Em novembro de 2012, o fotógrafo Alceu Bett estreou na direção de um audiovisual com “As Mortes de Lucana”, que trazia os atores Robson Benta e Paula Pinto como protagonistas de um romance cheio de poesia e simbolismos passado em São Francisco do Sul e Joinville, onde Bett vive e trabalha. Além de levá-lo a festivais de filmes de arte no Brasil e na Europa, o curta-metragem lhe deu experiência e segurança para continuar atrás das câmeras e, consequentemente, chegar ao segundo filme.

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“O Aquário de Antígona” – que tem pré-estreia hoje, no Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis – avança em termos de grandiosidade de produção e ousadia visual, ainda que mantenha o clima onírico do curta anterior. As 12 locações, os 80 figurantes e a equipe de mais de 20 pessoas acabaram superando em duas vezes o valor arrecadado no Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec), exigindo a finalização com recursos da produtora e de apoiadores.

Rodado novamente em Joinville e em São Chico, além de Nova Veneza e Curitiba, “O Aquário de Antígona” ressalta o silêncio e os cenários naturais para mostrar o ator ilhéu Severo Cruz na pele de um homem já no final da vida, divagando – e lentamente enlouquecendo – sobre os conflitos do mundo moderno e do ser humano. Confira a entrevista com o diretor Alceu Bett.

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Em “O Aquário de Antígona”, você contou com uma equipe maior de trabalho…

Nossa equipe de técnicos ultrapassou 20 pessoas, o que é bastante para uma produção de curta metragem. Isso foi necessário devido à complexidade da produção, além da pesquisa de figurinos, das locações em locais tombados pelo patrimônio e do grande elenco. A pesquisa anterior ao roteiro foi vasta para conseguirmos construir esta atmosfera lúdica e quixotesca, entre a poesia, a literatura e o cinema.

Como o novo filme dialoga com “As Mortes de Lucana?”

Comunica a mesma mensagem todo o tempo, um mantra coletivo, e deve ser ajustado pelo maestro (diretor). A comunicação é completa com As Mortes de Lucana, pois trata das mesmas coisas: a experimentação sensitiva da carne e a existência. Nesta avant-premiére, abriremos o evento com a exibição de As Mortes de Lucana para celebrar essa verdade.

O que lhe atrai neste cinema que fala mais com a imagem do que com palavras?

Desenvolvemos e aperfeiçoamos uma forma linguística e estilística, escrita e falada. Existem determinados conceitos que são extremamente difíceis de serem expressos (e entendidos) se não for por meio da escrita ou da fala – e nem pensamos em fazê-los de outra forma, senão o do cinema. Tratamos o conceito a quatro mãos, eu e Fernando Karl, escritor e poeta catarinense. Pode parecer que unamos apenas características usuais; neste caso, minha predisposição com a fotografia e o cinema, e Fernando, com a sua escrita. Mas acontece exatamente o contrário. Imergimos em mundos desconhecidos e tratamos o conjunto como destino.

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O caminho natural do curta é o dos festivais de arte. Não incomoda, às vezes, ficar preso a um circuito (e público) tão restrito?

Neste momento, forma-se um cenário mais agradável para a produção curta-metragista no mundo. O caminho é tratá-la como produtor internacional, com legendagem em francês, inglês, espanhol e japonês, um mercado em ascensão. As Mortes de Lucana esteve em mais de 15 países e teve longa vida no cenário internacional. Ainda não há uma plataforma para comercialização destes produtos. No mercado brasileiro, temos o Porta Curtas e os canais de cultura estatais, que pagam valores simbólicos. Ainda estamos reféns dos fomentos estatais para o setor.