O cinema independente se antecipou a Hollywood com Jobs, o primeiro filme biográfico sobre o cofundador da Apple, Steve Jobs, interpretado por Ashton Kutcher, enquanto a Sony desenvolve outro longa-metragem sobre o inventor falecido em 2011. Exibido no encerramento do Festival de Sundance em janeiro, o longa chega aos cinemas americanos em 16 de agosto – e, no Brasil, no dia 6 de setembro -, precedido pelo frenesi midiático que acompanha tudo relacionado a Apple ou a seu lendário cofundador.

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O filme, que gerou reações tímidas em Sundance, narra 20 anos da vida de Steve Jobs, desde a criação da Apple em uma garagem da Califórnia até seu retorno triunfal à empresa em 1996, quando retomou o comando da companhia. Dirigido por Joshua Michael Stern e escrito por Matt Whiteley, Jobs parece mais inclinado a glorificar o visionário inventor do iPod do que a explorar os aspectos mais polêmicos do personagem, apesar de dedicar algumas cenas a seu caráter difícil, sua brusca ruptura com a namorada grávida e a recusa inicial de reconhecer a filha.

Assista ao trailer:

Na feira Macworld/iWorld de São Francisco em janeiro, Ashton Kutcher admitiu que ficou intimidado com o papel.

– Interpretar alguém sobre quem todo mundo tem uma opinião ou uma crítica a fazer é muito, muito aterrorizante -, disse.

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O ator de 35 anos, que se define como um “geek” e investe em “start-ups” tecnológicas, assistiu centenas de horas de vídeos de Steve Jobs para aprender sua maneira de caminhar e dicção. Kutcher chegou ao extremo de adotar a estrita dieta de Steve Jobs, “comendo e bebendo apenas frutas e suco de cenoura por um mês”. O resultado foi uma dor insuportável de estômago que o deixou internado por dois dias antes do início das filmagens.

O filme e o tema provocaram muitas críticas, incluindo do cofundador da Apple Steve Wozniak – interpretado por Josh Gad em Jobs -, que manifestou publicamente suas reservas.

Outro filme, outra versão

O criador dos primeiros computadores da marca, Apple I e Apple II, digeriu mal uma cena em que Steve Jobs descreve o extraordinário potencial dos sistemas operacionais que acabara de inventar.

– Na cena, Steve me dá uma aula sobre o potencial dos computadores, mas na realidade foi exatamente o contrário -, disse Wozniak ao jornal Los Angeles Times.

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– Steve nunca criou um grande equipamento. Naquela época, sofria um fracasso atrás do outro. Era incrivelmente visionário, mas não tinha a capacidade de levar para a prática o que imaginava. Ficaria surpreso se o filme retratasse a realidade -, afirmou.

Ashton Kutcher respondeu às críticas em uma entrevista ao Hollywood Reporter, na qual afirmou que Wozniak queria que sua contribuição para a Apple fosse representada igualmente a de Steve Jobs.

– Mas, claramente, o filme se chama Jobs. É sobre Steve Jobs, sobre a herança deixada por Steve Jobs, então penso que deve concentrar-se mais na contribuição de Jobs para a Apple.

Kutcher também disse que Wozniak colabora com a Sony em outra cinebiografia de Steve Jobs, baseada na biografia oficial escrita por Walter Isaacson e publicada pouco depois da morte do guru da Apple.

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– Wozniak está sendo pago por outro estúdio para ajudar a defender seu próprio filme sobre Steve Jobs. Assim, sua opinião estará de algum modo conectada a este fato -, disse Kutcher.

O segundo projeto ainda está na fase do roteiro, a cargo de Aaron Sorkin, que venceu o Oscar pelo roteiro adaptado de A Rede Social, sobre a criação do Facebook. O roteirista já revelou que construirá o filme em três fases de 30 minutos, nas quais descreverá Jobs com os lançamentos de três produtos importantes da marca. O filme da Sony ainda não tem diretor nem protagonista definidos.