Era aproximadamente 6h30 e o proprietário de uma chácara de Garuva havia acabado de levantar. João* estava colocando as lentes quando foi surpreendido por três homens armados invadindo o quarto. Um deles se dirigiu a ele apontando uma arma em sua cabeça. Antes disso, os suspeitos haviam entrado na propriedade e rendido dois funcionários da chácara. Eles obrigaram os funcionários a os levarem até João.

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— Eles falavam aos funcionários que não queriam nada com eles, e sim comigo — conta em entrevista à NSC TV.

Os três suspeitos mandaram João se deitar e amarraram os dois funcionários. Diversas vezes, eles insistiam perguntando pelo dinheiro da venda de um caminhão, diziam que estavam ali só para isso e que, assim que conseguissem, iriam embora. Mas João respondia dizendo que não tinha vendido caminhão e o dinheiro que possuía estava em sua carteira, mas que os homens podiam levar. O único caminhão que João possuía estava estacionado próximo à casa, e, se eles quisessem, segundo o dono, também podiam levar.

— Nesse momento eu já estava amordaçado e deitado no chão — lembra ele.

Os suspeitos insistiam e, revirando a casa, segundo João, diziam que, caso achassem ou não o dinheiro, eles o matariam de qualquer forma.

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— E aí começou toda aquela pressão psicológica. Jogaram gasolina nas minhas costas e diziam que iam atear fogo; esquentaram o ferro de passar roupas, me mostravam e diziam que iam me queimar — diz.

Suspeitos fizeram "roleta russa"

Além disso, com o revólver apontado em direção à cabeça de João, os suspeitos fizeram a chamada "roleta russa", que é quando giram o tambor de munições do revólver e acionam o gatilho. Caso o tambor pare em um dos compartimentos com munições, a arma dispara e acerta a vítima. Caso não tenha munições no compartimento específico, a arma apenas faz um barulho.

— Ele (o suspeito) disse que tinha duas balas no revólver. Ele apertou o gatilho, mas apenas fez o estalo porque não tinha bala naquele compartimento do tambor — detalha João. — E aí ele disse: "você levou sorte, vou fazer de novo. Vamos ver se você leva sorte mais uma vez".

Um dos suspeitos encontrou uma carteira da marinha e questionou a João do que se tratava.

— Eu só disse que não era nada, que eu havia comprado, mas não tinha valor nenhum — completa.

Nesse momento, os homens começaram a levar os pertences de João para o carro da vítima. Foram notebooks, televisão, oito relógios, uma coleção de facas, três acordeões, case de câmeras além das câmeras e lentes fotográficas. A ação durou cerca de uma hora. Os homens reviraram a casa, jogaram roupas no chão e levantaram os colchões.

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— Foi uma ação bem violenta e que não desejo a ninguém, porque não é fácil — destaca.

Funcionários também foram ameaçados

Os funcionários de João também nunca haviam passado por uma situação parecida. Os suspeitos levaram o carro da vítima com os pertences e o abandonaram a menos de um quilômetro da fazenda.

— Eles quebraram o vidro do carro que está na delegacia para perícia — conta.

Além deles, a filha de um dos funcionários estava em outra casa que fica na fazenda, mas ela não ouviu o assalto. Os suspeitos, porém, durante a ação fizeram ameaças ao pai dela dizendo que a matariam. João e os funcionários foram quem acionaram a polícia assim que os homens saíram do local.

— E fica aí o prejuízo. O maior deles é o psicológico — considera João.

A Polícia Civil de Garuva investiga o caso e, até o momento desta publicação, nenhum dos suspeitos havia sido preso.

*Nome fictício para preservar a identidade da vítima.

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