Se Moacir Moreira fosse considerar, na soma da carreira, todo o período em que se sentiu artista, certamente o número celebrado em livro e exposição a partir desta sexta-feira seria maior. Há 40 anos, Môa, ainda com vinte e poucos anos, assumiu seu papel no mundo das artes, mas desde sempre o manuseio das cores teve preferência diante de qualquer outra atividade.

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O joinvilense já era artista muito antes de decidir deixar os estudos de arquitetura e a promessa de um trabalho formal. Ainda criança, era fascinado pelo desenho e os distribuía aos amigos e primos, desprendimento que leva por toda trajetória.

Apesar de apaixonado por cada um dos trabalhos, fica com poucos, que presenteia a esposa, Aidé. Para a exposição que integra a comemoração no Museu de Arte de Joinville (MAJ) e os registros fotográficos reunidos na publicação, Môa precisou fazer uma verdadeira caça entre colecionadores até que todos os períodos de quatro décadas de produção estivessem contemplados.



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Inspiração nos pássaros

Môa vive em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, mas cultiva os laços com Joinville, onde mantém um ateliê. Sua presença é marcante na história dos movimentos artísticos da cidade. O artista participou dos esforços para a transformação do Casarão Ottokar Doerffel no Museu de Arte de Joinville, produziu intensamente para a Coletiva de Artistas de Joinville em mais de 20 edições e foi em um de seus aniversários que surgiu a saudosa Tertúlia, manifestação independente que acontecia a cada estação do ano no entorno do MAJ e que estimulou a produção local entre 1990 e meados da primeira década de 2000.

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Foi em Joinville também que Môa encontrou a inspiração que o acompanharia ao longo de toda a trajetória: a imagem do pardal em visita à casa da sua família.

– Ele pousou na cumeeira e, ao observá-lo, o impacto foi tão grande! – lembra o artista.

Desenhando o pássaro, Môa simplificou a forma, libertou-se da obsessão pelo detalhe e o trouxe para dentro de praticamente todas as telas que produz.

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– Partindo dos pássaros, ele expressa a busca pela liberdade e se posiciona, com as gaiolas arrebentadas, em favor da anistia, fala de amor e materializa o tempo. Por meio dos pássaros, Môa constrói uma vida pela pintura – escreve a curadora e mestre em Artes Visuais Alena Rizi Marmo Jahn no prefácio do livro Môa 40 anos.

A publicação com textos críticos e imagens foi organizada pelo próprio artista, com projeto gráfico de Marcelo Henrique de Oliveira e parceria com fotógrafos e amigos. A edição é do Instituto Luiz Henrique Schwanke, proponente da iniciativa contemplada pela Lei Rouanet, do Ministério da Cultura (MinC). Parte dos exemplares será distribuído às bibliotecas de escolas públicas e particulares de Joinville, universidades e instituições culturais dos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. A outra parte será comercializada no valor de R$ 80.

A exposição retrospectiva que completa as comemorações reúne as aquarelas sobre papel arroz da década de 1970, o pontilhismo dos anos 1980, os emulsionados do período de 1990 e as revoadas em tunim dos anos 2000.

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O quê: abertura da exposição e lançamento do livro Môa 40 anos

Quando: sexta-feira, às 20 horas. Visitação de terça a sexta-feira, das 9h às 17h; sábados, domingos e feriados, das 12 às 18h. Até dia 7 de dezembro

Onde: Anexo 1 do Museu de Arte de Joinville, na Cidadela Cultural Antarctica (Rua 15 de Novembro, 1.383, Joinville)

Quanto: gratuito. Os exemplares serão vendidos a R$ 80