Quando a paixão transcende a origem, ela se revela nos costumes e no estilo de vida. Assim é com Renato Gaulke, de 59 anos. É em trajes típicos dos germânicos antigos e com o sorriso largo estampado no rosto, ele recebe a equipe de reportagem do AN em uma casa decorada de preto, vermelho e amarelo, as cores do país que ama. Na sala, a caixa de som pendurada um pouco acima dos sofás toca apenas músicas alemãs. É assim o tempo todo.

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— Aqui em casa não ouvimos nada além disso — comenta.

Nas paredes, o violão e as gaitas de estimação trazidas da Alemanha ajudam a decorar o ambiente. Basta ajeitá-las ao corpo que Renato não hesita em tocar canções típicas animadas, todas em alemão. Em cima da mesa, o caderno de partituras na mesma língua salienta o gosto pela cultura e pelo idioma.

Assim como os sete irmãos nascidos na região do Rio Bonito, zona rural de Pirabeiraba, em Joinville, quando começou a falar, Renato aprendeu a se comunicar apenas em alemão. O contato com a língua portuguesa só iniciou quando chegou a hora de ir para a escola.

A vontade de manter a pronúncia clara da fala, no entanto, nunca se perdeu. Por isso, Renato costumava frequentar locais que viabilizavam esse contato com o idioma alemão. Entre eles, estavam as rodas de conversas entre amigos de infância que viveram a mesma trajetória do ensino do idioma na infância e a falta de prática na vida adulta. A partir desses encontros surgiu outra vontade: por que não unir o grupo com a possibilidade de também cantar em alemão?

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Renato sempre frequentou locais que viabilizavam esse contato com o idioma alemão
Renato sempre frequentou locais que viabilizavam esse contato com o idioma alemão (Foto: Salmo Duarte, A Notícia)

Em 2018, o maestro Rafael Daniel Huc — que também rege o coro da Sociedade Lírica — realizou os testes e deu início ao novo coral chamado Komm Singen, que significa "Venha Cantar". Para Rafael, esta é uma ótima forma de garantir a manutenção do idioma.

— Eu costumo dizer que cantar em alemão é mais fácil do que falar. A língua alemã é musical nas terminações de frases. Há uma entonação diferente da pronúncia portuguesa. Na melodia, acaba sendo mais fácil o canto, mesmo que você não entenda as palavras, porque há pronúncias e fonemas que se repetem — explica ele, que, apesar de bem mais jovem, também teve o alemão como primeiro idioma.

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