Depois de sobreviver ao acidente que matou seu pai, quatro anos antes, o jogador do time sub-13 do Grêmio Josué Drewanz foi enterrado ao lado do túmulo do caminhoneiro Daniel Drewanz, em Paraíso do Sul, na Região Central.
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Também vítima do trânsito, o atacante de 13 anos morreu sexta-feira, nove dias após ser atropelado na Avenida da Azenha, em Porto Alegre, quando seguia com dois amigos para assistir a um jogo do time do coração.
O sepultamento ocorreu no final da tarde de sábado no Cemitério São João, na localidade de Mangueirinha, onde o menino morava com a mãe antes de se mudar para Porto Alegre, em 1º de abril. Segundo a tia Vania da Silva, o ingresso na escolinha do Grêmio era comemorado pela família como a oportunidade de concretizar um desejo do pai. Apaixonado por futebol, o caminhoneiro jogava em times do Interior e fazia de tudo para incentivar a carreira do único filho, até o desfecho trágico em outubro de 2009, quando bateu seu caminhão em um barranco, na RS-122, em Flores da Cunha, na Serra. O menino e a mãe também estavam no veículo, mas escaparam.
– Como o pai morreu, a mãe dizia que queria realizar o sonho do pai, por isso largou tudo aqui pra acompanhar o Josué em Porto Alegre. Ele estava muito feliz. Foi um sonho interrompido – contou a agricultora Vania, irmã da mãe, Vanusa.
Mãe fazia faxinas na Capital
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para acompanhar o garoto
O menino começou treinando no time Avenida, na cidade vizinha de Agudo, por volta dos 10 anos, até ser convidado para fazer um teste no Grêmio. Entusiasmada com a aprovação, a mãe abandonou o trabalho como plantadora de fumo e passou a fazer faxinas na Capital para dar apoio a Josué. Os dois passaram a morar em um apartamento alugado pelo clube no bairro Azenha, na rua que dava acesso ao Olímpico. Pela manhã, Josué estudava na 7ª série da Escola Estadual Duque de Caxias e, à tarde, treinava no clube.
Foi perto de casa, por volta das 19h30min de 9 de outubro, que o menino foi atropelado. Atingido na cabeça, ficou internado na UTI pediátrica do HPS. A tia diz que o dono do automóvel prestou socorro e entrou em contato com a família, mas diz desconhecer detalhes porque a mãe de Josué “está muito abalada”, e os familiares preferiram não fazer tantas perguntas. Em mais uma coincidência trágica, o pai do menino também morreu no mês de outubro.
Segundo o delegado Cristiano Reschke, da Delegacia de Homicídios de Trânsito, as circunstâncias do atropelamento serão investigadas. Pela rede social Instagram, o meia Matheus Biteco lamentou a morte do garoto. Em nota, o Inter se solidarizou com o caso, afirmando que “reforça suas condolências aos familiares, amigos e ao clube pelo ocorrido”. O diretor de futebol do Grêmio, Marcos Chitolina, disse que a perda chocou a todos e que o clube dará amparo à família.