologia das aeronaves melhorou. Ele e o coordenador de cursos teóricos da escola, Dalton Rocha das Flores, abriram a unidade há cerca de um ano em Joinville, que havia dez anos não oferecia formação para pilotos amadores. Os dois comemoram a abertura da sexta turma no período.

– O tempo para se tornar piloto depende muito de cada um. Primeiro, é preciso cumprir os requisitos, estar bem de saúde. Depois do curso teórico, começam as aulas práticas. O avião que usamos é como o carro da autoescola, com comandos duplos -, explica o instrutor.

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– Já na hora da matrícula, damos uma volta com o interessado, para que ele possa sentir se é o que ele realmente quer -, acrescenta.

Se aguentar o frio na barriga, é só se matricular.

– Hoje, dá para comprar um avião para dar pequenas voltas por R$ 30 mil, o preço de um carro. Um para viagens curtas já é a partir R$ 60 mil. Viagens mais longas, uns R$ 100 mil -, diz Valdécio.

Piloto da própria viagem

A conveniência de uma escala de voos particular, sem filas ou espera em aeroportos, aliada à realização de um sonho. É assim que o empresário Valdécio de Oliveira vê a aviação. O piloto amador e a mulher, Zélia Maria de Oliveira, conheceram boa parte do País no próprio avião. O casal acaba de comprar um novo ultraleve, mais moderno e potente do que o anterior, que permitirá que eles façam viagens para destinos como Porto Seguro, para onde vão em maio.

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Como as aeronaves pequenas levam mais tempo do que os voos comerciais para fazer os trajetos por causa da velocidade e da altitude, Zélia faz curso de pilotagem para dividir o manche com o marido. Ela já concluiu as aulas teóricas e agora se prepara para a parte prática em um curso em Joinville.

A Escola de Aviação Catarinense abriu na cidade há cerca de um ano e mais de 60 alunos passaram pelas aulas teóricas – as práticas dependem de horas de voo, levando mais tempo e exigindo maior investimento.

– São, na maioria, homens com entre 35 e 60 anos, que sempre sonharam em voar, mas ingressaram em outras carreiras. São profissionais liberais, da área da saúde, empresários e representantes comerciais que estão trocando as viagens por terra por uma aeronave -, conta o coordenador de cursos teóricos da escola, Dalton Rocha Flores.

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O presidente do Aeroclube de Joinville, Francisco Strauhs Neto, afirma que Joinville segue a tendência nacional de crescimento do interesse pela aviação desportiva. Dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) apontam que a emissão de licenças para pilotos desportivos (CPD) e de recreio (CPR)mais do que dobrou em seis anos. Em 2006, somadas as categorias, foram 186 autorizações. No ano passado, foram 386. Apenas em 2013, já foram emitidas 23 licenças para piloto desportivo e 40 para recreio.

– Joinville ainda tem pouca tradição, mas está crescendo. Hoje, há pouco espaço para armazenar aeronaves, mas há um novo condomínio aeronáutico em desenvolvimento na região -, conta o presidente do aeroclube.

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