— Pode começar a chamar a família. Ela tem apenas 48 horas de vida.
Essa foi a notícia mais difícil que a família de Eloise da Silva já ouviu nos corredores do hospital. Aos 24 anos, a joinvilense superou o terceiro diagnóstico de câncer. O primeiro foi aos seis meses de idade, quando a família de Eloise recebeu o resultado que apontava para um tumor no cérebro dela. Aos 22 anos, Eloise foi acometida com o câncer de pele mais severo que existe e que, inclusive, pode levar à morte: o melanoma. Logo após se recuperar, cerca de um ano depois, o diagnóstico apontava para um terceiro câncer. Dessa vez, no pulmão. Nenhum deles tinha alguma relação e tampouco eram resultantes de metástase.
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Pode começar a chamar a família. Ela tem apenas 48 horas de vida.
Entre idas e vindas ao hospital, cirurgias e internações, Eloise tirou forças de onde jamais imaginara: sua fiel companheira Monalisa, ou Mona, como é carinhosamente chamada.
— Ela me olhava nos olhos e eu via de forma bem clara e segura o que ela queria me dizer: tu vai sair dessa. Eu tinha certeza que ela me dizia isso – conta Eloise.

As palavras "superação" e "empatia" são as que mais conectam as duas. Antes de Eloise descobrir o melanoma, a parceira de quatro patas também havia recebido um diagnóstico de câncer. A todo o momento, quem esteve com ela para ajudá-la com o tratamento e recuperação foi Eloise. Mona passou por nove sessões de quimioterapia para tratar um Tumor Venéreo Transmissível (TVT).
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O diagnóstico foi feito cerca de 15 dias após a adoção de Mona. Eloise começou a perceber um sangramento e resolveu investigar, já que a cachorrinha já era castrada. Dali em diante a atenção foi redobrada e as idas à clínica veterinária, frequentes; realizadas semanalmente. Passaram-se quase três meses de tratamento e poucos meses de cura da Mona – quando tudo corria bem – Eloise descobriu que, agora, o trajeto rotineiro seria o hospital.
A jovem passou por cirurgias, diversos exames e alguns meses de tratamento até curar o melanoma totalmente. Quando pensou que já havia acabado, uma mancha no pulmão, esclarecida por meio de um raio-x, começou a preocupar novamente, poucos meses depois. Mais uma vez, Eloise teve de passar por três meses de internação na UTI e três procedimentos cirúrgicos. Os dois últimos decorrentes de complicações.

Em uma das situações, Eloise ficou por sete dias em coma induzido. Ela teve uma infecção e os glóbulos brancos estavam quase atingindo o limite de células por microlitro de sangue, o que acarreta em morte. Por não encontrarem o local da infecção, os médicos começaram a alertar à família de que Eloise não teria mais de 48 horas de vida. Coincidentemente, no mesmo dia e hospital, a irmã de Eloise dava à luz à sua sobrinha, Maria Luíza da Rocha, que hoje tem um ano e sete meses.
— Eu considero o dia 29 de março, também aniversário da minha sobrinha, como o meu segundo nascimento — enfatiza.
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Eloise acordou do coma após uma das médicas que estudava o caso conseguir encontrar o local da infecção e o medicamento necessário para combatê-lo.
Mona faz visita surpresa em hospital

Enquanto esteve internada na UTI, por mais que a situação estivesse sendo controlada, Eloise precisava de um impulso diferente para sobreviver.
— Os médicos viram que eu estava um pouco triste e, sem eu saber, deram a ideia para a minha mãe de levar a Mona ao hospital para me ver — relembra.
A equipe preparou toda a surpresa e, quando Mona foi embora, Eloise mal conseguia emitir as palavras, de tão feliz que ficou.
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— O sorriso e o brilho estavam estampados em mim. Eu só consegui perguntar se tinha mais uma chance de a Mona voltar a me ver — detalha.
Dessa vez, a todo o instante foi Mona quem ficou ao lado de Eloise. Foi nesse momento que a jovem percebeu a força que Mona tinha e repassava a ela. A cachorrinha, que de pequena não tem nada, costuma ser agitada e receber as pessoas com abraços enérgicos. No hospital, com uma recepção serena e delicada, Mona deixou claro que percebeu a situação em que Eloise se encontrava; que poderia ajudá-la e que sabia o que sua parceira sentia, já que, há poucos anos, ela havia passado por uma situação tão semelhante.
Hoje, ambas recuperadas, Eloise e Mona dividem o mesmo quarto em casa e não se separam por nada. Mesmo com algumas sequelas de todo o procedimento, Eloise reverteu as últimas 48 horas de suspiro em um sonho de uma vida longa, que tem sido concretizado dia após dia ao lado de sua grande companheira.

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