Dezessete anos após dar adeus à ginástica rítmica, Flávia Dewes relembra no corpo a flexibilidade que agora forma obras de arte durante o treinamento para a Copa Pan-americana de Poledance, uma das duas competições mais importantes do esporte no Brasil. Ela viajará para o Rio de Janeiro para disputar um lugar nas barras da categoria amadora do Arnold Classic Brasil 2015.

Continua depois da publicidade

Entre os dias 20 e 30 de maio, período da competição, a atleta mostrará que é possível reunir beleza, força e flexibilidade, mesmo tendo que enfrentar, aos 34 anos, limitações físicas como uma hérnia de disco. Desde 2012, Flávia, que é funcionária pública, treina no estúdio Artfiness. A professora Sabrina Lermen tinha desaconselhado a aluna a praticar o Poledance logo que ela procurou o esporte com tempero de arte.

A condição para iniciar a prática seria cortar todos as outras atividades de impacto, como o futebol, a corrida e o jazz. Hoje, a atleta pratica poledance duas vezes por semana, faz musculação durante três dias e aula de circo uma vez. O fortalecimento do abdômen conquistados na mudança de práticas esportivas eliminaram as dores na coluna.

– Estou sem problemas depois que comecei o poledance – garante Flávia, sob o olhar cuidadoso da professora.

Continua depois da publicidade

– Ela é um exemplo de que você pode ser uma atleta mesmo tendo limitações físicas – elogia Sabrina.

Ao som da música Elastic Heart, da cantora norte-americana Sia, Flávia mostra com elegância os movimentos da coreografia, que deve ter três minutos. Nesse tempo, ela intercalará movimentos de força, flexibilidade e mistos, que associam essas duas caraterísticas primordiais para uma atleta de poledance.

Dois giros também são obrigatórios, assim como a coreografia artística de solo, que geralmente é parte da transição entre as barras usadas na apresentação. Elas podem ser fixas ou giratórias. Entre as barras fixa e giratória, Flávia explora ao máximo os movimentos de força, como Iron-X, em que o corpo desenha um “X” no ar, travado apenas pelas mãos.

Continua depois da publicidade

A giratória deixa os movimentos de flexibilidade ainda mais leves. É como se Flávia pudesse flutuar em um espacate (movimento ginástico que consiste em abrir as pernas de modo que estas formem um ângulo de 180 graus e fiquem paralelas ao solo) de cabeça para baixo.

Apoio da família é incondicional

Alunas do estúdio ou param ou vêm nos treinos só para assistir a atleta, que tem uma filha igualmente talentosa. A coluna que a mãe evita explorar, a adolescente Julia Schnitzer, que tem metade da idade de Flávia, dobra ao meio. E não é só a moça que segue os movimentos da mãe.

– Meu marido vai em todas as apresentações – diz orgulhosa.

Ele estava presente na apresentação em que foi gravado o vídeo de inscrição para a Copa de Poledance. O apoio da família multiplica as conquistas. Flávia já ficou em oitavo lugar no Campeonato Brasileiro de 2013, em São Paulo.

Continua depois da publicidade

Mas para ser uma atleta que disputa o topo das categorias profissionais, de acordo com a professora Sabrina, a funcionária pública teria que largar o emprego e viver de um esporte que rima com arte.

Confira o vídeo onde Flávia Dewes treina no Poledance