Avaí e Figueirense, avaianos e alvinegros tinham uma missão a mais neste domingo, no clássico 409 na Ressacada. Era o momento de mostrar que a respeito pelo adversário e pelo futebol era maior que a rivalidade ou violência entre os dois clubes. Embalados pelas campanhas Unidos pela Paz e Paz no Futebol, torcedores e jogadores venceram esse desafio.
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A chuva que caiu sobre Florianópolis desde sábado esfriou o ânimo do torcedor de comparecer no Estádio da Ressacada neste domingo. Com um movimento menor do que esperado para o clássico 409 entre Avaí e Figueirense, a presença da Polícia Militar, com cavalos e Batalhão de Operações Especiais ficou mais evidente e deu maior sensação de segurança. Enquanto os pingos molhavam casacos e faziam a alegria dos vendedores de capas de chuva, torcedores chegavam em clima de paz ao estádio.
Ao redor da Ressacada
O avaiano Lucionei Ferreira veio ao estádio com o escudo do Avaí e do Figueirense pintados no rosto, na testa a mensagem: unidos pela paz. Filho e irmão de alvinegros, Ferreira gostaria de torcida mista e defende a rivalidade entre os clubes.
– Rivalidade saudável é sempre boa. Um time puxa o outro dois crescem. A vida é cheia de opostos e é preciso respeito e saber valorizar o outro lado também – disse Ferreira.
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Este é Lucionei Ferreira, #avaiano, com pais e irmão #alvinegros. Exemplo de #unidospelapaz Foto:Erich Casagrande pic.twitter.com/alcFgGOm0s
– DC Esportes (@esportesdc) 14 junho 2015
Do lado de fora das arquibancadas um grande grupo de amigos o bairro Vargem Pequena se divertia antes da partida. Doze avaianos e alvinegros vieram juntos em quatro carros à Ressacada e davam risadas um do outro. Um deles era famoso por desligar a luz do amigo rival quando ganhava o clássico, outro se trancava no quarto emburrado quando perdia e um terceiro prometeu parar de fumar após uma vitória – a promessa durou apenas uma semana.
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– Mas torcida mista não sei de daria certo, a gente grita muito. Melhor assim, cada um na sua durante o jogo – disse o alvinegro Michel Laurindo.
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Mas o casal de namorados Camilla Domingo Póvoas e Wagner Pereira de Carvalho lamentou não poder estar juntos na arquibancada. Ela vestida com a camisa alvinegra e ele com as cores do Leão. O casal rival ficou junto até a hora de entrar no estádio, para então se separar por duas horas.
Casal Camilla e Wagner ficam juntos até a hora do jogo. Eles queriam #torcidamista mas estão #unidospelapaz. pic.twitter.com/5xj6PfU9Nt
– DC Esportes (@esportesdc) 14 junho 2015
Figueirense entra em campo sem camiseta da campanha
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Algumas ações para incentivar a paz nos estádio haviam sido combinadas entre clubes, Federação Catarinense de Futebol e Ministério Público para a hora do início da partida. Mas a faixa da campanha Paz no Futebol – promovida pela FCF – não estava presente. E sim outra sobre o combate ao trabalho infantil.
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Mas a grande diferença em relação ao combinado na semana anterior foi que apenas o Avaí vestiu a camiseta branca com os dizeres da campanha, enquanto o Figueirense entrou em campo com a camisa de jogo. Depois do jogo, o presidente alvinegro, Wilfredo Brillinger, concedeu uma entrevista coletiva para explicar a atitude.
Os xarás Marquinhos apertam as mãos. Todos os atletas se cumprimentaram antes do jogo. #unidospelapaz #clássico409 pic.twitter.com/5VlC07kdF1
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– DC Esportes (@esportesdc) 14 junho 2015
Durante o Hino Nacional, a torcida organizada alvinegra cantou ofensas a Marquinhos, capitão do Avaí e foi vaiada pelos avaianos. Em campo, capitães e xarás se cumprimentaram e bateram fotos com a arbitragem. Tudo pronto para o jogo.
Enquanto nas arquibancadas os torcedores faziam uma bonita festa – claro que com as tradicionais provocações ao rival, em campo os jogadores mostraram competitividade e respeito. A grande diferença ficou por conta da postura do treinador Argel Fucks. Sempre enérgico, acostumado a reclamar e berrar à beira do gramado, o treinador alvinegro estava mais contido. Em certo lance pediu para o seu atacante Clayton parasse de reclamar e deixasse o Avaí cobrar uma falta.
Yago, depois de dar um carrinho mais forte na lateral esquerda, pediu desculpas ao jogador avaiano, e Marquinhos Santos reclamava pouco conversava mais. Nem por isso a partida não teve lances mais fortes, alguns punidos pelo árbitro com cartões.
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Nos gols, os jogadores não titubearam e correram em direção à torcida para vibrar o melhor do futebol. Marquinhos pelo Figueirense e Anderson Lopes pelo Avai fizeram a alegria de quem aguentou chuva e frio.
Ao final da partida, alguns jogadores trocaram camisetas, mas não os dois capitães. Os xarás Marquinhos, de Avaí e Figueirense deixaram o gramado com as cores de seus respectivos times, descumprindo o combinado antes do clássico. Apesar da paz, rivalidade e reclamações devem continuar.