Um grupo de torcedores se reuniu num bar do Centro de Florianópolis para assistir a estreia da Seleção Brasileira de futebol feminino neste domingo (09). Eles participavam da campanha nacional "Jogue Como Uma Garota", organizado pelo coletivo feminino “Peita”. Além da Capital, foram realizados eventos em parceria com estabelecimentos de 20 cidades brasileiras para as transmissões das partidas. Esta é a primeira vez que o jogo da seleção foi exibido em rede aberta de televisão. O Brasil venceu por 3×0 o time da Jamaica.

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A dona do espaço, Juliana Zaniboni (34), comenta que se sente emociona ao ver o bar cheio de mulheres torcendo umas pelas outras. Destaca também que é fundamental esse envolvimento da população para o crescimento da modalidade feminina.

Entre os torcedores, um grupo de jogadoras devidamente uniformizadas podia ser visto. Com a camiseta do time “Liga da Justiça”, o grupo de advogadas e amantes de Futebol de São José vibrava com cada lance do jogo, mas encontrar um local para isso foi difícil.

— Nós queríamos reunir o time todo, as 30 jogadoras, mas acabamos não conseguindo porque ligávamos para os locais que normalmente transmitem esportes e alguns nem sabiam que a partida ia acontecer, ainda bem que houve essa iniciativa aqui. — comenta Kelly de Andrade (42), advogada e integrante do time

As colegas de time comentam que ainda é preciso evoluir muito em como a sociedade enxerga a prática de futebol por mulheres. Herta de souza (39), uma das jogadoras, comenta que a reação de surpresa é muito comum ao conhecê-la e descobrir sua profissão.

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— Eu passo a semana de salto alto no fórum e no sábado troco pela chuteira. Quando as pessoas me conhecem no trabalho e depois vêem minhas redes sociais com os jogos do time, às vezes escuto comentários de que é um esporte masculino. Ouço em alguns casos até questionamentos: por que esse esporte? respondo que jogar futebol me faz muito feliz — afirma Herta.

A torcida era unânime na motivação de acordar em um domingo de manhã para acompanhar o jogo, os relatos trazem a esperança de que essa copa traga mais que um título e sim uma nova forma de se encarar o futebol feminino.

— Eu gosto de futebol, acompanho desde a minha infância, sou torcedora do cruzeiro. Sempre assisto às partidas da Copa do Mundo, mas essa é especial. Ver e torcer por elas é muito importante para que venham também novas gerações que vejam o crescimento do esporte. — comenta Luana Neves (32), designer de produto

A instrutora de Taekwondo, Sônia Cabral (29) , também partilha o sentimento e ressalta que entende bem os grandes desafios de ser um mulher e atleta. Ela comenta que não costuma acompanhar o futebol masculino, mas estava lá por que queria apoiar o time.

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— Espero que quando elas – as jogadoras, verem que estamos aqui no Brasil torcendo e vibrando com elas isso de certa forma também traga mais força à elas – afirma Sônia.

O próximo jogo da seleção está marcado para quinta-feira (13), às 16h, contra a Austrália. A expectativa é que nesta partida o Brasil deve ter sua principal estrela, Marta, que não atuou neste domingo, pois se recupera de lesão.