A joinvilense Gladis Regina Vieira, de 36 anos, tem travado uma batalha contra o coronavírus há cerca de quatro meses. No fim de janeiro, ela deu entrada em um hospital de Florianópolis, onde mora há mais de 20 anos, e permaneceu internada durante 75 dias. Quase metade deste período ficou intubada e inconsciente, enfrentando algumas complicações.
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A história de luta da cantora e professora de canto começou em janeiro, quando teve início os primeiros sintomas causados pelo coronavírus. A princípio, foram confundidos com resfriado ou gripe, mas logo o paladar foi embora e a falta de ar apareceu. Gladis ficou preocupada, já que tem asma e sabia dos riscos da condição para quem é diagnosticado com Covid.
Um dia após o teste apontar a presença do coronavírus, ela fez uma tomografia que mostrou o pulmão totalmente comprometido. Deu tempo apenas de avisar o marido, para desmarcar as aulas de canto planejadas para a tarde, antes de ser internada. Dois dias após ficar no quarto do hospital, a médica indicou a necessidade de intubação para tratar melhor da cantora.
– Achei que ficaria pouco tempo intubada porque achava que não estava tão mal. Eu conseguia falar, digitar no celular. Fui intubada em 29 de janeiro e acordei em 2 de março, achando que tinha passado um dia – recorda.
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Complicações durante a intubação
A impressão de que havia passado apenas um dia estava longe de retratar toda a luta que travou contra a Covid-19 mesmo desacordada. No período inconsciente, os dois rins de Gladis pararam de funcionar e ela precisou fazer hemodiálise. Também recebeu plasma, transfusão de sangue e sofreu com uma infecção urinária causada por uma super bactéria.
– Eu quase tive uma infecção hospitalar generalizada. Um dia, o médico ligou para o meu pai e disse que eu tinha 48 horas para reagir porque eu não estava respondendo aos antibióticos – descreve.
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A resposta aconteceu e ela conseguiu se salvar da morte. Quando acordou da intubação, ouviu dos médicos que eles mesmos acharam que ela não resistiria. Gladis relembra das visitas dos profissionais emocionados e vibrantes em vê-la acordada.
– Acredito que Deus tenha me deixado viver, mas o hospital em que eu estava contou muito. Toda a equipe médica e de enfermagem foi maravilhosa. Fizeram tudo para eu sobreviver – agradece.
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Reaprendendo a viver após o renascimento
Mesmo acordando da intubação, a luta continuou por mais de um mês no hospital. Ao abrir os olhos, a cantora conseguia mexer apenas os dedos das mãos. O restante do corpo estava paralisado e tarefas básicas, como se alimentar, precisavam de auxílio de outras pessoas.
No período de 30 dias em que ainda permaneceu na UTI, Gladis também precisou passar por uma traqueostomia e teve medo de que o procedimento pudesse afetar as cordas vocais, consequentemente, o trabalho como cantora. No entanto, os médicos conseguiram preservar Gladis de qualquer problema.
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Foram mais 12 dias internada em um quarto de hospital antes de voltar para casa, em 5 de abril. Gladis se considera privilegiada por ter sobrevivido à doença e se sente grata por vencer a luta. O sentimento é de um novo começo de vida, aos 36 anos.
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– Foi um recomeço. Estou reaprendendo a andar, escrever, comer, cantar. Está sendo uma reabilitação e um renascimento em tudo – descreve.

Terapia para superar o trauma
Há quase dois meses em casa, Gladis ainda está em uma cama hospitalar instalada na sala. Ela precisa de oxigênio 24 horas por dia e conseguiu ficar em pé pela primeira vez, com ajuda, na semana passada. Mas tem consciência de que os próximos meses serão de recuperação para que volte a ter autonomia.
– Eu já levava a vida de uma maneira muito leve, mas agora as coisas tomaram outra proporção. Não vejo a hora de ir para a cadeira de rodas e sair ao ar livre para ver o céu porque faz tempo que não consigo – comenta.
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Para ajudar na recuperação, a joinvilense tem contado com o auxílio da terapia para superar o período de trauma. Segundo ela, o processo ajuda a lidar com as informações, os medos e as lembranças do período em que ficou internada e que voltam de vez em quando.
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– Não senti a intubação, mas os segundos antes de ser intubada, enquanto ainda estava consciente, eu jamais vou esquecer na minha vida. Por isso, a gente precisa tratar o pós-trauma para não ficarmos voltando ao passado – explica.
Enquanto não retoma completamente a rotina, a cantora alia a recuperação com vídeos e publicações nas redes sociais contando sobre a experiência e os desafios do pós-covid. Como não tem condições de voltar ao trabalho, ela também abriu um canal para contribuições financeiras espontâneas pelas redes sociais para quem quiser ajudá-la.
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