Uma companhia joinvilense que envolvesse bailarinos de diferentes gêneros em um mesmo espetáculo. Esse é um dos sonhos que Felipe Rosa Cardoso, 21 anos, começou a alimentar nos últimos dois anos. Aliás, muita coisa mudou em sua vida neste período que coincide com a conquista do prêmio de melhor bailarino do Festival de Dança de 2011.
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Felipe não tem pretensões de deixar a cidade onde nasceu, mas vem ficando cada vez mais longe do ninho desde que protagonizou “City of the Dance”, o seu primeiro solo no Centreventos Cau Hansen, na 29ª edição, e carimbou a preferência dos jurados e curadores do evento.
Os convites para aulas e workshops foram surgindo e o joinvilense precisou se adequar à nova rotina. Ele trancou o curso de educação física, tornou menos frequentes os ensaios com o Maniacs Crew – grupo de dança do qual ainda participa – e embarcou em um ciclo de viagens para Argentina e Uruguai, países que teve contato com no final do ano passado em uma colônia de férias para turistas estrangeiros em Balneário Camboriú.
Há três meses Felipe não só vivenciou a sala de aula, também fez parada pelos palcos brasileiros. À convite de João Wlamir, ex-curador do Festival de Dança, ele integrou o elenco de “Diskothéke”, espetáculo que une os hits dos anos 1950 ao 1980. No trabalho, Felipe dançou ao lado do Grupo de Dança Dissídio Coletivo, formado por bailarinos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A apresentação ficou em cartaz no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, por duas semanas.
– Foi um período de muito aprendizado. Foi uma rotina intensa de ensaio, quase todos os dias. Tive uma experiência de artista profissional mesmo – conta o bailarino.
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Felipe voltou do Rio cheio de ideias para alavancar a dança na cidade.
– Aqui temos bailarinos muito bons, que acabam indo embora por não encontrar oportunidade. Falta uma companhia joinvilense que fizesse um espetáculo. Tenho até uma ideia de como poderia ser – idealiza.
O bailarino embarcou em junho para a Bolívia, mas volta para a tempo de ensaiar a nova coreografia com a qual retorna à Mostra Competitiva do Festival de Dança. “Maníacos no Pedaço” é o conjunto sênior que a Maniacs Crew traz nas danças urbanas deste ano.
Felipe começou a se interessar pela dança em 2005 e no ano seguinte passou para a prática. Teve o Fúria das Ruas, grupo de danças urbanas de Joinville, como primeira escola.
Quando entrou para o Maniacs Crew, Felipe logo se envolveu com o Festival de Dança. Junto com o grupo preparou “Rocking”, coreografia conjunto que seria a sua estreia no Centreventos Cau Hansen. Em paralelo, ele criou “City of the Dance”, solo que, à princípio, nem seria levado adiante.
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– A Daniela (uma das formadoras do Maniacs) pagou a minha inscrição e não tive como escapar – relata.
Foi com o solo que Felipe garantiu a façanha duplamente inédita: até aquele ano, nenhum joinvilense havia garantido o prêmio de melhor bailarino, muito menos um representante de danças urbanas.