A viagem do empresário Edson Borges, de 59 anos, que ia de Joinville para Curitiba no último dia 22, estava a poucos minutos do fim. Separado por cerca de 500 metros do acesso ao contorno Sul de Curitiba e trafegando a 80 km/h, ele já tinha dado o trajeto por encerrado quando, em meio a chuva forte, viu uma carreta derrapar e obstruir completamente a pista a menos de 300 metros de distância.

Continua depois da publicidade

Edson ainda não sabia, mas nos próximos minutos teria de enfrentar o terror de se ver preso entre toneladas de metal no pior acidente de sua vida, na BR-376.

Quando viu a carreta ocupando toda a largura da pista, conseguiu guiar seu carro para o acostamento e parar. Os problemas, contudo, só estavam começando.

– A visibilidade era mínima por conta da chuva. Eu e meu genro, que estava comigo no carro, ainda tentávamos entender o que tinha acontecido quando o carro foi arremessado em direção à mureta numa pancada extremamente forte.

O motorista de outro caminhão, que seguia poucos metros atrás do empresário, não teve o mesmo reflexo, perdendo o controle e colidindo com o carro do joinvilense. Nesse ponto, a água já entrava pelos vidros quebrados e o pânico já tomava conta dos passageiros.

Continua depois da publicidade

– Resolvi que sairia do carro e pediria ajuda, quando vi outro caminhão descontrolado vindo em minha direção pelo retrovisor. estávamos prensados contra a mureta, e foi então que percebi que seríamos esmagados pela carreta.

Edson se preparou para a pancada, enquanto ouvia o grito agudo dos pneus do caminhão tentando frear na pista molhada. E ela chegou. As mais de 15 toneladas de ferro do caminhão acertaram em cheio o carro do joinvilense. A batida foi tão forte que destruiu não só o carro, mas também a mureta de proteção que os separava da pista auxiliar.

– O caminhão acabou ganhando mais velocidade e perdeu completamente a estabilidade. Estávamos dentro de um carro destruído, e os sons de batidas continuavam lá fora, enquanto o caminhão tombava em cima de nós.

Depois de segundos de pânico, onde o veículo girava sem direção, ele só escutou o som de ferro batendo e vidro se quebrando, até o mundo finalmente parar e Edson perceber que ainda estavam vivos.

Continua depois da publicidade

Com as portas destruídas, ele e o genro se arrastaram para fora do carro pelo para-brisas e, em meio à chuva que não dava tréguas, puderam ver a dimensão do acidente que tinham acabado de presenciar.

– Nessa altura, haviam quatro caminhões e mais um carro envolvidos no engavetamento, e o motorista de uma das carretas estava preso nas ferragens.

Assustados, mas apenas com arranhões leves, os dois começaram o trabalho de socorro aos outros acidentados. Tirando o motorista preso nas ferragens, que aparentava estar bem, parecia que no fim havia sido apenas um grande susto, sem vítimas fatais.

– Foi quando chegamos no outro carro que se envolveu nas colisões. O carro havia sido tão esmagado entre os caminhões que não pude nem identificar o modelo na hora. O motorista já estava morto.

Continua depois da publicidade

Ele sabia que podia estar na mesma situação do motorista morto, e quão perto chegou de nunca mais voltar para casa.

– Assim como eu, muitas pessoas se dirigem semanalmente à capital paranaense e muitas vezes não percebemos o risco que é de dirigir na 376, considerada uma das mais perigosas do Brasil e, de acordo com um jornal italiano, da America do Sul.

Poucos dias depois, um dos piores acidentes da história da 376 estampou a capa dos jornais, onde um caminhão desgovernado desceu batendo e arrastando outros carros e caminhões por mais de dois quilômetros, matando cinco pessoas carbonizadas.

– Está cada vez mais assustador fazer esse percurso, espero que algumas medidas sejam tomadas com urgência para que não tenhamos mais noticias tristes como essa.

Continua depois da publicidade