Desiderium, que nasceu de uma pesquisa do mestrado em Artes na Unicamp, tem quatro partes. A primeira é uma série de 30 peças em prata, bronze e cobre que evocam a joalheria antiga e étnica. Utilizando o formato desses objetos como moldes, Rosana Mariotto gerou o segundo conjunto de obras em grafite sobre a parede. Em um terceiro momento, a partir da observação, desenhou 24 peças. Por fim, sob nova perspectiva, foram produzidas 12 gravuras em metal, usando como matriz a chapa de cobre.
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A ligação entre artesã e artista fica evidente nas obras. Se por um lado os adornos em metal têm função prática, criadas a partir da fundição e forja, desenhos e gravuras exploram a sensibilidade em torno desses objetos, reforçando a ideia do belo como função em si.
Especificamente sobre as joias, é possível pensar uma relação entre utilidade e simbolismo, que remonta à Idade do Cobre, há 10 mil anos. A partir desse período, os metais foram sendo descobertos e incorporados ao cotidiano, tanto para a produção de utensílios, como para a decoração. Ao serem usados em adornos, a raridade do metal evoca significados – de masculino e feminino, por exemplo – e as formas revelam novas representações.
Segundo a artista, as peças trabalham a questão do sexo feminino e seu significado. A ideia inicial foi fundamentada em amuletos de fertilidade – que em si mesma é o desiderium, o desejo de ter algo que não se tem. Porém, outras reflexões surgiram e encorparam o projeto, como as dicotomias entre presença e falta, vida e morte, corpo e alma.
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Análise de Fernando Boppré
>> Rosana trabalha uma questão mais da antropologia, de uma pesquisa em torno de objetos sociais e culturais. A partir do seu encontro com o objeto, ela mesma tenta refazê-lo.
>> É uma espécie de coleção de símbolos de feminilidade, que perpassam várias culturas.
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