O jovem Caio Felipe Ramos, de 15 anos, começou a lutar desde o momento em que nasceu, após uma complicação na gestação que exigiu uma cesária urgente para salvá-lo. Os anos se passaram e ele continua se destacando por ser um lutador, desta vez com o kimono do jiu-jítsu, com o qual conquistou no mês passado o título de melhor faixa verde do Brasil.

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O joinvilense iniciou no esporte aos oito anos, como uma forma de amenizar a hiperatividade. As aulas eram realizadas em um projeto social desenvolvido na Escola Padre Valente Simioni, no Iririú, na zona Leste da cidade. Guiado pelo instrutor Marciano dos Santos, ele se mostrou um atleta habilidoso e de grande potencial.

— Eu tratava ele com remédios para hiperatividade e déficit de atenção quando o coloquei no jiu-jítsu. Acabou dando super certo. Consegui aos poucos tirar os remédios, hoje ele tem 45 medalhas e é o melhor faixa verde do Brasil — orgulha-se a mãe Juliana Ramos.

Ela conta que ainda chora quando pensa por tudo que o filho passou, desde a cesária urgente, os vários problemas no parto até a recuperação e o sucesso como lutador de jiu-jítsu. O maior sonho é ver o filho continuar no mesmo ritmo de treinos e competições, conquistando tudo aquilo que ele deseja como lutador.

Carga intensa de treinamentos

Caio tem uma rotina pesada para um adolescente de 15 anos. Estuda no período da tarde e tem uma carga intensa de treinamentos durante a noite. De segunda a sexta-feira, está na academia do instrutor para treinar das 19 às 20 horas. Na sequência, faz academia por uma hora antes de retomar os treinamentos até às 22h30 ao lado de lutadores de faixas marrom e preta.

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Toda essa preparação visa deixá-lo pronto e em alto nível para todas as competições que surgem durante o ano. Ele já participou de campeonatos estaduais, brasileiros e até mundiais. A conquista mais recente foi a de melhor faixa verde do país em uma competição que reuniu 12 lutadores em São Paulo.

O título credenciou o joinvilense a lutar contra o australiano Kyle Mayocchi para se tornar o melhor faixa verde do mundo, no próximo dia 17, no Rio de Janeiro. Para Caio, todas as conquistas até agora já o deixam muito feliz, mas ainda há vários outros objetivos que o motivam a continuar lutando.

— Eu quero ser professor de jiu-jítsu, ser competidor e bater todos os recordes mundiais como faixa preta — garante.

No final deste ano, ele vai fazer a troca de faixa para azul. A expectativa é se tornar faixa preta em jiu-jítsu aos 21 anos.

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Financiamento coletivo para realizar sonho

Para conseguir viajar até o Rio de Janeiro com a equipe e disputar o título de melhor faixa verde do mundo, Caio criou um financiamento coletivo na internet. As doações podem ser feitas a partir de R$ 10, por meio do cartão de crédito e no boleto – elas também podem ser parceladas.

O objetivo é arrecadar R$ 4 mil para gastos com as passagens aéreas, transporte, hospedagem e alimentação do lutador, do pai, do mestre e do instrutor, que também acompanharão o garoto na viagem.

Enquanto tenta arrecadar o dinheiro, o garoto continua se preparando para a luta. O instrutor Marciano dos Santos conta que está analisando os vídeos de luta do australiano para orientá-lo como pode encaixar o jogo no estilo do adversário.

— O Mayocchi é um pouco mais e mais pesado do que o Caio, então a gente tem que trabalhar em cima disso para ele conseguir alguma brecha e ganhar do menino — explica.

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Caso vença o australiano, o joinvilense ganha o título e passa a defendê-lo contra outros lutadores que o desafiem no futuro. Além disso, ganha uma viagem para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Talento que impressiona

Segundo o instrutor, Caio tem grandes chances de chegar longe no jiu-jítsu. Marciano diz que costuma levar o aluno para treinar com outros lutadores em diferentes academias e ele sempre impressiona pelo talento diferenciado a dedicação.

— Ele tem 15 anos e já treina de igual para igual com os graduados adultos. Quando ele chegar na fase adulta tem tudo para estar entre os melhores do mundo — aposta.

Até agora, o adolescente acumula 45 medalhas, já foi primeiro colocado 35 vezes, segundo colocado em nove oportunidades e uma vez terceiro colocado. Além disso, também tem três cinturões conquistados na carreira.

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