Bastou o Instituto do Meio Ambiente (IMA) atestar a balneabilidade na água da Beira-Mar Norte para os primeiros ousados desafiarem seis décadas de histórico negativo de um dos pontos mais nobres de Florianópolis. O prefeito Gean Loureiro contou, em entrevista ao Notícia na Manhã desta quarta-feira (11), que praticantes de beach tênis, após o jogo, aproveitaram o calor para se refrescar na baía.
Continua depois da publicidade
Apesar dos quatro testes positivos dos cinco últimos realizados, a recomendação oficial ainda é de cautela. A Casan, concessionária do serviço em Florianópolis e responsável pela estão de tratamento de esgoto, disse que os resultados ainda são preliminares e não devem ser comemorados. Apenas confirmam que o sistema adotado está adequado.
O IMA, que fez o teste mais recente na segunda-feria (9) e o divulgou na terça (10), ainda não instalou placa indicando que a placa de "própria" e recomenda a consulta periódica em seu site. As coletas na Beira-Mar estão sendo feitas semanalmente, o que nas praias só acontece na temporada de verão.
Gean Loureiro também é prudente e anunciou serviços complementares no sistema de tratamento da água:
— Vamos ampliar duas bombas em cada canal de drenagem e fortalecer motores no locar de maior alimentação do sistema. O odor já não é mais ruim como antigamente, a cor da água já melhorou.
Continua depois da publicidade
O investimento é de cerca de de R$ 18 milhões, feitos pela empesa estatal, mas que é contratada (e paga) pela prefeitura da Capital como concessionária de água e esgoto. O colunista Ânderson Silva revelou que o estudo de segunda-feira apontou índice de 300 coliformes fecais, quando o limite mínimo é de 800.
— Resultados comparáveis às prais balneáveis do Estado — destacou o prefeito.
Mais do que uma suposta — e precipitada — possibilidade imediatada de banho — , Gean considera a recuperação de uma referência na cidade.
Os próximos passos são o aumento da faixa de areia e a implantação de uma marina, esse último um investimento privado.
O projeto
A Unidade Complementar de Recuperação Ambiental (URA) na Beira-Mar Norte foi inaugurada em março, um ano depois do começo da obra. O projeto começou depois de técnicos da Casan detectarem que a poluição gerada na área central da Capital atinge uma faixa de 200 metros da orela da Beia-Mar. Ou seja no meio da baía já não há contaminação. Um teste realizado pela NSC TV conformou o estudo.
Continua depois da publicidade
A primeira etapa foi a implantação de 3,6 quilômetros de tubulação que direciona a água contaminada para a URA. A rede foi instalada desde o Grupo de Salvamento do Corpo de Bombeiros até a Ponta do Coral. Nesse trecho existem 22 canais de drenagem e, de acordo com a Casan, 15 deles estavam contaminados com esgoto jogado na rede pluvial de forma clandestina. Essa água ia direto para a Baía.
A segunda fase consistiu na instalação de caixas de concreto que armazenam a água coletada nesses canais de drenagem. Já nas saídas de drenagem em que havia esgoto foram colocadas 31 válvulas, que desviam a água para que ela seja tratada. A terceira etapa foi a ativação do transporte da água dessas caixas até a URA.
Em dezembro de 2018, a URA foi ligada e até então funcionava com um quinto da capacidade. Na época, o ex-presidente da Casan, Walter Gallina, chegou a prever tomar banho de mar em dois meses, o que não se conformou.
O sistema tem capacidade para tratar 150 litros de água contaminada por segundo, 13 milhões de litros por dia. A URA funciona durante 24 horas.
Continua depois da publicidade
A ampliação de estação trata esgoto clandestino, misturado à drenagem da água da chuva, pois essa região já dispõe de tratamento de esgoto. Questionados se valia o investimento para resolver uma situação de origem irregular, Casan e prefeitura anunciaram o reforço da fiscalização da por meio de programas como o "Se Liga na Rede".