Nunca seremos suficientemente gratos pela sua dedicação. Sensei Maruyama é a expressão do altruísmo. Fez da sua vida um devotamento ao caminho da harmonia ao qual se consagra com devoção e sacerdócio. Ninguém no Brasil foi tão longe quanto ele no percurso que abraçou, é sétimo dan de aikido, o grau mais elevado a que se pode almejar pelos méritos técnicos, a porta estreita para acessar desse ponto adiante é a paciência para difundir os fundamentos e instruir os que chegaram depois nessa jornada. Tendo superado seus primeiros mestres, o pioneirismo cobra-lhe o tributo da solitude, e seu percurso segue estribado nos princípios do fundador, O-Sensei Morihei Ueshiba, e na meditação que lhe amaina as hesitações e fortalece o ânimo. Fez do seu corpo o livro ilustrado para aprendizes, instrui demonstrando com a máxima paciência e reforça os ensinamentos usando a fala como quem compõe um haiku, com música nas palavras. Sua prática é o paradigma ao qual se aferra o zelo dos discípulos.
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Aos 72 anos, estampa um rosto plácido, no qual um sorriso de boas-vindas se sobrepõe à expressão severa que lhe amarra os traços quando sobe o tom nas admoestações. Há nele uma supremacia do comedimento, quando se queda ou em movimento; em suas frases e nos silêncios, seu gestual se forja no aço da escassez. Porta-se estritamente na exata medida necessária e proclama o avesso dos versos de Blake: para ele, o caminho da inópia é que leva ao palácio da sabedoria. Versa a antiga temperança samurai de comer menos que a fome, despertar mesmo com sono, descansar aquém da fadiga. Tem por estandarte refugar o conforto e fazer o que é necessário, mesmo que lhe desagrade.
No último fim de semana, sensei Maruyama passou três dias no Instituto Tachibana, em Joinville e Jaraguá do Sul, num intenso convívio e prática filosófica. Diferentemente do que possa parecer, aikido não é uma luta, mas a marcialidade aplicada para a paz e a concórdia. Literalmente, é a disposição para a harmonia.
Gentileza, generosidade e humildade são alguns dos ingredientes essenciais para trilhar esse caminho. E a paciência, essa virtude tão escassa em nossos dias, é a que mais se deve praticar, com os outros e consigo próprio.
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