O futebol jogado pode não ter sido exatamente um espetáculo, mas foi um jogo de muito equilíbrio e disputas fortes a cada bola. Teve cerveja no estádio – uma das novidades do futebol catarinense este ano. Teve rivalidade sadia, provocação nos palpites na hora da entrada. Teve disputa de batuque e gritos de torcida. Teve gol de jogador com identificação com o clube. Teve gol de cabeça e de contra-ataque. Tudo como um clássico deve ser.

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Assim foi o clássico blumenauense entre Metropolitano e Blumenau. Os dois clubes se encontraram pela quarta vez na história na tarde deste domingo, depois de 15 anos sem disputar uma partida oficial. A partida fechou o primeiro turno da Série B do Campeonato Catarinense. Quem levou a melhor foi o Metropolitano, que venceu por 3 a 0 e chegou a 13 pontos, chegando ao quinto lugar e aproximando-se da parte de cima da classificação.

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No primeiro tempo, o Blumenau dominou as ações dos 20 minutos iniciais. No entanto, não conseguiu converter a posse de bola e a organização do time em chances de gol. Depois disso, o Metrô tentou equilibrar a partida com toques de bola e infiltrações pelo meio com Ruan, que substituiu Diego Palhinha, desfalque de última hora no Verdão por lesão sofrida.

As chances mais claras de gol surgiram mesmo aos 26 minutos. Primeiro, no lado do Metrô. Igor Silva fez jogada pela esquerda e cruzou para William Paulista, que subiu sozinho, mas cabeceou à esquerda do goleiro Roger Paranhos. O Blumenau respondeu no mesmo minuto. O lateral Paulinho, do Metrô, tentou sair jogando pelo meio e perdeu a bola para o meia Maikinho, que entrou já no primeiro tempo para substituir Maranhão, que era dúvida antes do jogo e saiu depois de sentir a lesão. Maikinho bateu de fora da área e exigiu grande defesa de Igor Koehler para evitar o gol do Blumenau.

Domínio verde começou no segundo tempo

Na segunda etapa, o Metropolitano voltou melhor, com o time mais adiantado e tentando o gol pela esquerda, com descidas de Rodolfo. Curiosamente, o gol saiu em um escanteio pelo lado direito, aos 17 minutos. O zagueiro Élton, o jogador que mais vestiu a camisa do Metropolitano na história do clube, subiu para marcar o segundo gol dele em três jogos.

Foi mesmo na bola parada que o Metropolitano conseguiu vencer pela quarta vez na história e manter o 100% de aproveitamento sobre o rival Blumenau. Aos 38, após contra-ataque que rendeu escanteio, Ari Moura cruzou, Élton ajeitou de cabeça e Igor Silva, na segunda trave, cabeceou para a rede, fazendo 2 a 0.

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O segundo gol desanimou até mesmo a sempre empolgada e participativa torcida do Blumenau desanimar. Aliás, torcedores dos dois clubes foram embora mais cedo do Estádio do Sesi após o segundo gol – um comportamento já quase tradicional de torcedores na cidade, independente de cores. É bem verdade que a charanga do Blumenau seguiu fazendo barulho até o estádio esvaziar.

Em campo, o Tricolor também sentiu o segundo gol e, em novo contra-ataque do Verdão, com três atacantes contra um defensor do Blumenau, Maurílio foi para a rede. O atacante que no ano passado jogou no rival Blumenau saiu do banco de reservas e bateu na saída de Roger Paranhos para sacramentar a vitória do Metrô por 3 a 0.

Se no começo do jogo o torcedor do Blumenau gritava para a torcida do Metrô que “Não é mole não, em Blumenau só o BEC é campeão”, no fim do quarto jogo entre os rivais, quem saiu provocando foi a torcida do Metropolitano. Com o 3 a 0 no placar, a torcida passou a cantar que “o freguês voltou”. Provocações à parte, quem realmente voltou foi uma motivação a mais para o torcedor de futebol blumenauense. O clássico número 5 entre Metrô e Blumenau, as camisas que escrevem a história do futebol da cidade nas últimas quatro décadas, já tem data marcada: 8 de agosto, pela última rodada da primeira fase da Série B do Catarinense. Até lá, expectativa e rivalidade só devem aumentar.

Volta do clássico mexeu com expectativa da torcida

A expectativa para o jogo que colocava os rivais frente a frente pela quarta vez na história, depois de 15 anos do último jogo oficial, era perceptível também na torcida. O Metropolitano era o mandante da partida e, portanto, teve a maior carga de ingressos. O vendedor Elvis Clei Berwald, 39 anos, levou toda a família para assistir à partida: a mãe Evanilde, cunhada, esposa, filhas, e também o filho, que é atleta do time sub-17 do Metropolitano. Segundo ele, ter dois times fortes e em atividade no futebol profissional faz com que os dois consigam disputar espaço e tornarem-se mais fortes.

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– É a volta de um clássico, o clássico do chope! Tem um gosto especial, sim. Existe uma rivalidade, mas a gente se respeita. Tenho amigos que torcem para o Blumenau e esta semana ficamos provocando nos grupos de mensagens, querendo apostar quem ia vencer, mas tudo sempre com muito respeito – pregou o torcedor.

A torcida do Blumenau praticamente lotou o setor destinado à torcida visitante e enfeitou o espaço com faixas tricolores. O professor de Educação Física Rodrigo Garcia é que não perderia esse jogo por nada. Antes de a bola rolar, ele apostava em uma vitória de 2 a 0. Tudo para, segundo ele, ir devolvendo aos poucos a vitória de 6 a 1 do rival em 2013.

– Vamos pagando parcelado, estamos no Brasil – brincou.

Ele acompanhava o Blumenau nos saudosos jogos do velho Deba e, quando o BEC fechou as portas, nunca mais foi ao estádio. Agora, com o Tricolor voltando a ter um time no futebol profissional, voltou a sentir o gosto de ocupar as arquibancadas.

– A rivalidade é um ingrediente importante, veja que hoje as duas equipes não tinham mais chances no primeiro turno, mas o torcedor compareceu somente por ser contra um rival. Isso aos poucos vai mostrando que a cidade gosta sim de futebol. É bom para os dois times. Quem sabe em breve podemos ter esse clássico não na segunda, mas sim na primeira divisão do Estado – ressaltou.

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Ficha técnica

Metropolitano 3

Igor; Paulinho, Douglas Silva, Élton e Rodolfo; Godri, Zé Victor, Ari Moura, Ruan (Maurílio) e Igor Silva (Rafael Schmitz); William Paulista (Wayni).

Técnico: Marcelo Mabília

Blumenau 0

Roger Paranhos; Ruan, Alex, Fernando Prado e Ramón; Bruno Senna, Thor, Maranhão (Maikinho), Miller e Lucas Vaz (Rossetti); Juninho.

Técnico: Viton

Local: Estádio do Sesi, em Blumenau

Arbitragem: Bráulio da Silva Machado, auxiliado por José Roberto Larroyd e Maira Americano Labes

Público: 1.703

Renda: R$ 24.845

Cartões amarelos: Élton e Igor Silva (M); Bruno Senna, Miller e Juninho (B)

Cartão vermelho: Paulinho (M)

Gols: Élton, aos 17 minutos do segundo tempo, Igor Silva, aos 38 e Maurílio, aos 41 do segundo tempo (M)