A senha para segurar Luisito Suárez, um atacante de R$ 100 milhões, é dizer que trabalho no maior jornal da cidade do volante Lucas, ex-Grêmio, seu colega de Liverpool, no interior da Inglaterra.

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Ele segura o pique e diz:

– Lucas? Ele está muito bem.

Sorri e vai adiante. Responde sobre o Brasil, adversário da próxima quarta-feira, em Minas Gerias, pela semifinal da Copa das Confederações.

– Não vamos jogar como no primeiro tempo contra a Espanha. É certo. Fomos mal. Enfrentar o Brasil é sempre um grande desafio. A Seleção Brasileira vem de três vitórias consecutivas, cresceu na competição, mas nossa equipe é muito qualificada, tem jogadores experientes e é capaz de disputar uma partida contra qualquer adversário em qualquer lugar.

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Ele segue a caminhada pela zona mista, onde todos os jogadores precisam cruzar com os jornalistas credenciados, crachá da Fifa pendurado no pescoço, mas protegidos por uma grade até a cintura. Ninguém cruza a linha.

Forlán é o seguinte na linha das entrevistas. Chega com uma camisa da Celeste na mão esquerda. É atacado por um jornalista italiano. Responde no idioma do país onde defendeu a Inter de Milão.

Quando reinicia seu percurso até o ônibus da delegação, reconhecido pelos logos da Fifa e de alguns patrocinadores, é seguro por um jornalista britânico. Usa o inglês dos seus tempos de Manchester United. Quando pergunto, ele adota o português, depois de uma sequência de frases em espanhol na conversa com repórteres do seu país. Ele me diz:

– É um jogo diferente, um clássico, tem toda uma história. Enfrentar o Brasil, ainda mais na sua casa, é uma tarefa sempre muito difícil. Mas o Uruguai gosta de encarar grandes seleções.

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Todos evitam citar a palavra “Maracanazo”, inventada quando o Uruguai venceu o Brasil na final da Copa do Mundo de 1950, no Rio de Janeiro.

– É uma coisa de torcida, dos mais antigos – desconversa o atacante colorado.

Perto dele passa o reserva Abel Hernández, autor de quatro gols contra o pobre Taiti. Ele parecia feliz da vida:

– Enfrentar Neymar? Neymar é fenomenal, um craque.

Como o assunto era Neymar, questiono Walter Gargano, 1m69cm, baixo, que quase não reconheço:

– Deixo que o mister (técnico) escolha a melhor maneira de marcar o Neymar. Mas os brasileiros também precisam preocupar-se com os nossos jogadores.

O técnico Oscár Tabárez, que ofereceu uma coletiva na sala de conferências, disse que o fator casa não incomoda o Uruguai. Jogar no Mineirão não é problema:

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– Torcida não joga. São 11 contra 11.

Tabárez gostou da atuação dos reservas, que golearam sem dó o Taiti e disse que o descanso fará bem aos titulares:

– A ideia foi interromper a grande sequência de partida que o Uruguai teve. Agora estamos nivelados (no aspecto físico) e em boas condições para a decisão de quarta-feira.