Eis que se pronunciam algumas boas notícias, enquanto o disco furado de Leonard Cohen faz a mesma música voltar ao início muitas vezes antes do fim. Sobre a mesa, o novo livro de Patrícia Claudine Hoffmann, que recebe os últimos retoques antes de ir para a gráfica. A volta da sua poesia em livro é a grande notícia literária em nosso horizonte. Sábado tem o 4º Encontro Catarinense de Escritores em Joinville, organizado pela Associação das Letras. O evento e a entidade crescem em progressão geométrica. Depois de participar ativamente da criação de ambos, saí por aí, mas é sempre bom ver que frutificam.

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Ainda na escrita, no mesmo sábado, tem o retorno do escritor paulista, que se fez ilhéu e hoje é recifense, Zé Alfredo Abrão. Vai estar no Capitão Space com seu livro Cronomáticas, uma obra que é pura música e paisagem. E por ser assim, é um poema em prosa, que se lê em voz alta para os fonemas fugirem da lógica e, refugidos em si, formarem um quilombo nos ouvidos. Também motivo de alegria é a obra cada vez mais densa de Pedro Holderbaum, que esteve reunida na Giuseppe. São temas, texturas e contextos que se somam pelo empenho da mão que sova a massa de suas inquietudes. Ali está a sobrepostura de seu andar peregrino, os muitos encontros e despedidas, numa busca sem fim.

Enquanto a música de Cohen convida para dançar incessantemente, fico ensaiando passos com esse ritmo silencioso que me assalta a cada esquina dos poemas de Patrícia Claudine Hoffmann. O café esfria na xícara, pois um poema que se treslê exige demoras. Não há uma porta que se abra para fazer sentido. Um poema exige rituais para abrir sua inefável carnação. Transborda sentidos, como se fosse a polpa generosa de um pêssego maduro, e seus sabores se desmancham nos dentes íntimos do convívio. A poesia é uma substância que está em você. Percebê-la se parece com um jogo de espelho: tanto reflete quanto nos estranha. “Esse Matadouro Imperfeito” de Patrícia Claudine Hoffmann, com ilustrações do bardo Fernando Karl, nos ensina que o poema não é palavra presa com alfinete na frase, para que o decifremos até seu étimo ósseo. E novembro não há de findar sem que se desencave, enfim, Ossama, o mais esperado livro de poemas de Dennis Radünz. Novembremos, pois!

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